Por Reinaldo Azevedo
Não adianta! Eles não aprendem nada nem esquecem nada. Se faltava
alguma evidência de que havia um gigantesco esquema de marketing preparado para
esmagar a oposição caso o Brasil vencesse a Copa do Mundo, agora não há mais.
Mesmo com a derrota humilhante, Dilma Rousseff passou o ridículo, nesta
segunda-feira, de convocar uma entrevista coletiva, acompanhada de 15
ministros, com um único propósito: demonizar a imprensa. Boa, claro!, é a Al
Jazeera, a emissora do tirano do Catar. Para esta, a presidente diz o que bem
entender. E ninguém contesta. Se bem que não foi contestada por aqui também,
mesmo sem tiranos… O objetivo da entrevista era demonstrar que "o Brasil perdeu
a taça, mas ganhou a Copa", como resumiu Aloizio Mercadante, ministro-chefe da
Casa Civil.
Afirmou a presidente: "Os vaticínios, os prognósticos que se faziam
sobre a Copa eram dos mais terríveis possíveis. Começava com o 'não vai ter
Copa' até 'nós teremos a Copa do caos1. O estádio do Maracanã, que ontem foi
palco de um evento belíssimo, ia ficar pronto só em 2038, ou 2024. Enfim, não
ficaria pronto nunca". Vamos ver.
Quem, com um mínimo de seriedade, afirmava o "Não vai ter Copa"? A
imprensa? Não! A oposição? Não! Isso era coisa de grupelhos radicalizados de
extrema esquerda com os quais, diga-se, Gilberto Carvalho estava negociando,
conforme confessou em entrevista.
Mercadante resolveu fazer uma alusão à revista VEJA e à Folha: "A revista de maior tiragem
do Brasil fez uma manchete: '2038: por critérios matemáticos, os estádios da
Copa não ficarão prontos a tempo'. Tinha uma foto do Maracanã, que vocês viram
na final da Copa, a beleza não só daquela arena, mas também de todas as outras
arenas que foram apresentadas. O jornal de maior tiragem do país, no dia de
abertura da Copa, tinha a seguinte manchete: 'Copa começa hoje com seleção em
alta e organização em xeque'".
É evidente que Mercadante está se referindo à VEJA e à Folha, que
apenas cumpriram a sua função. Refere-se a uma reportagem de capa da revista de
maio de 2011. Ora, as obras estavam atrasadas mesmo. Lá está escrito: "Por
critérios matemáticos, as obras não ficarão prontas a tempo". E mais: "No ritmo
atual, o Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso". E é mais do que
legítimo - na verdade, é uma obrigação - fazer a advertência. Por que o
ministro não bate boca também com a Fifa, que, mais de uma vez, demonstrou
irritação com o ritmo das obras? Chamava-se a atenção do governo e dos brasileiros
para um fato. Se a imprensa ajudou a corrigir o ritmo das obras, ótimo!
Mais: Mercadante estudou economia, é isso? Deve ter passado por
rudimentos de matemática, ao menos. Considerando as obras de mobilidade que não
foram e não serão feitas, o prazo para a realização das obras se multiplicou ao
infinito, senhor ministro. Deu pra entender ou quer que eu desenhe?
A mais indigna das falas, e isso não me surpreende, ficou com José
Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Referindo-se sabe-se lá a quais governadores,
afirmou: "Há ainda hoje quem acredite que o governo federal deve passar
recursos para os Estados fazerem a política da segurança pública". Por que ele não diz quem
pediu - e, pelo visto, não recebeu - recursos? Falo do que vi de perto: em São
Paulo, enquanto a polícia se organizava para combater a baderna nas ruas,
Gilberto Carvalho negociava, conforme confessou, com criminosos.
Eis aí. Provado está. Com a derrota acachapante, Dilma convoca uma
entrevista coletiva com 15 ministros. Imaginem se o Brasil vence a Copa… Dilma
tentaria mandar para o degredo os "inimigos da pátria"…
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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