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segunda-feira, 1 de julho de 2013

"Chegou a hora de restaurar a ordem democrática para que o futuro seja virtuoso"



Por Reinaldo Azevedo
Caminhoneiros bloqueiam rodovias em seis estados - três delas em São Paulo. É certo que as reivindicações fazem ao menos sentido. Algumas delas, quem sabe todas!, são até justas. Mas o caminho mais curto, sem trocadilho, é bloquear as estradas? "Ah, se não for assim, ninguém nos ouve!" Bem, meus caros, então estamos no pior dos mundos. Imaginem se cada um, agora, for impor a sua vontade na marra.
O Brasil é um celeiro de politicólogos, não é? Nunca antes na história destepaiz houve tantos especialistas na crise da democracia representativa, dos partidos políticos, dos políticos, da casa da mãe joana - ou da mãe Dilmona… Sou um pouquinho mais simples nessas coisas. Entendo que se investe na bagunça sempre que se criminaliza a ação das forças da ordem. "De qual ordem? Da ordem autoritária, fascista?" Não! Isso é conversa de aloprados. Eu me refiro à ordem democrática, o único regime em que nem tudo é possível porque nem tudo é justificável. Nas tiranias, tudo pode acontecer, seja para derrubar o regime, seja para sustentá-lo. Um ataque que poderia ser chamado "de resistência" num regime tirano mereceria, no mais das vezes, a designação de "terrorismo" numa ordem democrática. A questão, em suma, é indagar: com quais valores estamos lidando?
Há três ou quatro dias, os portugueses foram às ruas para protestar contra o governo, a crise, o desemprego, a falta de perspectivas etc. O roteiro do protesto foi previamente comunicado à polícia - e não porque questões sociais, naquele país, sejam matéria policial. É que, nas democracias, cabe a alguns a desagradável tarefa de dizer "não". A maioria, como sempre, fez a coisa certa. Mas um grupo tentou fechar uma autoestrada. Foi reprimido pela polícia, os autores foram identificados e processados pelo estado. Em duas semanas, a Justiça expedirá uma sentença. PORTUGAL E OS PORTUGUESES QUEREM SAIR DA CRISE. MAS PORTUGAL E OS PORTUGUESES NÃO QUEREM CAIR NA ANARQUIA.
Os que hoje justificam - à esquerda, à direita e ao centro - as interdições destrambelhadas de ruas, prédios públicos e estradas afirmando que "o povo acordou" apenas fazem má poesia. Acordou de quê? O Brasil, por acaso, dormia? Não me parece. Estávamos sob o domínio de alguma força estranha, de algum ente maligno, de alguma estranha potestade? Ora…
"Esse Reinaldo não percebe que isso tudo é contra o PT…" Caras e caros, não me interessa o triunfo de métodos petistas ainda que contra o petismo. De resto, o partido não é o único a sofrer as consequências desses dias meio destrambelhados. Eu reitero: é a democracia representativa que está sob ataque. Os brasileiros têm milhares de motivos para protestar e para cobrar providências das autoridades. Mas têm outros tantos milhares para preservar a ordem democrática - porque, afinal de contas, nós avançamos com ela.
Eu não me sinto em meio a um processo de insurreição revolucionária. As condições para isso não estão dadas - e não creio que se darão. Posso achar encantador que se tenha quebrado certo encanto com o petismo e coisa e tal, mas quero de volta o direito de ir e vir. Sem ele, estaremos sob a pior de todas as ditaduras, que é a desordem.
Sim, há pessoas ditas "libertárias", que se querem ultraliberais em economia, que estão encantadíssimas com o espírito das ruas. Também os ultraesquerdistas Vladimir Safatle e Marilena Chaui aplaudem algumas ações. Todos esperam, no fim das contas, se apropriar dessa narrativa para acenar com um futuro, escrever o presente a seu gosto e reescrever o passado. Dia desses, Pedro Abramovay - ex-secretário nacional de Justiça, petista de carteirinha que posa de independente, chefão no Brasil do site multinacional de petições Avaaz - também aplaudia esse novo momento de uma suposta democracia direta, sem mediação. No site que ele comada, só permanecem as petições que contam com o apoio da direção. "E no seu blog, Reinaldo? Os comentários que você considera inconvenientes são cortados…" São! Que fique claro: corto as ofensas e o petralhismo organizado. Há muita gente que discorda de mim e que colabora regularmente. Mas que se note: eu não apresento o meu blog como uma alternativa à democracia representativa. Eu escrevo sobre política, mas não tenho a ambição de substituir os políticos.
Ocupar estradas, ruas, prédios públicos, sem dar aos outros a chance de decidir se querem ou não participar de um protesto, por mais justo que ele seja, não atende aos fundamentos da democracia. E, portanto, tal ação jamais contará com o meu endosso.
A lei tem de prevalecer nesses casos porque é ela o dado permanente contra as variações de humor e de percepção da massa. Convenham: Dilma não fez nenhuma grande bobagem adicional, além das que já vinha fazendo, para que, em três semanas, a aprovação a seu governo caísse de 57% para 30%. As pessoas não estavam proibidas de dizer o que achavam, certo?
Há três semanas, o governador Geraldo Alckmin fazia uma gestão ótima ou boa para 52% dos paulistas - agora, 40% dizem isso. O que mudou? "Ah, mudou o sentimento! O brasileiro ficou mais exigente!" Em 21 dias? Tudo isso, claro, tem de ser devidamente pensado e coisa e tal. Uma coisa é certa: sem o concurso da lei para que direitos sejam preservados - de sorte que outros possam ser reivindicados -, não vamos muito longe. A chance de que a resposta acabe sendo pior do que as variáveis que resultaram na equação é gigantesca.
A ordem democrática tem de ser restaurada para que a mobilização tenha um desdobramento virtuoso.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

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