Por Nelson Motta
Lula inventou uma bizarra luta
de classes, em que não são os pobres que odeiam os ricos por sua opressão,
exploração e privilégios, são os ricos que não suportam que os pobres comam,
tenham um teto e, suprema afronta, viajem de avião pagando em dez vezes. E não
se contentam em explorá-los e desprezá-los, amam odiá-los, logo eles, que vão
consumir os bens e serviços que os ricos produzem para ficarem ainda mais
ricos. Isso não é coisa de rico, é de burro, e Lula, rico, de burro não tem
nada.
Com o país vivendo uma era
de prosperidade desde o Plano Real, os três governos petistas não só tiraram
milhões da miséria e alçaram milhões da pobreza à classe média, como criaram
uma nova classe de ricos, ocupando milhares de cargos no governo, nas estatais,
nos estados e nas prefeituras. É o pleno emprego, partidário.
Apenas com os altos
salários e vantagens, sem falar nas infinitas possibilidades de intermediações,
roubos e achaques, são legiões de novos ricos que formam uma "elite vermelha" - que ama os pobres, mas adora o luxo porque ninguém é de ferro, e não xinga
presidentes, a não ser Sarney, Collor e FH. Nos anos 60, havia a "esquerda
festiva", mas hoje a esquerda é profissional. É o povo no poder… rsrs.
Pior do que ser pobre, que
pode ficar rico, é ser burro, que não vira inteligente, ou fanático, para
acreditar nisso. Mesmo rico e inteligente, Lula não está percebendo que velhos
truques não estão mais funcionando - e está difícil criar novos bordões e
bravatas. Essa de odiar os pobres não colou, porque os ricos agora "é nóis".
Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho "nós contra eles", que o
derrotou três vezes e o obrigou a fazer a "Carta aos brasileiros" para ganhar a
eleição.
Doze anos de governos de um
partido, até de bons governos, de qualquer partido, produzem profundo e inevitável
desgaste e provocam desejos de mudança no eleitorado que progrediu nesse tempo,
que está mais informado e exigente, e quer mais e melhor. Mas quando um governo
é mal avaliado, com crescimento baixo e inflação alta, vítima de seus próprios
erros...
É o eles contra eles.
Fonte: "O Globo"
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