Por Reinaldo Azevedo
A manchete da VEJA.com não poderia ser mais eloquente: "Dilma apela ao PT
para recompor base na Câmara". Como? A presidente é obrigada a fazer um apelo a
seu próprio partido, que tem nas mãos, sei lá, uns 70% do governo que realmente
conta? Sim, é bom deixar claro: o loteamento existe; a fisiologia existe; o
toma-lá-dá-cá com partidos da base existe, mas quem fica com o filé-mignon é
mesmo o petismo. Ou respondam:
- quem comanda os maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios?;
- quem está na secretaria-executiva de muitas pastas que estão apenas nominalmente nas mãos de outros partidos?;
- quem dá as cartas na economia?;
- quem faz, se quiser fazer, as escolhas estratégicas?
- quem comanda os maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios?;
- quem está na secretaria-executiva de muitas pastas que estão apenas nominalmente nas mãos de outros partidos?;
- quem dá as cartas na economia?;
- quem faz, se quiser fazer, as escolhas estratégicas?
Com
tudo isso, Dilma se vê na contingência de ter de "apelar" ao PT? É evidente que
o partido decidiu medir forças com a racionalidade, disputando a alma da
presidente. Por enquanto, infelizmente, está ganhando. Vejam a pantomima da
Constituinte e do plebiscito, por exemplo. O que foi aquilo? Em sua mais recente resolução, nesta quinta, o Diretório Nacional do PT
está convocando seus militantes a ir para as ruas, a engrossar os protestos, a
aderir a um dia de greve gral ou sei lá o quê. Os petistas, em vez de se
comportar como o partido do poder, o partido da ordem, decidiram disputar o
espaço das ruas, como se lá se decidissem os rumos da institucionalidade. É uma
sandice, um contrassenso, um absurdo. E a presidente, inexperiente, vamos
convir, em disputa democrática, está entrando nessa. Fazer o quê? Ela tem uma
história intelectual, não é?, que vem de um agrupamento clandestino de
esquerda, que praticava atos terroristas. "Lei" e "ordem", na perspectiva
revolucionária, encarnam necessariamente forças da reação.
O PT
nunca escondeu que o modelo institucional que aí está - democracia
representativa, independência entre os Poderes, liberdade de expressão,
imprensa livre - não é o seu ponto de chegada! Nada disso! Para eles, essas
questões são apenas instrumentos de um ponto ligeiramente além do de partida. É
com eles que pretende chegar ao verdadeiro modelo, que dispensa essas, digamos,
delicadezas burguesas. Daí que frequentemente se depreenda dos textos que
escrevem que estão ainda na fase do "acúmulo de forças".
"Ah,
Reinaldo, isso é só retórica; mera cascata pseudo-revolucionária…" Pode até ser
assim em tempos de paz… Se, no entanto, os ânimos se acirram, como vemos, a
rapidez com que escolhem o caminho da irresponsabilidade é espantosa. Esses
celerados têm a ambição de ser, a um só tempo, o partido da ordem e o partido
da desordem, de modo que esta possa ser usada em favor daquela - que será,
então, uma ordem muito particular: a ordem petista.
Foi
assim que tudo começou. No dia 13 de junho - aquele do confronto entre
manifestantes e a Polícia Militar em São Paulo - os petistas acharam que se
abrira uma janela de oportunidades para levar o governo Alckmin às cordas. E
fizeram a aposta na desordem. O tiro saiu pela culatra, e um país com mais
insatisfações acumuladas do que possa expressar com clareza, foi cair no colo
de Dilma.
Em vez
de apostar no entendimento, a Irmandade Petista prefere acirrar as
contradições.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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