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domingo, 7 de julho de 2013

Johnny Depp faz Tonto em "O Cavaleiro Solitário"


Há alguns anos Johnny Depp decidiu que era hora de dar início a um projeto que estava em sua cabeça fazia algum tempo.
O produtor Jerry Bruckheimer - um colaborador frequente que fez os filmes de enorme sucesso "Piratas do Caribe", nos quais Depp estrelou como Jack Sparrow - ficou intrigado com a ideia de fazer uma versão contemporânea para o cinema de "O Cavaleiro Solitário" (The Lone Ranger), a série clássica da TV dos anos 1950 sobre um caubói mascarado que luta contra o crime com seu parceiro Tonto, mas o projeto ainda precisava ser desenvolvido - até que Depp, com seu jeito muito peculiar, tomou a frente.
Depp, como é típico dele, achou que a melhor maneira de fazer as coisas acontecerem seria se vestir como o personagem Tonto. Ele pediu a ajuda de dois amigos próximos, o maquiador Joel Harlow e o fotógrafo Peter Mountain - e partiu para criar sua versão distinta de como Tonto seria, na esperança de convencer Bruckheimer e o estúdio Disney a darem o sinal verde.
Depp, é claro, é um mestre do disfarce e um brilhante ator de personagem bem como um dos mais adorados protagonistas em Hollywood. Ele baseou seu 'visual' para Tonto em uma pintura que havia visto de um índio guerreiro norte-americano e adotou adornos próprios e singulares.
O resultado foi espetacular e convenceu Bruckheimer - e também o Estúdio Disney - que era hora de "O Cavaleiro Solitário" e de Tonto voltarem a cavalgar juntos na telona.
"Eu estava fazendo "O Diário de um Jornalista Bêbado" (The Rum Diary) com Bruce (Robinson) em Porto Rico, e já tinha visto uma pintura de um índio guerreiro norte-americano com listras no rosto", explica Depp.
"Eu pedi ao meu maquiador Joel Harlow, que é um gênio, para me ajudar a montar algo. Então, nós fizemos a maquiagem e eu pedi ao fotógrafo Peter Mountain que tirasse umas fotos".
"Nós vestimos aqueles trajes e começamos a fotografar e depois Peter imprimiu as fotos e me mostrou, e eu disse: 'É, acho que nós o encontramos e agora ele precisa ganhar vida'. Eu liguei para Jerry e disse: 'Olha, quando eu voltar a Los Angeles queria muito conversar com você'."
"E então nós nos encontramos e eu dei a ele umas cinco ou seis fotos e Jerry disse: 'É fantástico. Quem é?' E eu respondi: 'Sou eu!1. E Jerry disse: 'Jesus! Posso ficar com elas?'. E eu respondi: 1Pode, claro, mostre aos meninos'".


"E eu também mostrei as fotos a Dick Cook [ex-presidente do Estúdio Walt Disney] e as reações foram todas muito positivas. Eu acho que havia algo do Capitão Jack Sparrow, um personagem estilo Capitão Jack. E todos ficaram empolgados, inclusive eu, e depois eu procurei Gore (Verbinski), para que ele dirigisse o filme."
O diretor logo disse "sim" e isso significou que a equipe criativa por trás dos fabulosos filme de sucesso dos "Piratas do Caribe" - Depp, Bruckheimer e Verbinski, que chefiaram os primeiros três filmes - estavam juntos de novo.
O jovem ator em rápida ascensão Armie Hammer ("Rede Social", "J. Edgar") interpreta John Reid em uma história sobre origens que revela como ele se transformou no Cavaleiro Solitário e se juntou a um índio norte-americano para combater a injustiça.
"Acima de tudo, Armie é um cara ótimo", diz Depp. "Ele é muito inteligente, muito rápido e sagaz e tem um supertalento. Ele se comprometeu a interpretar o Cavaleiro Solitário como um 'homem branco' sério e ingênuo - e isso está totalmente certo".
"Armie é um promissor jovem ator e se parece com um astro de filme clássico e - a melhor parte - ele tem habilidade para fazer isso. Então ele se comprometeu por inteiro ao papel - ele o interpretou com perfeição, inseriu humor e não quis retratá-lo como um cara legal. Eu achei um sonho trabalhar com ele e acho que encontrei um ótimo amigo em Armie."
O Cavaleiro Solitário começou sua jornada na cultura popular norte-americana como um programa de rádio em 1933 e logo se tornou um fenômeno nacional. O programa de TV, estrelado por Clayton Moore como o homem da lei mascarado e Jay Silverheels como Tonto, foi exibido pela primeira vez em 1949 e ficou em cartaz até 1957.
Depp se lembra de assistir a reprises do programa de TV quando era menino. O ator promete que seu Tonto será um parceiro à altura - e certamente não um assistente - do Cavaleiro Solitário e honrará as tradições nobres de guerreiro de sua linhagem indígena norte-americana.
"O Cavaleiro Solitário era só uma das coisas a que se assistia com frequência na televisão quando criança. Eu assistia ao programa e sempre me identifiquei com Tonto", afirma ele. "E mesmo quando criança eu imaginava por que o índio era o assistente".
"E não é que o Cavaleiro Solitário seja claramente desrespeitoso na forma como tratava Tonto mas eu apenas pensava, 'por que é ele quem tem que fazer isso ou aquilo? Por que ele não é o herói?' Então isso era algo que estava sempre na minha cabeça. E me disseram, quando eu era bem pequeno, que tínhamos sangue índio na família… quem sabe o quanto - talvez muito pouco, eu não sei".
"Então, o que eu quis fazer foi interpretar o personagem não como um assistente do Cavaleiro Solitário. Eu quis interpretá-lo como um guerreiro e como um homem com muita integridade e dignidade. É uma pequena contribuição para tentar corrigir o que foi feito de errado no passado".
Depp nasceu em Kentucky e cresceu na Flórida, onde ainda bem jovem desenvolveu um interesse pela música, que continua sendo uma paixão até - alguns de seu melhores amigos são músicos e ele é um talentoso guitarrista. Sua banda, The Kids, foi bem-sucedida e fez Depp se mudar para Los Angeles. Depois que a banda se desfez, Depp decidiu tentar a atuação.

