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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Bomba relógio"

Por Fernando Rodrigues

É um sofisma o argumento usado pelo governo - e petistas em geral - a respeito da pulverização das verbas de publicidade. Eis a lógica: se a propaganda existe, então é melhor dividir o dinheiro entre o maior número possível de veículos de comunicação.
Quando Lula assumiu o Planalto, 499 jornais, revistas, TVs, rádios, portais e sites de Internet, entre outros, recebiam verbas publicitárias federais. Hoje, oito anos depois, o número aumentou para 8.094. Um salto de 1.522%.
O raciocínio chapa-branca se sustenta no fato de Lula ter mantido os gastos no mesmo patamar do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso: um pouco acima de R$ 1 bilhão por ano, descontados os custos com publicidade legal (balanços), produção dos comerciais e patrocínio.
Ou seja, sem ampliar os gastos, Lula "democratizou" (sic) o dinheiro entre mais veículos. Fez algo positivo, certo? Errado.
Uma parte não fecha nessa conta. Trata-se da pergunta não respondida: por que o Governo Federal precisa, por exemplo, gastar R$ 20 milhões na atual campanha cujo slogan é "estamos vivendo o Brasil de todos"? TVs de várias partes do país também veicularam um comercial enaltecendo o Banco da Amazônia. Essa instituição federal tem as funções de uma agência de desenvolvimento. Não há razão para fazer propaganda.
Na oposição, Lula e o PT cansaram de malhar os gastos publicitários do PSDB. Uma vez no Planalto, aderiam à estratégia de maneira mais sofisticada. Milhares de rádios e blogs pelo país agora recebem de R$ 1.000 a R$ 3.000 por mês. Se um presidente ousar cortar tal despesa terá de encarar as imprecações incessantes dessa turba.
Publicidade estatal às vezes é uma forma de censura indireta. Vira um vício. Receber R$ 1.000 por mês no interior é uma benção. Lula criou uma bomba-relógio quase impossível de ser desarmada.
Fonte: Grupo Folha

Um comentário:

Mariana disse...

Se usarmos de honestidade mesmo, deveria ser proibido qualquer tipo de propaganda do govêrno, salvo alguma inauguração(MESMO) de obras importantes ou de campanha ´na área da saúde. O resto, é obrigação mesmo do governante realizar, para o bem do povo. Ninguém diz em campanha que quer ser eleito prá não fazer boas obras, prá não trabalhar pelo povo, prá não tornar a nossa vida melhor. Nosso dinheiro nunca foi tão desperdiçado!