Por Reinaldo Azevedo
Escrevi naquele post sobre a novela "Amor à Vida" (mas nem tanto…)
que sabia por que a militância pró-aborto mentia tanto sobre o número de
mulheres mortas, mas acabei não explicitando o motivo. Ele é escandalosamente
claro. É preciso haver uma razão moralmente forte para justificar a eliminação
dos fetos. Então se cria essa falácia. Assim, uma opinião que é de matriz
ideológica ganha um verniz humanitário. Por isso pilantras afirmavam, até o ano
passado, que morriam, a cada ano, 200 mil mulheres vítimas de aborto. Não
chegam a duas mil, como já escrevi, as que morrem em decorrência da gravidez -
e o aborto, natural ou espontâneo, responde por 5% desse total. Façam as
contas.
Igualmente fantasiosa é a história de que se fazem 1,5 milhão de
abortos clandestinos por ano no país. Por clandestinos, não há notificação. Sem
notificação, o resto é chute. Ou alguém calcula o número de aborto por
estimativa? Ora… Mas pensemos um pouco mais. Como sabem os médicos, cerca de
30% das fecundações não prosperam. São os abortos espontâneos, muitos deles nem
mesmo percebidos pelas mulheres porque ocorrem logo nos primeiros dias. Por
ano, nascem no Brasil, estima-se, 2,8 milhões de crianças. Pois bem, se nasce
esse número e se os abortos provocados chegassem a 1,5 milhão, deveríamos
concluir, então, que a soma dessas duas grandezas (4,3 milhões) corresponderia
àqueles 70% que sobreviveram ao aborto espontâneo, certo? Não percam o fio.
Se, pois, 4,3 milhões de concepções correspondem a apenas 70%, os
100% somariam 6,142 milhões. Em 2010, a população feminina entre 15 e 49 anos
somava, segundo o IBGE (dados de 2010), 53.675.289 mulheres. Assim, teríamos de
concluir que, todo ano, 11,44% delas engravidariam. Isso é uma alucinação! Cada
um defenda a causa que quiser. Essa gente deveria ter um pouco de pudor e fazer
com que a sua convicção convivesse minimamente com a matemática. Querem
eliminar os fetos? Pois que tenham a coragem de fazer a defesa dessa eliminação
de cara limpa, sem inventar números que não resistem a um confronto mínimo com
a realidade.
Não gostam de mim? Sou um carola reacionário? Tudo bem! Basta-me
que passem a gostar da matemática e dos fatos.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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