Por Heraldo Rocha
O Governo
Federal insiste. Mas já é dado como certo o fracasso de mais uma medida
midiática desse governo com o programa Mais Médicos, que pretende importar
profissionais do estrangeiro para trabalhar no Brasil. Uma medida midiática
porque o programa mostrou que não é fazendo jogo de cena que esse governo do PT
vai conseguir resolver o problema da Saúde no Brasil. Criticaram os médicos
brasileiros, tentaram discriminar os estudantes de medicina impondo-lhes mais
dois anos de residência a fim de que atuassem nos serviço público, mas nada
disso deu resultado.
Assim como os médicos brasileiros, os profissionais importados perceberam a
roubada que seria, se aceitassem ir para os rincões mais distantes do pais,
longe dos grandes centros onde ainda se pode praticar uma medicina um pouco
mais próxima do ideal, porque os recursos são mais fáceis de serem alcançados.
Os estrangeiros selecionados pelo programa Mais Médicos têm preferência pelas
capitais e regiões metropolitanas. As 27 capitais e as cidades das regiões
metropolitanas foram as escolhidas por 52,21% dos 521 profissionais com
registro de outros países. Os índices são pouco diferentes dos médicos brasileiros:
51,88% optaram pelas grandes cidades.
Agora vamos ver porque a escolha da maioria pelos grandes centros? É fácil
avaliar: O problema, volto a repetir, não é de falta de médicos, não é da
distância, mas da falta de toda a parafernália que cerca a atividade médica,
como aparelhos, laboratórios, acesso facilitado a medicamentos, enfermeiros, e
auxiliares, e etc.
E vamos citar apenas o exemplo da Bahia para tratarmos da nossa realidade. O
que faz uma prefeitura de cidade de médio porte, por exemplo, a quase 700
quilômetros da capital, quando tem um paciente necessitando de tratamento de
média complexidade, como engessar um braço? Usa-se do TFD (tratamento fora do
domicílio). Coloca-o numa ambulância ou ônibus e manda pra Salvador, porque lá não
tem ortopedista e nas proximidades faltam profissionais da área. O local com
melhor atendimento está na capital.
Citei um caso comum aos 416 municípios baianos. E, como a situação é comum a
todo o Estado, pois não se conta com uma rede médica de primeira. Nem de
segunda, lamentavelmente. E, assim, proliferam na capital as chamadas casas de
passagens para tratamento de média e alta complexidade porque não existe
assistência no interior. Essa é a realidade do Hospital Clériston Andrade, de
Feira de Santana, por exemplo, a maior cidade do interior do Estado, com mais
de 600 mil habitantes; ou o Hospital de Base de Itabuna, sem condições de
prestar atendimento; ou o Hospital Regional de Conceição do Coité, onde um
paciente morreu por falta de assistência, segundo a viúva.
E falta assistência porque não tem médico ou porque não tem estrutura física
para dar suporte a esses profissionais? Tem prefeitura que oferece salário
acima da média para um médico e, mesmo assim, não consegue contratar ninguém.
Será que eles não aceitam porque não querem se afastar dos grandes centros e
viver as facilidades de uma capital ou porque não querem trair o juramento a
Hipócrates e ferir o princípio básico da medicina de prestação de um
atendimento de qualidade e com dignidade a todo paciente?
Temos um exemplo claro hoje na imprensa: a paciente Elivaldete Silva Santana, de 41 anos, sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 7 de agosto e sete dias depois ainda não tinha conseguido vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado (HGE). Isso ela já havia passado pelo Hospital São Jorge, de onde foi transferida por falta de vaga. Dona Elivaldete está em coma e seu estado é grave. Ela aguarda apenas uma vaga na UTI e espera lá, deitada numa maca nos corredores do HGE, o que reduz as chances de recuperação e de vida, segundo reproduz a imprensa. E ela enfrenta essa situação estando num grande centro, numa capital como Salvador, a terceira do país. Mas sem chances de receber um atendimento digno, apesar de ter médicos ao seu dispor. Não tem acesso a infraestrutura necessária para receber o tratamento devido. O que nos leva a crer que não faltam médicos. Mas falta infraestrutura num grande centro como Salvador. Imagina se isso acontecesse em Xique Xique?
Temos um exemplo claro hoje na imprensa: a paciente Elivaldete Silva Santana, de 41 anos, sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 7 de agosto e sete dias depois ainda não tinha conseguido vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado (HGE). Isso ela já havia passado pelo Hospital São Jorge, de onde foi transferida por falta de vaga. Dona Elivaldete está em coma e seu estado é grave. Ela aguarda apenas uma vaga na UTI e espera lá, deitada numa maca nos corredores do HGE, o que reduz as chances de recuperação e de vida, segundo reproduz a imprensa. E ela enfrenta essa situação estando num grande centro, numa capital como Salvador, a terceira do país. Mas sem chances de receber um atendimento digno, apesar de ter médicos ao seu dispor. Não tem acesso a infraestrutura necessária para receber o tratamento devido. O que nos leva a crer que não faltam médicos. Mas falta infraestrutura num grande centro como Salvador. Imagina se isso acontecesse em Xique Xique?
* Heraldo Rocha é ex-deputado
estadual, vice-presidente estadual e presidente municipal do Democratas de
Salvador
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