Comentário de Ricardo Noblat
Para os governos, bons tempos aqueles onde o presidente do Senado ou da Câmara, diante do pedido de criação de uma CPI com o número de assinaturas necessárias, podia arquivá-lo a qualquer pretexto.
Um dia o Supremo Tribunal Federal decidiu: CPI é direito da minoria. Satisfeitas as exigências para ser criada, ela deve funcionar de imediato.
Uma penca de motivos conspirou para que a oposição derrotasse o governo na batalha pela criação da CPI da Petrobrás, destinada a investigar possíveis podres da empresa detectados pelo Ministério Público e o Tribunal de Contas da União.
José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, não vê a hora de outro assunto atrair o interesse da mídia ocupada há três meses em expor escândalos protagonizados por seus pares.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, ainda não engoliu a demissão do irmão e da cunhada antes alojados na Infraero. Fez um discurso colérico contra o ministro Nelson Jobim, da Defesa.
Ouviu como resposta que suas críticas eram “irrelevantes”. Jucá não mexeu um dedinho para evitar a derrota do governo. Não deu um telefonema para pedir a ninguém que retirasse a assinatura do requerimento de criação da CPI.
Gedel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e cabeça coroada do PMDB, celebrou em rigoroso silêncio o êxito da oposição. José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás e baiano como ele, é nome forte para concorrer a uma vaga no Senado em 2010.
Gedel sonha em tomar o lugar do governador Jaques Wagner (PT). Mas não descarta a hipótese de se compor com Wagner e sair candidato ao Senado. Gabrielli só o atrapalha.
Renan Calheiros (PMDB-AL) manteve-se distante do empenho da oposição em recolher assinaturas para instalar a CPI e do esforço de última hora do governo em reduzir o número de assinaturas.
Para não ser apontado como omisso, no início da noite da última sexta-feira telefonou para um dos líderes da oposição: “E aí, como estão as coisas?” O tal líder respondeu: “As coisas estão bem”. A conversa foi curta. Renan nada pediu.
Estão frias as relações de Renan com o governo e o PT desde que ele escapou de ser cassado pelo uso de um lobista de empreiteira para pagar despesas de uma ex-amante.
O PT votou a favor da absolvição dele. Em troca, Renan foi obrigado a renunciar à presidência do Senado. Em fevereiro passado, para aborrecimento de Lula, Renan elegeu Sarney presidente contra Tião Viana, candidato do PT e do PSDB.
Nada mais favorável a um partido predador como o PMDB do que um governo carente de sua ajuda para chegar a bom termo.
Sem um PMDB compacto ao seu lado, Lula jamais conseguirá eleger Dilma Rousseff presidente. E basta que o PMDB do Senado faça um pouco de corpo mole para que a CPI da Petrobrás provoque uma forte dor de cabeça em Lula e, de quebra, na própria Dilma.
No escurinho dos gabinetes do PMDB são poucos no momento os que ainda apostam suas fichas na eleição de Dilma. Nada a ver com a saúde dela.
A maioria simplesmente acredita mais nas chances de uma chapa presidencial encabeçada pelo governador José Serra e tendo o governador Aécio Neves como vice. Acha que essa chapa sairá do forno até o fim do ano. E que quando sair não haverá mais para ninguém.
Até lá, o melhor negócio para o PMDB é garantir “a governabilidade”, mantendo os cargos que tem e ganhando outros.
Haverá de tirar vantagem dos nomes de que dispõe para disputar governos estaduais e vagas no Senado. A composição com o PT será difícil em vários Estados.
A força de atração do PSDB reside paradoxalmente em sua fraqueza: tem poucos nomes fortes para os governos e o Senado.
Nem por isso o futuro reserva ao PMDB uma aliança formal com o PSDB. O mais razoável é que ele nem vá com Dilma nem com Serra para poder, aqui e ali, ir com um e com o outro de acordo com suas conveniências.
Caso queira governar, qualquer um que vença governará com o PMDB.
Um dia o Supremo Tribunal Federal decidiu: CPI é direito da minoria. Satisfeitas as exigências para ser criada, ela deve funcionar de imediato.
Uma penca de motivos conspirou para que a oposição derrotasse o governo na batalha pela criação da CPI da Petrobrás, destinada a investigar possíveis podres da empresa detectados pelo Ministério Público e o Tribunal de Contas da União.
José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, não vê a hora de outro assunto atrair o interesse da mídia ocupada há três meses em expor escândalos protagonizados por seus pares.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, ainda não engoliu a demissão do irmão e da cunhada antes alojados na Infraero. Fez um discurso colérico contra o ministro Nelson Jobim, da Defesa.
Ouviu como resposta que suas críticas eram “irrelevantes”. Jucá não mexeu um dedinho para evitar a derrota do governo. Não deu um telefonema para pedir a ninguém que retirasse a assinatura do requerimento de criação da CPI.
Gedel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e cabeça coroada do PMDB, celebrou em rigoroso silêncio o êxito da oposição. José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás e baiano como ele, é nome forte para concorrer a uma vaga no Senado em 2010.
Gedel sonha em tomar o lugar do governador Jaques Wagner (PT). Mas não descarta a hipótese de se compor com Wagner e sair candidato ao Senado. Gabrielli só o atrapalha.
Renan Calheiros (PMDB-AL) manteve-se distante do empenho da oposição em recolher assinaturas para instalar a CPI e do esforço de última hora do governo em reduzir o número de assinaturas.
Para não ser apontado como omisso, no início da noite da última sexta-feira telefonou para um dos líderes da oposição: “E aí, como estão as coisas?” O tal líder respondeu: “As coisas estão bem”. A conversa foi curta. Renan nada pediu.
Estão frias as relações de Renan com o governo e o PT desde que ele escapou de ser cassado pelo uso de um lobista de empreiteira para pagar despesas de uma ex-amante.
O PT votou a favor da absolvição dele. Em troca, Renan foi obrigado a renunciar à presidência do Senado. Em fevereiro passado, para aborrecimento de Lula, Renan elegeu Sarney presidente contra Tião Viana, candidato do PT e do PSDB.
Nada mais favorável a um partido predador como o PMDB do que um governo carente de sua ajuda para chegar a bom termo.
Sem um PMDB compacto ao seu lado, Lula jamais conseguirá eleger Dilma Rousseff presidente. E basta que o PMDB do Senado faça um pouco de corpo mole para que a CPI da Petrobrás provoque uma forte dor de cabeça em Lula e, de quebra, na própria Dilma.
No escurinho dos gabinetes do PMDB são poucos no momento os que ainda apostam suas fichas na eleição de Dilma. Nada a ver com a saúde dela.
A maioria simplesmente acredita mais nas chances de uma chapa presidencial encabeçada pelo governador José Serra e tendo o governador Aécio Neves como vice. Acha que essa chapa sairá do forno até o fim do ano. E que quando sair não haverá mais para ninguém.
Até lá, o melhor negócio para o PMDB é garantir “a governabilidade”, mantendo os cargos que tem e ganhando outros.
Haverá de tirar vantagem dos nomes de que dispõe para disputar governos estaduais e vagas no Senado. A composição com o PT será difícil em vários Estados.
A força de atração do PSDB reside paradoxalmente em sua fraqueza: tem poucos nomes fortes para os governos e o Senado.
Nem por isso o futuro reserva ao PMDB uma aliança formal com o PSDB. O mais razoável é que ele nem vá com Dilma nem com Serra para poder, aqui e ali, ir com um e com o outro de acordo com suas conveniências.
Caso queira governar, qualquer um que vença governará com o PMDB.
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