A oposição vai exigir do Palácio do Planalto explicações sobre a
sindicância interna que investigou as denúncias envolvendo a ex-chefe de
gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha,
indiciada pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção passiva e
tráfico de influência em todas as instâncias governamentais para obter
benefícios financeiros. A sindicância - aberta por decisão da Casa Civil e
realizada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) - comprovou,
segundo reportagem da revista "Veja" desta semana, que
Rosemary recebia vantagens como ex-assessora de Lula. O documento, segundo a
"Veja", cita tratamento
especial dado a Rosemary durante viagem particular a Roma. Na ocasião, ela
e o marido ficaram hospedados na embaixada brasileira, localizada na Piazza
Navona, num dos mais luxuosos endereços de Roma.
O líder da Mobilização Democrática (MD), deputado Rubens Bueno
(PR) disse, no domingo, 21, que irá pedir à Casa Civil cópia da sindicância, que
corria em caráter sigiloso. Ele acredita ainda que a sindicância seja anexada
ao relatório do inquérito da investigação da PF, que foi remetido à 5ª Vara da
Justiça Federal de São Paulo.
- Acredito que isso é importante para que seja desvendado e
esmiuçado o modus operandi da quadrilha que se instalou no seio do
governo. Não é possível que um relatório sugerindo a abertura de um processo
disciplinar administrativo contra um servidor público seja mantido em segredo
para evitar instabilidade institucional. O que o governo está querendo
esconder? - disse Rubens Bueno.
Segundo a revista, a sindicância apontou irregularidades e mapeou
uma rede de favores e tráfico de influência exercido por Rosemary quando ela
chefiava o escritório da Presidência em São Paulo. A apuração determinada pela
Casa Civil, de acordo com a "Veja", teria rastreado anormalidade na evolução
patrimonial da acusada e recomendado que ela seja investigada por
enriquecimento ilícito.
Rubens Bueno disse que a oposição tentará retomar a pressão para a
abertura de uma CPI sobre as denúncias, lembrando que o governo conseguiu
evitar a abertura quando o caso surgiu. A pressão exercida pelo governo nos
parlamentares da base aliada impediu que a CPI obtivesse o número necessário de
assinaturas (171) para que fosse instalada na Câmara dos Deputados.
O deputado também lamenta o fato de o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, ainda não ter respondido ao requerimento de informações formulado pelo
PPS, em dezembro de 2012, para explicar a denúncia de tráfico de influência na
contratação pelo Banco do Brasil de empreiteira da família de Rosemary.
- A demora só aumenta as suspeitas - disse o líder.
O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), duvida que uma
sindicância do governo federal puna Rosemary. Ele disse que a oposição tem que
redobrar as apostas, principalmente em relação a uma ação por parte do
Ministério Público.
- As sindicâncias do governo sempre ficam sob suspeição - disse
Dias.
Além da CPI, o líder do MD renovará o pedido enviado ao ministro
da Fazenda, Guido Mantega, em dezembro de 2012, para explicar a denúncia de
tráfico de influência na contratação pelo Banco do Brasil de empreiteira da
família de Rosemary.
Por parte do governo e do PT, a preocupação é não reviver o caso
Rosemary no Congresso. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia
(PT-SP), disse que não havia tomado conhecimento da reportagem, discurso
repetido por outros petistas. Amigo de Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP)
também afirmou que não lera a reportagem, mas, informado sobre seu teor,
afirmou que tudo deve ser esclarecido.
O Palácio do Planalto informou que não comentará a reportagem. O
Itamaraty disse que havia "tomado conhecimento da reportagem", mas que ainda
não produzira uma resposta oficial.
Fonte: "O Globo"
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