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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"Carta aberta de Dilma Rousseff aos evangélicos"



Primeiramente, bom dia a todos vocês!
Mas não sei quando vocês vão ler a minha carta. Então é um bom dia, mas também pode ser uma boa tarde. E, é claro, a gente sabe que pode ser também uma boa noite. Uma dessas coisas.
E vocês recebam meu carinho em qualquer época do dia em que estiverem.
É um orgulho falar com vocês. Porque, é assim, vocês são gente. Nossa gente. E é aquilo. Tem que gostar. Político gosta ou não vai gostar nunca. E eu gosto. Do que? De gente.
E tem essa coisa bonita de vocês. A gente olha vocês e fica vendo e admirando…
É uma coisa bonita. Vocês orando e lendo a Bíblia, né, que é o livro que Jesus escreveu antes de morrer e deixou na Ilha de Patmos, para a mãe dele traduzir, a Nossa Senhora. Que é a deusa dos católicos.
Vocês acham que ela não é a mãe de Jesus e eu respeito isso, porque sou muito cristã.
E isso que estou fazendo nesse momento é uma coisa que, vocês entendam, é muito simbólica. O que? Eu escrever uma carta pra vocês. Tem essa coisa aí da simbologia. Que é a carta. Muito simbolismo, nisso.
Porque isso quer dizer uma coisa. Porque a gente, com esse gesto, está fazendo uma coisa que é buscar, agora, nesse momento, demonstrar, do nosso jeito, essa vontade, de se aproximar, de vocês que são o que? A sociedade das pessoas cristãs, que se dizem evangélicas.
Porque temos um carinho com os crentes. Chamo de crentes porque tenho essa intimidade, essa coisa de empatia, porque vocês sabem, isso é uma coisa, eu rezo muito quando entro no avião. E dou presentes ao menino Jesus no fim do ano quando pulo no mar, as ondas.
Sou a presidenta de todo mundo. Mas, pessoalmente, no meu particular, que é meu e não tem essa participação presidenta, do governo, tenho que dizer, que sou muito cristã. A presidenta é neutra, de todo mundo, reza, se benze e recebe espírito. Mas a Dilma é cristã.
Muita gente faz essa controvérsia, mas amo muito a Bíblia.
No que se refere a essa coisa da Bíblia, gosto muito do Sermão de Moisés, o profeta que fala da vinda de Jesus e que deu tudo para os pobres. E fico emocionada quando Martinho Lutero aparece pra matar os soldados e Jesus começa a escrever na areia: "Para com isso". 
Falo isso porque quero mostrar que o pastor, e por que não dizer a pastora?, nós, do governo, temos que valorizar. E também tenho que dizer que a sociedade precisa parar com essa coisa, que eu acho deselegante, eu não aprovo, como Dilma, a pessoa, que sou eu, não aprovo, que é falar mal de evangélico.
Eu até me pareço muito com Jesus Cristo. Porque sempre sou traída por alguém. O Bonner me traiu, vocês viram.
O Bonner é jornalista e deveria saber que, enquanto presidenta, não posso comentar casos de corrupção do meu governo. E nem posso falar mal do meu partido. Só do partido dos outros.
Ele me lembra Judas, que traiu Jesus no Jardim do Éden. E por falar em traidor…
O Malafaia fala muito mal de mim. Não sei donde ele tira os dados.
Eu respeito, claro. A gente tem que ter essa postura. Porque hoje o mundo está globalizado na democracia e o Brasil está dentro desse mundo. Vocês não pensem que o Brasil está fora, não!
A gente fica na América e os jesuítas vieram aqui. Os índios existiam. Os jesuítas, não. Daí que começou essa coisa bonita, que veio lá atrás, e a gente conquistou, que foi a democracia.
E o Malafaia tem liberdade de falar. Mas é claro, a gente precisa explicar.
Gente, tem a Polícia Federal, a Receita Federal, e quem manda sou eu. Federal, sou eu. É a federação. É o PT.
Ponho a PF na cola do Romeu Tuma e a Receita atrás do Malafaia. É constitucional, essa coisa.
Porque é da democracia. Não é minha culpa. Veio isso lá, do mundo novo, com os jesuítas, por isso se Malafaia fala mal de mim, tem essa coisa natural, que é isso, eu investigo. É democrático. É da vida.
Eu respeito  a Constituição quando trata da questão do aborto. Isso não é uma questão subjetiva. Mas tem que ser objetiva? Não sei.
Eu não vou tomar nenhuma posição que me coloque em confronto, conflito, ou aceitando ou não essas acusações de alguns pastores. Mas tenho minha posição, enquanto Dilma. Sou contra o aborto, como Dilma, no meu particular.
Então, essa posição. Eu tenho. Porque é triste, quando eu penso. O aborto é uma morte que tira a vida.
Aqui eu fico…assim, eu fico olhando, por quê? Primeiro, porque eu vejo as coisas. E eu gosto de ver. E vejo. De longe, olho muito. E eu adoro criança. Fico feliz.
E as crianças são alegres. Porque vocês sabem, toda foto com criança, tem um sujeito oculto. Que é um cachorro. E eu fico emocionada. Porque sou cristã, né, vocês sabem.
E jamais acharia bonito o aborto. Isso é uma coisa terrível. Ficaria apenas o cachorro, na foto.
Daí muita gente me acusa: "Dilma, você botou a ministra". "O que tem?", eu pergunto. Daí vocês me dizem: "Ela é abortista". Mas ela está aposentada dessa coisa, gente, faz tempo, que aposentou, dessa vida de cometer abortos. E hoje é uma senhora linda e cristã.
Eu sempre serei contra o aborto. Porque a morte acaba com a vida. Eu aprendi isso naquela passagem de Jesus, quando ele diz: "Pai, afasta de mim as crianças. Deixa elas brincar".
É o início e o fim do homem porque não existe, fisicamente, a família. Nem tem como ver. Não tem um país, fisicamente. Nem tem um Brasil, que dá pra você pegar com a mão.
O que existe são as pessoas. E eu gosto de gente. Porque sou cristã. Eu aprendi isso lendo meu livro preferido da Bíblia, as Cartas de Chico Xavier.
O bebê é, eu diria, muito mais, acredito, do que seria se apenas fosse somente aquilo que é, um bebê. Então veja, o bebê é, além de ser vivo, uma pessoa, é um símbolo.
E quero o apoio de vocês para continuar defendendo os valores cristãos, essa coisa bonita que o Macedo construiu lá, que é muito simbólico, porque lembra Jesus falando com os mercadores: "Entrem, mercadores do templo, sejam felizes, a casa do meu Pai está a venda".
Então, me despeço, agora, nesse espírito de união, com o apoio de vocês, porque todo mundo tem no coração essa coisa, das crianças, do cachorro, e da fé. Obrigada!
Um beijo, internautas!
Dilmão*,
Brasília,
21 de agosto de 2014,
* Dilma Roussef é presidenta e chefe da Receita Federal que investiga o Malafaia. 
(Esta é uma carta fictícia.)
Thiago Cortês é jornalista
Publicado no GospelPrime
Fonte: "Mídia Sem Máscara"

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