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No Domingo de Páscoa

No Domingo de Páscoa

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"Resenha esportiva"



Por Nelson Motta

Junto com estádios modernos e confortáveis, com lugares marcados, banheiros limpos e gramados impecáveis no "padrão Fifa", veio também um novo padrão de espetáculos de futebol. Agora, paga-se mais caro para receber comandos e estímulos como se fôssemos uma manada de idiotas macaqueando as plateias dos estádios americanos, com luzes coloridas e imagens de show de rock nos telões e DJs bombardeando o público com batucadas digitais e palavras de ordem de show de axé.
Por que não nos deixam assistir em paz à guerra metafórica do futebol no campo? Por que temos que esperar o início do jogo como se estivéssemos num bailão brega e passar o intervalo não como um momento para relaxar um pouco e comentar o jogo, mas envolvidos por luzes e lasers ofuscantes e com os ouvidos estourando com o bate-estaca nas caixas de som? Os estádios são espaços de liberdade e diversidade, de cada torcedor e das torcidas, não precisam de animadores. O que eles querem, organizar a paixão?
No Maracanãzinho, na Liga Mundial de Vôlei, quando o time do Brasil ia sacar apareciam duas mãozinhas nos telões batendo palminha e pedindo para gritar a palavra "ace" (ponto direto no saque). Nem as crianças obedecem, os adultos se sentem infantilizados, os torcedores de verdade preferem gritar e vaiar o saque dos adversários. Nos pedidos de tempo técnico, momentos de alta tensão, o dj tenta transformar o ginásio num baile funk.
Há dois domingos, no estádio mais caro da Copa, o mais suspeito de roubalheiras na sua construção, não por acaso em Brasília, dezenas de convidados dos donos da casa feita com dinheiro público, não contentes com a boca-livre nas cadeiras e camarotes, desceram para o gramado - que custou mais de 5 milhões de reais e com dois meses de uso já está todo remendado e amarelado - como se estivessem na pista do Sambódromo com um crachá da Liesa. Se fosse em Wembley seriam presos.
Como uma metáfora brasiliense, eles acham que a mureta que separa o público do campo, no padrão Fifa, só serve para conter a ralé que paga ingresso. É nessas horas que mais se lamenta a proibição da caxirola.
 Nelson Motta é jornalista.
 Fonte: "O Globo"

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