Por Cesar Maia
1. Calculando a média de avaliação das funções de governo no último ano do governo Lula, se conclui que o governo de Lula teve aprovação (ótimo+bom) de 40%, no máximo. Mas a média de aprovação de Lula, no último ano, foi superior a 70%. A conclusão evidente é que o estilo populista-retirante adotado por Lula no pós-mensalão, a partir de 2006, é o responsável por essa diferença de mais de 30 pontos.
2. Na sua coluna de sábado, na "Folha de S. Paulo", Cesar Maia lembra que "há lideranças que legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano". E sublinha o estilo de Lula: "Há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor."
3. Dilma já deu provas suficientes que seu estilo será outro: discreta, administrativa, exalando trabalho e eficiência. Ou seja: quer que sua avaliação se confunda com a de seu governo. Ou seja: se a performance de seu governo for a mesma do governo de Lula, no último ano, seu teto será de 40%.
4. Mas a "herança de Lula", que ela não pode reclamar, pois impulsionou a sua vitória em 2010, é de pressão inflacionária, constrangimento fiscal e riscos externos marcados pelo déficit crescente em conta corrente, no balanço de pagamentos. As medidas relativas a estes três vetores já vêm sendo tomadas: juros, compulsório dos bancos, redução de despesas, contingenciamento do adiantamento de câmbio...
5. A economia brasileira crescerá menos em 2011. Os otimistas falam em 4,5%%. Os pessimistas em 3%. E os realistas em 3,5%. Isso significa - com certeza - pelo menos um desconforto no mercado de trabalho, e setorial e regionalmente em muitas empresas. O menor crescimento afeta os impostos que, somado ao ajuste fiscal, reduz as obras e empregos patrocinados pelos governos nos 3 níveis.
6. A reação da população já se sabe qual vai ser a partir do segundo semestre: "Ah! Que saudades do Lula. Se ele estivesse aí isso não aconteceria". E não adianta explicar, pois relações míticas de liderança não se explicam, porque a autoridade que a legitima está ausente, ou seja, externa ao personagem.
7. Quando os institutos de pesquisa apontarem um ótimo+bom em torno dos 35% para Dilma, ela terá condições de conter o seu governo? Afinal, serão centenas os parlamentares da 'base aliada' que concorrerão em 2012 a prefeito, e prefeitos de cidades médias e grandes que concorrerão à reeleição.
8. Não há dúvida que Dilma se manterá leal e alinhada a Lula. Afinal, seu governo tem uma característica distinta do de Lula: o PT é o superego de seu governo e o limite de sua autonomia. Essa é uma projeção de cenários para a tomada de decisões nas esferas política e econômica. Quem quiser que aposte contra.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
2. Na sua coluna de sábado, na "Folha de S. Paulo", Cesar Maia lembra que "há lideranças que legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano". E sublinha o estilo de Lula: "Há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor."
3. Dilma já deu provas suficientes que seu estilo será outro: discreta, administrativa, exalando trabalho e eficiência. Ou seja: quer que sua avaliação se confunda com a de seu governo. Ou seja: se a performance de seu governo for a mesma do governo de Lula, no último ano, seu teto será de 40%.
4. Mas a "herança de Lula", que ela não pode reclamar, pois impulsionou a sua vitória em 2010, é de pressão inflacionária, constrangimento fiscal e riscos externos marcados pelo déficit crescente em conta corrente, no balanço de pagamentos. As medidas relativas a estes três vetores já vêm sendo tomadas: juros, compulsório dos bancos, redução de despesas, contingenciamento do adiantamento de câmbio...
5. A economia brasileira crescerá menos em 2011. Os otimistas falam em 4,5%%. Os pessimistas em 3%. E os realistas em 3,5%. Isso significa - com certeza - pelo menos um desconforto no mercado de trabalho, e setorial e regionalmente em muitas empresas. O menor crescimento afeta os impostos que, somado ao ajuste fiscal, reduz as obras e empregos patrocinados pelos governos nos 3 níveis.
6. A reação da população já se sabe qual vai ser a partir do segundo semestre: "Ah! Que saudades do Lula. Se ele estivesse aí isso não aconteceria". E não adianta explicar, pois relações míticas de liderança não se explicam, porque a autoridade que a legitima está ausente, ou seja, externa ao personagem.
7. Quando os institutos de pesquisa apontarem um ótimo+bom em torno dos 35% para Dilma, ela terá condições de conter o seu governo? Afinal, serão centenas os parlamentares da 'base aliada' que concorrerão em 2012 a prefeito, e prefeitos de cidades médias e grandes que concorrerão à reeleição.
8. Não há dúvida que Dilma se manterá leal e alinhada a Lula. Afinal, seu governo tem uma característica distinta do de Lula: o PT é o superego de seu governo e o limite de sua autonomia. Essa é uma projeção de cenários para a tomada de decisões nas esferas política e econômica. Quem quiser que aposte contra.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
Um comentário:
A gente vai e volta e acaba chegando ao ponto X da questão: o povo. César Maia aposta numa saudade de Lula, pelo povão, porque sabe que suas mentes não alcançam muito mais do que isto. Só Lula, até hoje, que eu saiba, soube trabalhar (levianamente) com isto. Hoje, êle continua manipulando o povo, se quiser, principalmente depois que a massa ignorante escutar qualquer coisa sôbre inflação e redução de despesas. Dilma levará a culpa.
Postar um comentário