Por Augusto Nunes
Ambos deslumbrados com os
altos índices de aprovação registrados nas pesquisas de popularidade, o
prefeito Paulo Maluf em 1995 e o presidente Lula em 2007 resolveram mostrar-se
capazes de instalar qualquer nulidade no cargo que ocupavam. Para que
cumprissem sem resmungos a missão de guardar o lugar do chefe, como
registrou um post publicado em julho de 2010, os escolhidos deveriam ser
desprovidos de autonomia de voo e luz própria. Quanto mais medíocre, melhor.
Maluf pinçou no
secretariado municipal um negro economista. Lula pinçou no primeiro escalão
federal uma mulher economista. Ao apresentar o sucessor, o prefeito
repetiu que foi Maluf quem fez São Paulo. Mas quem arranjou o dinheiro foi um
gênio da raça chamado Celso Pitta, secretário de Finanças. Ao apresentar a
sucessora, o presidente reiterou que foi Lula quem pariu o Brasil Maravilha.
Mas quem amamentou o colosso foi uma supergerente chamada Dilma Rousseff,
chefe da Casa Civil e Mãe do PAC.
Obediente ao criador e
guiado pelo marqueteiro Duda Mendonça, Pitta atravessou a campanha driblando
debates e entrevistas, declamando platitudes e louvando o chefe de meia em meia
hora. Como herdara uma cidade mais que perfeita, restou-lhe embelezá-la com
espantos de matar alemão de inveja. Nenhum fez mais sucesso nos programas na TV
do que o Fura-Fila, um veículo leve sobre trilhos instalados em viadutos.
Grávido de orgulho com o desempenho do poste que fabricara, o padrinho ordenou
aos eleitores que nunca mais votassem em Paulo Maluf se o afilhado fracassasse.
Obediente ao criador e
tutelada pelo marqueteiro João Santana, Dilma percorreu o circuito
eleitoral driblando debates e entrevistas, gaguejando frases descartáveis e
bajulando o chefe a cada 15 minutos. Como herdara um país pronto, restou-lhe
acrescentar refinamentos que fariam do País do Carnaval uma Noruega com praia,
samba e futebol. A campanha eleitoral nem começara quando os primeiros apitos
do trem-bala anunciaram a chegada do Fura-Fila de Dilma. Grávido de confiança
no poste que esculpira, o padrinho deixou claro que disputava o terceiro
mandato disfarçado de Dilma, já conhecida nas lonjuras da nação como a "mulher
do Lula".
São Paulo demorou três anos
para descobrir que era governada pelo pior prefeito de todos os tempos.
Descoberta a tapeação, os iludidos escorraçaram Pitta do emprego e Maluf nunca
mais foi eleito para qualquer cargo executivo. Milhões de brasileiros já
constataram que a nação é presidida por uma fraude. Os eleitores que ainda não
enxergaram a vigarice são suficientemente numerosos para que a pior governante
desde o Descobrimento continue a sonhar com um segundo mandato. Mas também
sobram motivos para que a oposição acredite - e a última pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira
deixa ainda mais evidente -
que uma era pode estar chegando ao fim.
"Volta, Lula!" não é uma
palavra de ordem. É um grito de medo. Não é a senha para a ofensiva. É um
pedido de socorro inútil. Se a afilhada naufragar, o padrinho não escapará do
abraço de afogado. Dilma Rousseff é o Celso Pitta de Lula.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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