Por Felipe Melo
"Todos nós experimentamos
circunstâncias difíceis e frequentemente dolorosas como resultado de nossas
próprias ações, das ações de outras pessoas ou de coisas que estão além do
nosso controle. As principais questões da vida - tais como Eu não sou Cristo nem
filantropo, minha velha, eu sou totalmente o contrário de um Cristo... Eu luto
pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição, e tento
matar o outro homem para que eu não seja pregado numa cruz ou em qualquer outra
coisa." O autor dessas palavras escreveu-as a sua própria mãe em uma carta
datada de 15 de julho de 1956. Seu nome era Ernesto "Che" Guevara. Em outra
oportunidade, esse mesmo homem proferiu a seguinte pérola: "De fato, se o
próprio Cristo ficasse no meu caminho, eu, como Nietzsche, não hesitaria em
esmagá-lo como a um verme."
Che Guevara é tratado ainda hoje como uma espécie
de Cristo revolucionário, que deu sua vida por muitos em nome de um projeto
divino de Paraíso. Nada demais, uma vez que o culto messiânico a líderes
socialistas é uma das características essenciais da mentalidade revolucionária.
Esse apelo messiânico é, aqui na América Latina, uma das grandes armas para
arregimentar idiotas úteis à causa socialista - afinal, a religiosidade cristã
é algo pulsante na cultura e no modus vivendi da população latino-americana.
Como bem sabemos, essa estratégia tem dado muito certo. E, para ilustrar, vamos
utilizar um exemplo emblemático e bastante prático.
A imagem acima foi publicada nas redes sociais
pela Pastoral
da Juventude da Arquidiocese de Fortaleza/CE - uma organização "católica".
Nada mais apropriado para atrair a simpatia das pessoas do que o sentimentalismo
barato: uma criança nos braços, um barbudo sorridente, uma frase "inspiradora",
e pronto, a máquina de agitação e propaganda começa a funcionar. Não há como
não se sentir tocado por essa imagem, por seu apelo sentimental, ainda mais em
se tratando de nós, latinos, tradicionalmente analfabetos em qualquer assunto
importante e nascidos no maior laboratório revolucionário do mundo. Mas não é
um tremendo contra-senso defender um sujeito que era claramente anticristão?
Bom, seria, se as pessoas que o defendem realmente conhecessem alguma coisa
sobre a história recente da América Latina e sobre a Igreja.
O socialismo foi, desde seu surgimento, uma
doutrina profundamente anticristã. Em suas origens, esse sentimento anticristão
era algo muito mais explícito e aberto, facilmente identificável. Um dos
objetivos principais de todas as correntes socialistas foi, desde sempre, a
supressão da religião, notadamente a religião cristã, a quem combatiam
externamente com todas as forças. No entanto, os socialistas notaram que isso
era muito contraproducente, de modo que buscaram outra maneira de destruir a
religião cristã: infiltrando-se nela e corroendo-a desde dentro. A chamada
Teologia da Libertação é o exemplo mais ilustrativo disso: uma conciliação
surreal e herética entre Cristo e Marx.
A Igreja condena o socialismo desde seu
princípio. O papa Leão XIII foi um dos maiores oponentes do marxismo, de que
tratou com particular preocupação nas encíclicas Quod
Apostolici Muneris e Rerum
Novarum. A posição da Igreja acerca do marxismo não mudou: todos os
sucessores do papa Leão XIII não só mantiveram, como reafirmaram o
posicionamento da Igreja:
O papa João XXIII, na carta encíclica Mater et Magistra, por exemplo, relembra o ensinamento da Igreja reafirmando "não se poder admitir de maneira alguma que os católicos adiram nem ao socialismo moderado: quer porque ele foi construído sobre uma concepção da vida fechada no temporal, com o bem-estar como objetivo supremo da sociedade; quer porque fomenta uma organização social da vida comum tendo a produção como fim único, não sem grave prejuízo da liberdade humana; quer ainda porque lhe falta todo o princípio de verdadeira autoridade social."
O papa João XXIII, na carta encíclica Mater et Magistra, por exemplo, relembra o ensinamento da Igreja reafirmando "não se poder admitir de maneira alguma que os católicos adiram nem ao socialismo moderado: quer porque ele foi construído sobre uma concepção da vida fechada no temporal, com o bem-estar como objetivo supremo da sociedade; quer porque fomenta uma organização social da vida comum tendo a produção como fim único, não sem grave prejuízo da liberdade humana; quer ainda porque lhe falta todo o princípio de verdadeira autoridade social."
Na carta apostólica Octogesima
Adveniens, dizia o papa Paulo VI: "Muito freqüentemente, os cristãos
atraídos pelo socialismo têm tendência para o idealizar, em termos muito
genéricos, aliás: desejo de justiça, de solidariedade e de igualdade. Eles
recusam-se a reconhecer as pressões dos movimentos históricos socialistas, que
permanecem condicionados pelas suas ideologias de origem." Ao esmiuçar as
diversas facetas do socialismo, o papa Paulo VI afirma que o marxismo é
"prevalentemente o exercício coletivo de um poder político e econômico, sob a
direção do partido único, que intenta ser, ele somente, expressão e garantia do
bem de todos, subtraindo aos indivíduos e aos outros grupos toda e qualquer
possibilidade de iniciativa e de escolha." Ou seja: uma ideologia totalitária,
pura e simplesmente.
O papa João Paulo II, que tanto trabalhou pelos
jovens do mundo e viveu na pele os horrores do marxismo - seu país, a Polônia,
foi um dos que mais sofreu na Europa sob o jugo comunista -, assim escreve na
carta encíclica Centesimus
Annum: "[...] o erro fundamental do socialismo é de caráter
antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento
e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece
totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo econômico-social,
enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar
prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em
face do bem ou do mal. O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e
desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral, que
constrói, através dessa decisão, o ordenamento social. Desta errada concepção
da pessoa, deriva a distorção do direito, que define o âmbito do exercício da
liberdade, bem como a oposição à propriedade privada."
Seria razoável pensar que tudo não se passa de um mal-entendido, algo que poderia ser facilmente corrigido. Antes fosse. E algumas evidências estão abaixo:
Seria razoável pensar que tudo não se passa de um mal-entendido, algo que poderia ser facilmente corrigido. Antes fosse. E algumas evidências estão abaixo:
E aos que pensam em nos acusar de falta de
caridade, de perseguição, de preconceito e quaisquer outras balelas pseudo-cristãs
e politicamente corretas, recomendo que meditem as seguintes palavras de São
Francisco de Sales: "É verdade que se pode falar abertamente dos pecadores
públicos reconhecidos como tais, mas deve ser em espírito de caridade e
compaixão e não com arrogância ou presunção por um certo prazer que se ache
nisso; este último sentimento denotaria um coração baixo e vil. Excetuo somente
os inimigos de Deus e da Igreja, porque a estes devemos combater quanto
pudermos, como, são os chefes de heresias, cismas etc. É uma caridade
descobrir o lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde encontramos."
Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UnB.
Fonte: "Mídia Sem Máscara"
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