Por Augusto Nunes
Neste 20
de abril, a reportagem de capa de VEJA comprovou
que, como tem reiterado a coluna desde o desbaratamento da quadrilha
investigada pela Operação Porto Seguro, o silêncio de Lula sobre o caso Rose é
sobretudo uma estridente confissão de culpa. O ex-presidente emudeceu por falta
de álibi. Diferentemente do que ocorreu nas bandalheiras anteriores, o chefe
não pôde terceirizar o escândalo que protagonizou ao lado de Rosemary Noronha.
Foi ele quem instalou a
segunda-dama na chefia do escritório da Presidência reduzido a sucursal de uma
quadrilha (e ordenou à sucessora que a mantivesse no cargo). Foi ele quem
presenteou a delinquente de cama e mesa com a nomeação de comparsas para a
direção de agências reguladoras. Achou que a história acabaria esquecida pelo
grande viveiro de amnésicos. Desta vez não vai conseguir, adverte a coluna há
150 dias. O truque não funcionou, confirma a reportagem de VEJA.
Neste 21
de abril, o Estadão rendeu-se
num editorial à constatação aqui repetida há mais de três
anos: a presidente da República fala dilmês, um estranhíssimo dialeto
indecifrável para gente normal. É feito de frases sem pé nem cabeça, platitudes
de jardim de infância, sujeitos divorciados de predicados, colisões frontais
entre substantivos e adjetivos, pausas bêbadas, infinitivos amputados e outros
espantos que, conjugados, denunciam aos berros o sumiço do raciocínio lógico e
a erradicação de vida inteligente.
Desde
2009, graças a dezenas de textos sempre primorosos de Celso Arnaldo Araújo,
posts do colunista, declarações que transformaram a autora na recordista de
internações no Sanatório Geral e
observações do timaço de comentaristas, quem frequenta este blog contempla o
interminável cortejo de assombros proferidos em dilmês castiço, erudito,
vulgar, arcaico, rústico ou primitivo. Só agora os leitores do Estadão foram
confrontados com a evidência de que Dilma Rousseff não diz coisa com
coisa. Até que enfim. Os editores do jornal, de hoje em diante, estão proibidos
de esconder a indigência mental da presidente com traduções para o português.
A
reportagem de VEJA foi publicada na antevéspera e o editorial na véspera do
aniversário da coluna - que, graças a vocês, completou quatro anos de vida
nesta segunda-feira. Somados, os textos reafirmam que fraudes não duram muito
tempo seos jornalistas independentes cumprirem o dever de desmascará-las.
E demonstram que nada tem de quixotesca a fidelidade da página nascida em 22 de
abril de 2009 aos princípios resumidos no canto superior direito: apressar a
chegada do futuro e lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido.
Entre tantos absurdos paridos pela
Era da Mediocridade, não podem ser esquecidos escândalos como o que envolve o
ex-presidente. E não têm direito a sonhar com um futuro sem sombras nações
incapazes de enxergar a nudez da rainha. O cérebro não é dividido em
compartimentos estanques. Quem não sabe montar uma frase com começo, meio e fim
jamais saberá levar um país ao porto seguro. O Brasil Maravilha celebrado
por Lula é tão real quanto a supergerente que tenta camuflar um poste.
É hora de acabar com tapeações. É
hora de recuperar a sensatez perdida em algum lugar do passado.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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