Segue a entrevista:

Você entrou para o filme "O Cavaleiro Solitário" bem cedo. Você deu origem ao projeto?
Não, eu acho que já se falava de "O Cavaleiro Solitário" que Jerry (Bruckheimer) ia fazê-lo. Eu já tinha visto uma pintura de um índio guerreiro norte-americano com listras no rosto. Eu pedi ao meu maquiador Joel Harlow, que é um gênio, para me ajudar a montar algo. Então, nós fizemos a maquiagem e eu pedi ao fotógrafo Peter Mountain que tirasse umas fotos. E todos ficaram empolgados, inclusive eu, e depois eu procurei Gore (Verbinski), para que ele dirigisse o filme.
No geral, o visual de Tonto ficou parecido com a primeira imagem que você criou, inspirada na pintura do guerreiro?
 Sim, é exatamente isso, apesar de eu não ter o guarda-roupa à época, eu estava sem camisa e com coisas penduradas em mim. Naquelas primeiras fotos a maquiagem é a mesma. A única coisa que Joel mudou foi que ele adicionou textura à tinta branca para que ela ficasse mais parecida com barro, tipo argila, que foi colocada no rosto dele.
E o pássaro em cima da cabeça de Tonto? De onde veio?
 Na pintura o guerreiro tinha listras no rosto, e elas eram ligeiramente diferentes das que usamos em Tonto, mas ele tinha listras no rosto e o que me atraiu em relação àquela imagem foi que era como se víssemos quatro seções do homem dissecado e na pintura, logo atrás dele, havia um corvo voando e, à primeira vista, eu achei que o corvo estivesse na cabeça dele. Não estava, mas eu achei que a melhor coisa a fazer era pegar um pássaro morto e colocá-lo na minha cabeça como meu guia espiritual. Diga-se de passagem, todo mundo deveria experimentar - é realmente algo (risos). Mas foi isso - o pássaro se tornou seu guia espiritual.
É tudo parte do processo de construir o personagem?
 É. Quando você começa a trocar sua pele pela do personagem, especialmente com Tonto, você constrói o personagem. Era importante ver que esse homem passou por muita coisa.
Quanto tempo levava para ser maquiado?
 Eu passava umas duas horas por dia na maquiagem. Às vezes eu decidia fazê-la em casa para economizar um tempo de manhã (risos). Não era nada confortável e ficava engraçado, mas eu acho que valeu a pena.
Eu me lembro que você falou sobre como Jack Sparrow chegou totalmente formado para você. Parece que foi a mesma coisa com Tonto?
 Ele estava bem perto de estar totalmente formado. E depois que você começa a mexer com as ideias, a fazer desenhos e coisas do gênero, as ideias aparecem da mesma forma que elas surgem quando se está no set - há outros detalhes que você pode acrescentar a uma cena ou a um momento divertido que acontece no dia. Mas, sim, ele estava bem ali.
Você assistia a "O Cavaleiro Solitário" quando criança?
Assistia sim. Eu me lembro de assistir a "O Cavaleiro Solitário" - e era só uma das coisas a que se assistia com frequência na televisão na infância. Eu assistia ao programa e sempre me identifiquei com Tonto. E mesmo quando criança eu ficava me perguntando por que o índio era o assistente. E não é que o Cavaleiro Solitário seja claramente desrespeitoso na forma como tratava Tonto, mas eu apenas pensava, 'por que é ele quem tem que fazer isso ou aquilo? Por que ele não é o herói?' Então isso era algo que estava sempre na minha cabeça. E me disseram, quando eu era bem pequeno, que tínhamos sangue índio na família… quem sabe o quanto - talvez muito pouco, eu não sei, apesar de a minha bisavó materna ter bem aquele visual com tranças e tudo mais. Ela era uma mulher linda, maravilhosa e viveu até os 102 anos e mascou tabaco até o dia em que morreu. Ela era uma mulher incrível.
Qual era o nome dela?
O nome dela era Mae Sloan. 
Foi ela quem te contou sobre sua linhagem? 
Foi. Nós ouvimos algo sobre o assunto na infância, então acho que a partir disso eu quis saber mais sobre os índios americanos e também quis descobrir o máximo que pudesse sobre nossos ancestrais. E você assiste a filmes de caubói e os índios são sempre retratados como selvagens, como os bandidos, o que não me parecia correto. Então, quando eu brincava de caubói e índio aos cinco, seis anos de idade, eu queria ser o índio. E agora, todos esses anos depois, eu interpreto o Tonto, o que é ótimo. E a única forma de fazê-lo, por mim e pelos índios norte-americanos, era interpretar Tonto com muita dignidade e integridade e, ao mesmo tempo, muito senso de humor com relação ao homem branco e todas as coisas que eles fazem. Essa é a minha pequena homenagem a eles. Foi a minha forma de tentar retribuir e compensar a forma como eles foram maltratados no cinema ao longo dos anos.
Há uma bela simetria no fato de você interpretar dessa forma, não é?

