Por Ricardo Setti
Está nos jornais e na web:
o presidente do Banco do Brasil - nada menos do que o Banco do Brasil -,
Aledemir Bendine, pagou uma salgada multa de 122 mil reais à Receita Federal em
2012 para se livrar de questionamento dos auditores sobre duas questões:
1. A evolução de seu
patrimônio que apareceu na declaração do Imposto de Renda de 2010, que os auditores
entenderam não poder ser justificada pelos rendimentos então recebidos;
2. A compra, em 2010, de um
apartamento no interior do Estado de São Paulo no valor de 150 mil reais, pagos
em dinheiro vivo. Para justificar a compra, o presidente do BB informou ter
guardado em casa, na ocasião, 200 mil reais em dinheiro.
Como bem lembrou reportagem
que justifica a manchete de hoje do jornal Folha
de S. Paulo, que levantou o caso já em 2010, não é crime comprar
imóveis com dinheiro vivo, e nem guardar dinheiro em casa. "Mas essas práticas
são consideradas pelo Fisco como sinais de sonegação de tributo", afirma o
texto da reportagem, "e por isso despertam a curiosidade dos auditores".
Desperta também das CPIs e
da Justiça: quem não se lembra das declarações cara-de-pau de mensaleiros
julgados pelo Supremo Tribunal sobre dinheiro debaixo do colchão para
justificar o que não tinha justificativa?
Aldemir Bendine, que
preside o BB desde 2009, acabou preferindo pagar a salgada multa de 122 mil
reais, quase o valor do tal apartamento, do que discutir com a Receita a origem
dos recursos, após o órgão autuá-lo por não estar convencido das explicações. O
presidente do BB não quer falar sobre o tema, informando apenas que cometeu um "erro no preenchimento da declaração".
Em diferentes anos, em
outras declarações de IR, Bendine afirmou guardar dinheiro em casa - somas que
variam entre 50 mil e 200 mil reais.
Pode até ser, o benefício
da dúvida é direito que assiste a qualquer cidadão em uma democracia.
Mas, santo Deus, um
BANQUEIRO deixar dinheiro debaixo do colchão, sem investir? E logo o presidente
do maior banco da América Latina?
Parece piada pronta - é o
mínimo que posso dizer.
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