Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Há pouco mais de um mês, o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o Governo tinha desistido da
importação de médicos cubanos. De repente, não mais que de repente, arranjou
quatro mil para pronta entrega. Será
Padilha tão bom assim de negociação? Ou antes estaria, perdoe-nos a ousadia,
mentindo?
Cuba, comunista há mais de
50 anos, tem no planejamento centralizado a base de sua estrutura
governamental. Como é que, de repente,
aparecem quatro mil médicos disponíveis? Estará Cuba, em nome da solidariedade
ao governo brasileiro tão amigo, disposta a sacrificar o atendimento médico à
sua população?
O
PT condena a gestão da Saúde por organizações sociais, a seu ver uma
inaceitável terceirização. Saúde não deve dar lucro. Pagar um governo estrangeiro para que envie
profissionais de sua escolha e os remunere com parte do que recebe não é
terceirização? O que sobra para o Governo cubano não é lucro?
Grandes empresas do país já
foram enquadradas na Lei do Trabalho Escravo porque terceirizaram parte de sua
produção para outras, que pagavam abaixo do mínimo, obrigavam seus empregados a
morar onde mandavam e aproveitavam-se de sua situação para explorá-los - ou
aceitavam ou eram enviados de volta a seus países. Em que diferem os médicos cubanos, obrigados a morar
onde Havana mandar, impedidos de optar por outra vida e ganhando aquilo que
lhes for determinado pelo Governo cubano, dos imigrantes escravizados?
São dúvidas razoáveis. E a
presidenta com certeza dará respostas excelentas.
Lula-lá
Do presidente Lula, em 19 de abril de 2006, ao inaugurar o setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (fonte, Agência Brasil): "Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país". Seriam os médicos cubanos o toque que faltava para atingir a perfeição? Se eram, por que o Governo demorou tanto para trazê-los?
Do presidente Lula, em 19 de abril de 2006, ao inaugurar o setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (fonte, Agência Brasil): "Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país". Seriam os médicos cubanos o toque que faltava para atingir a perfeição? Se eram, por que o Governo demorou tanto para trazê-los?
Pensando no futuro
Tanta gente chegando ao Brasil, em tão pouco tempo, faz surgir outra dúvida: imaginemos que alguns dos cubanos resolvam mudar de vida e pedir asilo político ao Brasil. Os pugilistas cubanos que se atreveram a isso foram presos e enviados de volta a Cuba num avião venezuelano. Já Césare Battisti recebeu asilo político. Qual dos exemplos será seguido se algum médico não quiser voltar?
Dúvida finalTanta gente chegando ao Brasil, em tão pouco tempo, faz surgir outra dúvida: imaginemos que alguns dos cubanos resolvam mudar de vida e pedir asilo político ao Brasil. Os pugilistas cubanos que se atreveram a isso foram presos e enviados de volta a Cuba num avião venezuelano. Já Césare Battisti recebeu asilo político. Qual dos exemplos será seguido se algum médico não quiser voltar?
Por que os médicos cubanos não podem a trazer a família para o Brasil?
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