Por Augusto Nunes
Para abrigar alguns
badulaques e quinquilharias que lembram a passagem do patriarca pela
Presidência da República, a Famiglia que há 50 anos suga, sangra e sufoca o
Maranhão decidiu criar a Fundação José Sarney. Para que a entidade se
instalasse num endereço à altura do poderio do clã, o mais ilustre maranhense
expropriou o Convento das Mercês. Foi assim que uma relíquia da arquitetura
colonial virou sede do bando chefiado pelo pai-da-pátria a quem os comparsas se
referem pela alcunha famosa: Madre Superiora.
A descoberta do acervo de
maracutaias que reduziram um convento a cabaré secou a cachoeira de donativos
suspeitíssimos e verbas federais irregulares que sustentavam a Fundação (e
engordavam as contas bancárias dosnovos proprietários, começando pelo senador
do PMDB promovido por Lula a Homem Incomum). Em vez de correr atrás do
prejuízo, o pai da governadora ordenou que a conta fosse repassada aos
moradores da capitania hereditária. E Roseana Sarney incorporou ao patrimônio
público a instituição privada em apuros.
Não é pouca coisa. Mas não
é tudo, avisou neste domingo a espantosa reportagem da Folha de S. Paulo sobre como andam as
coisas no antigo convento. Numa sala fechada à visitação pública, o jornalista
Reynaldo Turollo Jr. encontrou cerca de 30 quadros que mostram integrantes da
Famiglia Sarney, agregados e políticos aliados com trajes e adereços religiosos.
Parece mentira? Veja a galeria publicada pela Folha. E leia as informações que acompanham cada pintura.
José Sarney, por exemplo,
contempla a eternidade fantasiado de cônego. Sua mulher, Marli, capricha na
pose de freira. Edison Lobão, alojado por Madre Superiora no Ministério de
Minas e Energia, não sabe direito se é frade ou monge. Roseana, Zequinha e
Fernando também aparecem paramentados para a missa negra. Todos têm o olhar
confiante de quem garantiu a aprovação no Dia do Juízo Final com a compra de indulgências
plenárias no mercado paralelo.
O Brasil sabe há muito
tempo o que essa turma faz para transformar o Maranhão num inferno sobre a
terra. Acaba de saber que os pecadores sem remorso resolveram debochar do Reino
dos Céus. Não temem a Justiça divina porque nunca temeram a Justiça dos homens.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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