Chegou ao cúmulo de fazer aprovar na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um revide ao Supremo, que impôs
reveses irrecuperáveis à imagem do PT.
domingo, 28 de abril de 2013
"A mão que embala o mal"
Por
Mary Zaidan
Se o Ministério Público desagrada,
reduza-se o poder do MP. Se o STF causa dissabores, cortem-se as asas do Supremo.
Se a imprensa critica e denuncia,
controle-a. Essa é a lógica que impera no PT, partido que não se satisfaz com a
maioria, nem mesmo acachapante.
Quer tanto a hegemonia plena que
golpeia qualquer um que ouse discordar da ordem unida, cassando a palavra e o
voto.
Que o digam os senadores Jorge Viana
(AC) e Wellington Dias (PI), este último líder do PT, impedidos de discordar do
prazo de vigência para as novas regras ditadas pelo governo para a criação de
novos partidos.
Direta ou indiretamente, a mão e a
mente do PT estão em todos os atos que castram os poderes daqueles que o
perturbam.
Com votos dos mensaleiros José
Genoíno e João Paulo Cunha, ambos do PT-SP, o projeto do deputado Nazareno
Fonteles (PT-PI) retira prerrogativas constitucionais pétreas do STF,
transferindo-as para o Parlamento.
A afronta foi tão assustadora que o
aliado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Casa, antecipou-se em
suspender a tramitação da matéria.
Pôs panos quentes, mas não conseguiu
evitar o acirramento da crise com o STF, que o PT não se cansa de atiçar desde
o julgamento do mensalão.
Na outra ponta, por meio do aliado
Fernando Collor (PTB-AL), o PT tentou intimidar o procurador-geral da República
Roberto Gurgel, inimigo número 1 do partido, com a ameaça de uma CPI.
A ideia não prosperou, mas o partido
estimula o projeto que limita as possibilidades de investigação do MP. Ainda
que o PT tergiverse e diga que nada tem com isso, a PEC de autoria do
ex-delegado Lourival Mendes (PT do B-BA) dificilmente chegaria onde chegou sem
o aval do partido.
Quanto à imprensa, repete sempre que
pode: não vai abandonar o projeto de controle, que, sem pudor algum, chama de
democratização.
O PT tem poder legítimo e
popularidade recorde. Mas parece invejar o conforto totalitário do governo da
Venezuela, nação com democracia de mentirinha, que acaba de receber, assim como
a derrapante Argentina de Cristina Kirchner, mais afagos da presidente Dilma
Rousseff.
Não se chegou ao absurdo da ditadura
bolivariana que quer encarcerar o líder oposicionista e mandou cortar salários
e vozes de parlamentares que não reconhecem a vitória de Nicolás Maduro,
arremedo mal acabado de Hugo Chávez.
Mas o PT está se empenhando em
aproximar-se de tais descalabros. Move-se para sufocar a oposição, anular o
Judiciário e pôr rédeas na imprensa.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos
jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo, em Brasília"
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