Por Reinaldo Azevedo
Em Cuba, quase nada é de verdade. Em Cuba, verdadeiro mesmo, só o
socialismo. A página sobre o país na Wikipedia parece ter sido redigida pelo
Granma, aquele jornal oficial do Partido Comunista que a população usa para a
higiene, digamos, íntima porque, vocês devem saber, quase não há papel higiênico
na ilha. Lamento pelo desconforto que deve implicar, mas pergunto: que
destinação melhor poderia ser dada ao que escrevem os comunistas? A maior de
todas as farsas da ilha é antiga. Foi inventada pela canalha de Fidel Castro e
adotada por intelectuais ocidentais. Diz respeito ao espetacular avanço social
que teria havido no país depois da revolução de 1959.
Esse salto é tão mentiroso quanto as ditas múltiplas tentativas de
matar Fidel Castro - o super-herói, no entanto, sempre teria escapado. Se
verdade fosse, seria o caso de ele se sentir rejeitado até pelo capeta. Mas
também isso era só mistificação. Cuba estava longe de ser um desastre social
antes da revolução comunista. Em 1952, o país tinha o terceiro melhor PIB per
capita entre os países latino-americanos. Vinte anos depois da revolução, só
ganhava de Nicarágua, El Salvador e Bolívia. Os dados estão no livro "La Lune
et le Caudillo: Le Rêve des Intellectuels et le Régime Cubain", de Jeannine
Verdes-Leroux (para comprar na Amazon, clique aqui). Quando Fidel chegou ao poder,
anunciou que a taxa de analfabetismo no país era de 50%. Mentira! Era de 22% -
a do mundo, alcançava 44%. Esses dados estão compilados em "O Livro Negro do
Comunismo – Crime, Terror e Repressão" (vários autores, Editora Bertrand
Brasil). No Brasil (ver tabela ),
era de 39,7% - dados do Ministério da Educação.
Outro dos mitos de Cuba é a baixa mortalidade infantil, que
estaria hoje em torno de 4,5 por mil, só perdendo para o Canadá nas Américas.
Há uma grande possibilidade de que esses números sejam manipulados (já chego
lá). Em todo caso, é preciso que se considere um dado estarrecedor. Em Cuba, o
aborto é legal desde 1965. O país é um açougue. Deve estar entre os campeões
mundiais na modalidade, que passou a ser empregada como método contraceptivo. Ninguém precisa acreditar em números dos "adversários" de Cuba, não! Segundo dados oficiais, em 2006, por exemplo,
67.903 mulheres na faixa dos 12 aos 49 anos se submeteram a pelo menos um
aborto - ou seja, de cada 100 mulheres grávidas, 37 abortaram. Só para
comparar: em 2010, o Brasil tinha 68.818.062 mulheres entre 15 e 49 anos (não
temos os números a partir de 12, ou o total seria maior). Sim, eu fui à tabela
do IBGE para fazer a conta. Se 37% delas houvessem abortado, seguindo os
padrões cubanos, seriam 25.462.683 abortos. Vocês têm noção do que isso
significa? EIS O MILAGRE CUBANO; MATE ANTES QUE NASÇA. Esses números acabam com
a farsa monstruosa de que a legalização do aborto provoca uma redução no número
de ocorrências. ISSO É MATEMÁTICA, NÃO É RELIGIÃO.
E ainda pode ser mais horripilantes. Cuba realiza, sem qualquer
pudor, o aborto eugênico - a eliminação de fetos com deficiência, qualquer que
seja ela. O país também foi um dos pioneiros na propagação do aborto químico,
realizado com remédios. Mate os fetos e diminua a mortalidade infantil. É o
modo comunista de fazer as coisas.
