Por Reinaldo Azevedo
Bem, vamos começar pelo
começo. O chefe de cozinha Alex Atala é mais influente do que a chefe de estado
Dilma Rousseff? Segundo a revista americana "Time", sim! - mas aí e preciso
entender os critérios com as quais a publicação opera. O outro brasileiro na
lista dos
100 mais é o ministro do Supremo Joaquim
Barbosa.
Em 2012, os brasucas mais "influentes" eram três: além de
Dilma, estavam lá Graça Foster, presidente da Petrobras, e Eike Bastista, líder
do grupo EBX. Pois é. A estatal, viu-se, tinha pés de barro, uma das heranças
malditas do lulismo. No primeiro trimestre deste ano, amargou um déficit
comercial de US$ 7,3 bilhões. Eike despencou na lista dos bilionários. Em um
ano, foi de US$ 30 bilhões para US$ 19 bilhões. Rol dos mais ricos do mundo é
frescura que a poucos se consente. O problema é que suas empresas não estão
entregando o que prometeram. Graça e Eike, assim, foram expulsos da lista da
Time. Mas Dilma também não entrou. Pensando bem, por que entraria?
E então chegamos aos critérios. A Time separa os 100
influentes em quatro categorias: "Titans" (nenhum brasileiro), "Artists" (Alex Atala)
- se fosse "influência" mesmo, sem preconceito, deveria dar Michel Teló (cada um
com os seus gênios, ora essa!!!). "Pioners" (Joaquim Barbosa) e "Icons" (ninguém
de Banânia).
A lista, obviamente, não quer dizer que Atala seja mais
poderoso do que Dilma, mas que ele, na sua respectiva área, é mais influente do
que ela na dela. Isso significa que Atala é mais festejado (ou até repudiado; já
explico) por seus iguais do que Dilma pelos dela. Na culinária, se ele anuncia
uma novidade ou reconhece uma tendência, seus pares prestam atenção ao que ele
diz. Se Dilma faz o mesmo, os dela já não lhe dão mais tanta bola. Se ele
inventa uma espuma nova para acompanhar algum prato, outros chefes de cozinha,
mundo afora, vão querer testá-la. Se Dilma emite um pensamento, os chefes de
estado dão de ombros.
Na lista dos líderes, por exemplo, está um vagabundo como
Kim Jong-un, o anão tarado que governa a Coréia do Norte e que ameaça o mundo
com uma crise nuclear. Alguém o inveja? Alguém o tem como referência? Não, né?
Mas ele, como dizem as minhas filhas, "causa"!!! Hitler já esteve na lista de
"mais influentes" da 'Time'. Quem poderia negar?
E Joaquim Barbosa? É referência no direito internacional?
Não é. Mas se tornou um símbolo da ação contra a impunidade num país acostumado
a desmandos. Na companhia da maioria de seu pares de tribunal (não de todos, é
bom deixar claro!), não se deixou intimidar. Sua presença nessa lista pode
passar a impressão de que o STF está melhor do que de fato está. Tratarei desse
assunto num post da madrugada.
Ah, sim: há gente na 'Time', especialmente entre os
artistas, de que nunca ouvi falar. Não tenho a mais pura ideia de quem
são. Como disse Paulo Francis certa feita, às vezes, não é que me sinta inatual; tenho
é a impressão de já morri. Não pesquisei, mas aposto que há lá uns dois ou três
rappers influenciando o mundo… Fazer o quê? Será que um dia eles ainda
cantarão versos da 'Divina Comédia' com a calça no meio da bunda, cuecão à mostra,
óculos escuros, boné para trás, cheios de ouro nos braços, a segurar os países
baixos numa dança que simula as contrações de borborigmos estertorosos? É
possível, é muito possível…
Antes do Paraíso, Beatriz, há o Inferno e o
Purgatório!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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