Sim, eu espero que sim. Eu não assisti ao filme, mas sei o que fiz e conheço Gore e desde a nossa primeira reunião de roteiro com Justin Haythe [corroteirista] a principal coisa era "será que estamos sendo corretos com os índios? Estamos fazendo isso direito? Não vamos cometer nenhum erro aqui." Para mim, a ideia era retribuir a eles.
Sua criação de Tonto é bem diferente das retratações que vimos antes no programa de TV. Podia nos falar sobre como fez sua versão de Tonto ser relevante hoje em dia?
 Para mim é relevante porque desde que o cinema existe os índios norte-americanos são tratados muito mal por Hollywood, em sua maioria. Então, o que eu quis fazer foi interpretar o personagem não como um assistente do Cavaleiro Solitário. Eu quis interpretá-lo com um guerreiro e como um homem com muita integridade e dignidade. É uma pequena contribuição para tentar corrigir o que foi feito de errado no passado.
De certa forma, "O Cavaleiro Solitário" é um filme de parceiros e era essencial que você e Armie Hammer se conectassem na tela. E como isso funcionou?
Armie é fantástico. Acima de tudo, Armie é um cara ótimo, ele é muito inteligente, muito rápido e sagaz e tem um supertalento. Ele se comprometeu a interpretar o Cavaleiro Solitário como um 'homem branco' sério e ingênuo - e isso está totalmente certo. Armie é um promissor jovem ator e se parece com um astro de filme clássico e - a melhor parte - ele tem habilidade para fazer isso. Então ele se comprometeu por inteiro ao papel - ele o interpretou com perfeição, inseriu humor e não quis retratá-lo como um cara legal. Eu achei um sonho trabalhar com ele e acho que encontrei um ótimo amigo em Armie.
Na sua opinião, com o que Gore contribui que o torna um excelente colaborador?
É preciso ter esse grau de confiança com alguém com quem se trabalha nesse nível. E, para mim, isso realmente é definitivo. E não é algo que se consegue facilmente, é preciso conquistar e conquistar. Eu tive muita sorte de ganhar a confiança desses caras, que eu descreveria como grandes amigos e grandes professores - mentores, na realidade - de Hunter S. Thompson, Marlon Brando e Bruce Robinson a Tim e Gore. Você forma essas ligações especiais em que você simplesmente se conecta, e pega pouquíssimos ingredientes e transforma em algo que nunca foi feito. Quando estou em reuniões de roteiro com Gore, nós começamos a ter desavenças e de repente nos vemos numa situação realmente interessante e que se torna um fator importante para o filme. Porque nós nos conhecemos tão bem ele consegue adivinhar em que direção eu vou seguir. Eu lanço algo só para ver qual vai ser a reação dele (risos).
Eu sei que você já praticou montaria mas precisou se preparar especificamente para este papel?
 Um pouco. Já montei antes em alguns filmes e sempre me saí muito bem. Eu não me dou mal com cavalos. E o acidente foi uma daquelas coisas - acontece.
 O que significou para você ser adotado na nação comanche?
Foi uma imensa honra que me foi concedida. Foi incrível. Eu jamais poderia ter sonhado que algo assim poderia acontecer comigo e eles foram tão maravilhosos e agora eu tenho uma nova família. Essa mulher, Ladonna (Harris) é meu par, como eles dizem em comanche. Ela é meu par e minha mãe, e ela me chama de "filho". E quando eles te acolhem na nação, eles realmente te acolhem e aquele foi um ponto alto para mim.
Há uma relação nisso, considerando o que conversamos sobre seus ancestrais.
Há sim, e eu adoro isso. Eu ainda não acredito que eles me escolheram. A produção foi abençoada pelos comanches e navajos e nós fomos tratados tão incrivelmente [bem] por esses povos maravilhosos e generosos e nós acabamos tendo um relacionamento excelente com eles. LaDonna decidiu que queria me adotar na família dela e na nação comanche e provavelmente essa será para sempre a maior honra que já me concederam.

Enviado por Gláucia Zachariadhes, Atendimento Disney, de  Selma Santos Produções e Eventos

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