Por Reinaldo Azevedo
A entrevista indigna de Dilma Rousseff, a "engavetadora-geral de CPI" - e A presidente Dilma Rousseff não falava com a
imprensa havia 60 dias, o maior período de silêncio desde que assumiu o seu
primeiro mandato, em janeiro de 2011. Antes tivesse continuado calada. Ao se
manifestar, revelou as patranhas que se discutem em salas talvez nem tão
iluminadas do Palácio do Planalto. Ela concedeu uma rápida entrevista depois de
receber os novos embaixadores estrangeiros que atuarão no Brasil. Ignorando que
o PT deu início ao 13º ano de poder, afirmou a governanta, que está bem mais
magra, com os olhos fundos:
"Olhando os dados que vocês mesmos divulgam nos
jornais, se, em 96 ou 97, tivessem investigado e tivessem, naquele momento,
punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou
durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção. A impunidade, e isso
eu disse durante toda a minha campanha, a impunidade leva água para o moinho da
corrupção". Afirmou mais: "Não que antes não existia (sic), é que antes não
tinha sido investigado e descoberto. Porque quando se investiga e descobre as
raízes surgem. E quando surgem as raízes das questões você impede que aquilo se
repita e que seja continuado".
Trata-se de uma estratégia. Dilma se referia a um
testemunho de Pedro Barusco, gerente de serviços e subordinado do petista
Renato Duque, que afirmou ter começado a receber propina em 1997. Outro
depoente, Augusto Mendonça, da Toyo Setal, disse que o suposto Clube das
Empreiteiras teria sido criado em meados da década de 90.
Foi isso o que Dilma andou combinando com Lula,
João Santana e José Eduardo Cardozo? Como estratégia de defesa é um lixo; como
justificativa, é um ataque à inteligência dos brasileiros e também à decência.
Nunca ninguém afirmou que o PT deu início à corrupção na Petrobras. O que está
claro é que ela se institucionalizou com o PT no poder. Paulo Roberto Costa, Renato
Duque e Nestor Cerveró foram postos em seus respectivos cargos para atender às
demandas daqueles que os nomearam. Costa e Alberto Youssef já deixaram claro
que atuavam para um esquema político, em favor de um projeto de poder.
E se, em 2009, na condição de presidente do
Conselho da Petrobras, ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à
Presidência, Dilma tivesse dado todo o seu apoio à CPI da Petrobras, em vez de
contribuir para esmagá-la? Um dos alvos da investigação era o superfaturamento
na refinaria de Abreu e Lima. A presidente voltou a falar que, no governo FHC,
havia o "engavetador-geral da República", referindo-se ao então
procurador-geral, Geraldo Brindeiro. Nota: o Ministério Público é um órgão
autônomo.
Na condição de principal ministra do governo Lula e
presidente do Conselho da Petrobras, ela atuou como uma Engavetadora-Geral da
CPI - e, pois, das falcatruas já evidentes. Então vamos ver, de novo, o vídeo (acima) em que assegura que a contabilidade da Petrobras é um primor, atacando a CPI.
Não é só isso, não! Quando deu essa entrevista, ela
já conhecia os rolos da refinaria de Pasadena, tanto é assim que o Conselho já
havia decidido recorrer à Justiça americana para que a Petrobras não fosse
obrigada a comprar a segunda metade da refinaria. Nestor Cerveró, apontado como
o principal responsável pelo desastre, deixou a diretoria Internacional da
Petrobras pouco depois. Já na Presidência da República, dona Dilma Rousseff o
premiou com a direção financeira da BR Distribuidora, nomeando-o no dia 16 de junho
de 2011. O homem ficou no cargo até 21 de março do ano passado, quando o caso
Pasadena já estava fervendo. E é ela quem vem acusar o governo FHC e falar de
engavetadores?
Ora, ora… Dilma está com medo. Percebe-se isso no
ritmo de sua fala. Nem a pesada maquiagem esconde as olheiras. Cuidado,
presidente, a fome é sempre uma má conselheira!
A estratégia do governo compreende também
tranquilizar as empresas. A presidente reafirmou que todos serão devidamente
punidos e coisa e tal, mas sem paralisar o Brasil. "Nós iremos tratar as
empresas tentando principalmente considerar que é necessário criar emprego e
gerar renda no Brasil. Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou
apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja.
Doa a quem doer". Isso depende da Justiça, não do Executivo.
Sim, é fato. Já há milhares de trabalhadores
demitidos - o número ainda é incerto - como consequência das investigações.
Empreiteiras deixaram de recebe da Petrobras e, por sua vez, de pagar
fornecedores. Existe um efeito cascata, que termina nos mais pobres. O desastre
provocado pelo petismo - não por FHC, que está fora do poder há 13 anos - na
Petrobras tem consequências também sociais e econômicas. Os males não se
esgotam no terreno moral.
Ê Dilma! Parafraseando Castro Alves, antes de
houvessem roto na batalha eleitoral, que servires à Petrobras de mortalha!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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