Por Reinaldo Azevedo
Eles são quem são. E isso não tem cura.
Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana traz à luz um escândalo de
dimensões bilionárias. Há muito tempo, como se sabe, os petistas abandonaram o
patamar dos milhões. Isso era para gente amadora; para corruptos que corriam o
risco de ser pegos e ser enforcados pela opinião pública. Os companheiros são
mais espertos. Praticam com maestria o que antes diziam condenar e ainda mandam
enforcar. A síntese da história é a seguinte: Vicente Cândido, deputado federal
(PT-SP), um figurão do partido, embora não seja muito conhecido, chamou a seu
gabinete um conselheiro da Anatel de nome Marcelo Bechara. O deputado está
interessado em livrar a cara da Oi, empresa que tem como sócios amigos do Luiz
Inácio Apedeuta da Silva - o mais intimo é Sérgio Andrade. A empresa deve ao
estado brasileiro nada menos de R$ 10 bilhões em multas - embora o valor
de mercado da companhia seja de R$ 8 bilhões. O parlamentar quis saber como
Bechara podia ajudar a Oi e sugeriu falar em nome de Lula. A conversa, a esta
altura, já tinha ultrapassado o limite do aceitável. Mas ele foi mais longe.
Num papelucho, escreveu a seguinte palavra, acompanhada de um ponto de
interrogação, e exibiu ao conselheiro: "Honorários?".
Isso mesmo. Vocês entenderam direito.
Um deputado do PT, atuando a favor dos interesses de uma empresa privada que
tem como sócios amigos pessoais de Lula, abordou um conselheiro da Anatel e
indagou quanto ele cobrava para dar um jeitinho. Atenção! BECHARA CONFIRMA QUE
ISSO ACONTECEU. Mas ainda é de menos. O PRÓPRIO VICENTE CÂNDIDO ADMITE TER
ESCRITO A PALAVRINHA. Mas se sai com uma desculpa esfarrapada. "Eu queria saber
se ele tinha honorários." Sim, vocês entenderam direito: um deputado do PT
ofereceu propina a um conselheiro da Anatel.
Houve ainda um segundo encontro. Aí o
buliçoso petista entregou a Bechara as pretensões da Oi, com o timbre da
Jereissati Participações (de Carlos Jereissati), uma das acionistas da
companhia. Lá está o que quer a empresa, de que o petista virou um negociador:
redução de 80% daquela dívida de R$ 10 bilhões e mudança urgente na regra que
obriga uma telefônica a manter 4 telefones públicos por mil habitantes na área
em que opera. Antes de falar com Bechara, naquele mesmo dia, Vicente Cândido
havia se encontrado com Lula. Leiam trecho da reportagem. Volto em seguida.
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No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra - e com a ajuda do próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
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No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra - e com a ajuda do próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
Com o passar do tempo, porém, a Oi
perdeu valor de mercado, viu aumentar suas dívidas em proporções cavalares e
hoje enfrenta sérias dificuldades para investir, o que para uma empresa do ramo
de telecomunicações é quase como uma sentença de morte. O destino da companhia
é motivo de preocupação para o governo e para o ex-presidente Lula. Em
especial, pela possibilidade de o insucesso da empresa causar danos políticos
às portas de uma campanha presidencial em que o PT pretende estender sua
permanência no poder. Como explicar a ruína de um megaprojeto liderado pela
maior estrela do partido e bancado em grande medida com dinheiro dos cofres
públicos? Uma tarefa difícil, certamente. É legítimo que haja um esforço para
ajudar uma empresa nacional. É legítimo que esse esforço também envolva agentes
políticos. O que não é legítimo é a solução do problema passar por lobbies
obscuros, negociatas entre partidos e até uma criminosa proposta de pagamento
de propina a um servidor público em troca de uma ajuda à empresa - episódio que
aconteceu no início do mês nas dependências do Congresso Nacional, em Brasília,
envolvendo o deputado federal Vicente Cândido, do PT de São Paulo, e o
conselheiro Marcelo Bechara, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Indicado para o cargo pelo PMDB, em 6
de agosto Marcelo Bechara foi ao gabinete do deputado depois de receber um
telefonema do parlamentar convidando-o para uma visita. Entre uma conversa e
outra, Cândido engrenou o assunto principal: a cobrança de multas bilionárias
aplicadas à Oi pela agência. Advogado por formação, Bechara é conhecido por sua
capacidade de formatar soluções jurídicas para questões aparentemente
insolúveis. Ele fora o relator de uma proposta que pode dar um alívio e tanto
ao combalido caixa da empresa e que será debatida em breve no conselho diretor
da Anatel. A proposta regulamenta a cobrança de multas aplicadas às companhias
telefônicas. As da Oi, atualmente, somam mais de 10 bilhões de reais - uma
cifra astronômica em todos os aspectos, ainda mais se comparada ao valor de
mercado da companhia, estimado em menos de 8 bilhões de reais.
(…)
(…)
Voltei
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos Cidade, um dos chefões da Oi.
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos Cidade, um dos chefões da Oi.
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