Por Maya Felix
As recentes
manifestações que ocorreram no Brasil mostram a insatisfação do povo em relação
a quase tudo, e, se não a quase tudo, ao mais importante em uma nação: Saúde,
Educação, Segurança, Economia. Em 2002, o povo elegeu Lula presidente pela
primeira vez. Em 2006, ele foi reeleito. Em 2010, foi o cabo eleitoral de sua
pupila, Dilma Roussef, que também foi eleita.
Após 11
anos no poder, os brasileiros constataram que as promessas feitas não foram
cumpridas. O mais importante, o assunto principal das campanhas políticas, o
grande apelo eleitoral de nove entre dez políticos havia ficado para trás. Em
seu lugar, havia uma enxurrada de programas assistencialistas que, de recurso paliativo,
tornaram-se políticas permanentes e populistas de um governo outrora ético,
honesto, sincero. Muitos se perguntam como puderam ter sido tão ingênuos, tendo
votado no PT ao menos uma vez, para a Presidência da República.
A pergunta
a ser feita, de fato, é: será, mesmo, que o PT sempre foi ético e transparente
e, uma vez tendo ocupado o poder federal, havia deixado de sê-lo? A solução
para que o PT recupere sua popularidade é "voltar" ao que foi um dia?
Particularmente, penso que a maioria das pessoas que votou no PT de fato buscou
no partido atributos como ética, lisura, honestidade, transparência. Mas não
creio que as cabeças coroadas do partido tenham sido anteriormente pessoas
honestíssimas que, de repente, tornaram-se tudo o que combateram uma vida
inteira. E acredito também que alguns dos que votaram no PT sempre puderam
enxergar que o partido não era uma tábua de salvação, mas uma canoa furada que
aos poucos se tornou o Titanic e hoje ameaça naufragar não só a si mesmo, mas o
Brasil inteiro.
Não é de
hoje que escândalos envolvendo o PT vêm à tona. Parte da mídia é que nunca quis
investigar o que ocorria. Os assassinatos de Celso Daniel e Toninho do PT
deveriam ter sido sinais amarelos para quem tivesse o mínimo de discernimento.
Mas não foram. O programa do PT, que sempre defendeu o aborto como um "direito
histórico das mulheres", deveria ter sido um sinal de alerta. Mas não foi. Os
ícones do PT, Che Guevara, Mao Tsé-Tung, Stálin, Fidel etc., líderes de
ditaduras que promoveram massacres semelhantes (ou piores) ao que Hitler fez na
Alemanha, deveriam ter provocado no mínimo estranhamento naqueles que
acreditavam que o partido lutava pela democracia e pela paz mundial. Mas não
provocaram!
Entre os
evangélicos, há pastores que sempre foram aliados do PT, como Caio Fábio e Ed
René Kivitz. Há os de ocasião que, com o forte lobby entre os evangélicos na
campanha eleitoral de 2002, aliaram-se ao partido naquele momento - é o caso de
Silas Malafaia. É difícil encontrar, entre os líderes evangélicos, quem tenha
se oposto a Lula depois de 2000 ou a Dilma Roussef. No entanto, ela se declarou
favorável ao aborto, entre outros fatos nada animadores de sua biografia. O PLC
122, que criminaliza a opinião contrária à prática homossexual - inclusive a
opinião religiosa - foi obra de parlamentares do PT. Apesar de todos os sinais,
líderes de igrejas consideradas conservadoras, como as Assembleias de Deus,
apoiaram o PT e ainda apoiam. Políticos eleitos com votos de eleitorado
evangélico mantêm firme seu apoio à "presidenta", ganhando em troca cargos e
benesses governamentais. Marcelo Crivella, representante da Igreja Universal do
reino de Deus, é hoje ministro.
Antes da
explosão de manifestações que levaram cerca de um milhão de pessoas às ruas
contra o Governo Federal e os estaduais, cerca de 150 mil evangélicos se
reuniram no dia 05 de junho em frente ao Congresso Nacional para declarar sua
insatisfação com o Governo Federal e sua oposição ao aborto, ao PLC 122, ao Kit
gay, à corrupção monstruosa que toma conta da política nacional e a tantas
outras mazelas escancaradas em nosso país. No dia 06 de junho, aconteceu a
primeira da série de manifestações que tomaram conta do país e fizeram a
popularidade de Dilma Roussef despencar, comprometendo sua reeleição e mudando
o panorama eleitoral para 2014.
Para
muitos, caiu a máscara do PT. Caiu para a maioria dos evangélicos, já há alguns
meses, ante as possibilidades cada vez mais reais de legalização do aborto e de
censura à divulgação de valores cristãos, e caiu para o povo brasileiro,
desiludido com a violência causadora de 50 mil homicídios por ano, com o estado
lastimável de hospitais públicos e com a volta da inflação - o dragão que
julgávamos ter sido enterrado com FHC.
Neste
momento, Lula e o PT iniciam o discurso de "volta aos valores reais do PT". O
que muitos, como eu, podem se perguntar é se esses valores já existiram algum
dia. O que parece é que os tais valores foram, durante um longo período, uma
maquiagem muito bem feita. Tão bem feita que fez com que confundíssemos o
desejo legítimo por democracia, liberdade, justiça social e melhoria de
qualidade de vida com a prática e os ideais espúrios da esquerda.
Fonte: União de Blogueiros Evangélicos
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