Por Josias de Souza
Dilma não pode ser entendida à luz dos conceitos clássicos da política. Há uma originalidade dramática no governo dela. A gestão
Dilma é mais suicídio do que morte natural. É mais uma imolação do que um
mandato. Dilma é movida por objetivos instintivos e paradoxais. Virou uma
caricatura da gerente de Lula. E se autoatribuiu a missão inconsciente de
desnudar a ineficiência. Dilma denuncia a incompetência cometendo-a.
Dilma fez da Petrobras seu latifúndio improdutivo. Insensível, Graça
Foster não teve sensibilidade para enxergar que Dilma é uma presidente
diferente. Seus antecessores enfrentavam crises provocadas por opositores.
Revolucionária, Dilma fabrica a crise que ressuscita a oposição e revitaliza a
democracia. Mantida no comando de uma estatal hemorrágica, Graça pediu para
sair.
Demitiu-se uma, duas, três vezes.
Quando o caos virou pântano, Graça deu um ultimato à presidenta.
Instada a aguardar mais alguns dias, Graça decidiu socorrer Dilma, exonerando-a
da obrigação de demiti-la. Foi arrastada para a exoneração por outros cinco
executivos. Restou o grão-petista José Eduardo Dutra que, no usufruto de uma
licença médica, absteve-se de requerer alta da Cleptobras.
Diz-se no Planalto que Dilma ficou irritada com um telefonema que
recebeu de Graça na noite de terça-feira. Depois de combinar a cronograma de
sua fritura, a amiga de Dilma ligou para avisar que saltaria da frigideira
antes do prazo. Ora, francamente. Isso não se faz! Dilma não admite improvisos.
No seu governo, o erro é fruto de minucioso planejamento.
O Brasil se preocupa com Dilma. A nação se esvai na torcida para que a
presidente não fique irritada. A dieta da madame está surtindo efeito?,
perguntam-se todos. O que Dilma comeu hoje? Quem Dilma mastigou ontem? O país
segue os humores da presidente como novela das nove. E Graça resolveu irritá-la
assim, gratuitamente, deixando a cena como um navio que abandona os ratos.
Dizia-se que Graça era muito parecida com Dilma. Tolice. Faltou-lhe a grandeza
da vista curta que caracteriza a amiga. Aos olhos de Dilma, Graça cometeu o
erro de sair.
Fonte: "Blog do
Josias"
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