O
Vaticano se distancia da tentativa do governo petista de propor uma aliança
para o combate à pobreza, enquanto nos bastidores a Santa Sé insiste que não
quer ser usada politicamente no Brasil pelo governo, principalmente em um
momento delicado, de manifestações pelas ruas e preparação para as eleições de
2014.
Na
segunda-feira, 23, a presidente Dilma Rousseff não perdeu a chance de, no
primeiro discurso ao lado do papa Francisco, descrever a política social do
governo e formular uma proposta de se aliar ao Vaticano para desenvolver uma
política internacional baseada no combate à pobreza. O papa tem cobrado
governantes e até mesmo a Igreja para que adotem um discurso e atitudes
concretas para ajudar os mais pobres.
A
Santa Sé confirmou que, além do discurso, Dilma levantou essa questão com o
papa no encontro que mantiveram. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi,
garantiu ao Estado que o pontífice "apreciou" o tom do discurso e que
existem "pontos de sintonia". Mas ele insistiu que não há nada
concreto quanto a uma aliança e que, no momento, a Santa Sé não tem a intenção
de assinar acordos nessa direção. "Não existe compromisso nesse
sentido."
Lombardi
explicou que não se trata de um desacordo com a linha adotada pelo Brasil. Mas,
ao Estado, pessoas próximas ao papa garantiram que o argentino e o Vaticano
sabem do momento vivido pelo Brasil e da necessidade de Dilma de colar sua
imagem à popularidade de Francisco.
O
distanciamento do Vaticano não significa, segundo seus auxiliares, que o papa
não reconheça que tem um papel político importante. "O papa quer ter esse
papel. Mas ele defende uma ação política com P maiúsculo, e não a política
partidária", explicou um auxiliar.
Dilma
fez de tudo para politizar a viagem do papa ao Brasil. Ela enviou uma carta ao
argentino pedindo que ele a transformasse em uma "visita de Estado" e
fosse a Brasília. Mas Francisco rejeitou o convite.
Fonte: "O Estado de S.
Paulo"
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