Por Reinaldo Azevedo
Não tenho muita paciência para o Carnaval, sabem
disso. Se a Beija-Flor mereceu ou não a vitória, segundo os critérios para mim
insondáveis do ziriguidum, do balacobaco e do telecoteco, não sei. Mas que é
uma vergonha, ah, isso é. Mais uma! Está virando a nossa cara, não é? A escola
foi patrocinada por um ditador homicida, comprovadamente ladrão, tido como o
nono governante mais rico do mundo, chamado Teodoro Obiang Nquema, que esmaga
com mão de ferro e suja de sangue a Guiné Equatorial desde 1979, quando depôs o
tio com um golpe de Eetado, condenando-o à morte.
Seu filho, Teodorin, é considerado seu sucessor.
Sabem como são as novas monarquias africadas. O troglodita-chefe é amigão do
ex-presidente Lula, que já chefiou uma delegação de empresários ao país, a mando
da presidente Dilma. A Guiné Equatorial foi originalmente colonizada por
portugueses, passando para o domínio espanhol no século 18. É independente
desde 1968. É um grande produtor de petróleo e, vejam que ironia, tem o PIB per
capita mais alto da África, embora a esmagadora maioria da população viva com
menos de um dólar por dia, na miséria absoluta. É que tudo vai para os bolsos
do ditador, do amigão de Lula.
A ditadura quer instituir o português como mais uma
língua oficial, embora não se fale por lá o idioma. É que o sanguinário quer
puxar o saco do Brasil para romper certo isolamento internacional. Por isso, o
país já se candidatou a integrar a CPLP (Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa). Quem patrocina a patuscada? O Brasil. Os demais membros resistem.
Os governos do PT, de Lula e Dilma, anistiaram uma
dívida de US$ 27 milhões que o país mantinha com o Brasil. Dinheiro de pinga. A
petezada alega que o Brasil vendia só US$ 3 milhões para a Guiné Equatorial e
passou a vender US$ 700 milhões. A questão não é econômica, mas política e
simbólica. Ao fazer a negociação, é claro que o petismo incensa, uma vez mais,
uma ditadura. A turma é tarada nisso.
A ditadura negou oficialmente que tenha financiado
a Beija-Flor. Em nota, o ministro da Informação, Imprensa e Rádio, Teobaldo
Nchaso Matomba, afirmou que a iniciativa do patrocínio partiu de "empresas
brasileiras". Durante as comemorações pelo título na quadra da escola, o
carnavalesco Fran-Sérgio, integrante da comissão de carnaval da escola, citou Queiroz
Galvão, Odebrecht e grupo ARG como patrocinadores do enredo. Em nota, a
Odebrecht nega que tenha participado do patrocínio, informa não ter negócios na
Guiné Equatorial e afirma que fechou seu escritório no país no ano passado.
Segundo a empresa, esse é mais um boato espalhado por difamadores
profissionais.
Para encerrar: a Polícia Federal afirma que Teodoro
Obiang Nquema esteve, sim, no Brasil para acompanhar o desfile e que um aparato
de segurança foi mobilizado para a sua proteção. A ditadura nega.
Ainda sentiremos saudades do tempo em que o
Carnaval era financiado por bicheiros e traficantes.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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