Em 2009, a CNN exibiu uma reportagem sobre as maravilhas do
sistema cubano de saúde, entremeando com cenas do filme "Sicko", do delinquente
Michael Moore, que ataca duramente o sistema de saúde dos EUA. A reportagem
mereceu uma resposta de Humberto Fontova, cubano de nascimento, que mora nos
EUA e luta contra a ditadura comunista. O texto foi traduzido e publicado no Brasil pelo Instituto Ludwig
von Mises Brasil. Fontova lembra, por exemplo, que, em 1958, um ano antes da
revolução, Cuba já ocupava a 13a posição no ranking dos países com a menor
mortalidade infantil. Escreve ele: "Isso colocava o país não apenas no topo da
América Latina, mas também acima de grande parte da Europa Ocidental, à frente
da França, Bélgica, Alemanha Ocidental, Israel, Japão, Áustria, Itália, Espanha
e Portugal. Hoje, todos esses países deixam a Cuba comunista comendo poeira,
com taxas de mortalidade infantil muito menores".
Pois é… Cuba realiza mesmo alguns prodígios. Enquanto a taxa de
mortalidade infantil está abaixo de 5 por mil nascimentos (no Brasil, é de 16),
abaixo da dos EUA (5,3), quando se trata de verificar a mortalidade das
crianças de 1 a 4 anos, aí se verifica o quê? Nos EUA, é de 8,8 por mil; em
Cuba, de 11,8 (no Brasil, 18,76 em 2010). Assim, o mais provável é que Cuba
falsifique os dados. Mais um trecho do texto de Fontova: "Em abril de 2001, o
Dr. Juan Felipe García, de Jacksonville, Flórida, entrevistou vários médicos
que haviam desertado recentemente de Cuba. Baseado no que ouviu, ele declarou o
seguinte: 'Os números oficiais da mortalidade infantil de Cuba são uma farsa.
Os pediatras cubanos constantemente falsificam os números a pedido do regime.
Se um bebê morre durante seu primeiro ano de vida, os médicos declaram que ele
era mais velho. Caso contrário, tal lapso pode custar-lhe severas punições,
além do seu emprego'". Faz sentido. O que entra para as estatísticas mundiais
são os índices de mortalidade infantil.
Há mais. Em números de 2009, a mortalidade materna em Cuba
(mulheres que morrem durante ou logo depois do parto) era de 33 por 100 mil;
nos EUA, de 8,4 (ATENÇÃO! NO TEXTO TRADUZIDO, CUJO LINK VAI ACIMA, HÁ UM ERRO
IMPORTANTE: FALA-SE LÁ QUE ESSES NÚMEROS SE REFEREM A GRUPOS DE MIL).
Entenderam os paradoxos? Cuba, então, teria uma mortalidade infantil mais baixa
do que a dos EUA, mas muito maior quando se comparam as crianças até quatro anos. A
mortalidade materna, por sua vez, seria quase o quádruplo. De toda sorte, pode
ser pior no Brasil, claro! A mortalidade materna, aqui, foi de 65 por 100 mil
em 2010. Notem bem: não escrevo este post para provar que a saúde brasileira é
melhor do que a cubana, mas para demonstrar que os números cubanos são uma
farsa.
Adiante.
O site The REal Cuba publicou
vídeos feitos por cubanos sobre as reais condições das instituições de saúde na
ilha - não a mistificação mostrada pela CNN. O material foi enviado à emissora,
informa Fontova, e estavam prontos para ir ao ar. Mas o governo cubano ficou
sabendo e iniciou uma enorme pressão para impedir. E foi bem-sucedido. O bom de
haver uma real pluralidade na imprensa americana é que Fox News se interessou pelo
material. As cenas são horripilantes, conforme se pode ver abaixo:
"Tudo mentira! Tudo manipulação"! Claro, claro! A
coerência dos dados propagandeados fala por si. E as mentiras contadas sobre a
Cuba pré-Fidel também.
Os falsos números servem para embalar o discurso ideológico do
jornalismo militante, o discurso vigarista do subjornalismo a soldo e, como
sempre, a ilusão dos ignorantes.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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