Por Olavo de Carvalho
Um dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos de política: de um lado, a política "profissional" cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos; de outro, a política revolucionária, empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade e na introdução de mudanças estruturais irreversíveis.
Os "movimentos sociais", o adestramento de militantes dispostos a tudo, a ocupação de espaços não só na administração federal mas em todas as áreas estrategicamente vitais e, last not least, a conquista da hegemonia cultural estão entre os instrumentos da política revolucionária
Para o político "profissional" tais instrumentos são distantes e até incompreensíveis, tão obsessiva é a sua concentração na mera disputa de cargos eleitorais. As próximas eleições presidenciais vão opor, numa disputa desigual, as armas da política revolucionária às da política "profissional".
O político "profissional" tem a seu favor apenas os eleitores, que se manifestam uma vez a cada quatro anos e depois o esquecem ou passam a odiá-lo. O revolucionário tem a vasta militância organizada, devotada a uma luta diária e constante, pronta a matar e morrer por aquele que personifica as suas aspirações.
O político “profissional” usa os meios usuais de propaganda eleitoral, enquanto seus adversários dominam, de forma sistêmica, todos os meios disponíveis de ação sobre a sociedade.
Nas últimas décadas a expansão maciça da política revolucionária colocou os políticos "profissionais" numa posição de impotência quase absoluta, que reduz a praticamente nada as vantagens de uma eventual vitória nas eleições.
Se eleito, o Sr. Jose Serra terá de comandar uma máquina estatal dominada de alto a baixo pelos seus adversários, a começar pelos oito juízes lulistas do Supremo Tribunal Federal. O PT e seus partidos aliados comandam, além disso, uma rede de organizações militantes com alguns milhões de membros devotos, prontos a ocupar as ruas gritando slogans contra o novo presidente ao primeiro chamado de seus líderes.
Comandam também o operariado de todas as indústrias estratégicas e a rede de acampamentos do MST espalhados ao longo de todas as principais rodovias federais e estaduais: podem paralisar o país inteiro da noite para o dia. Reinam, ademais sobre um ambiente psicossocial inteiramente seduzido pelos seus estereótipos e palavras de ordem, a que nem mesmo seus mais enfezados inimigos ousam se opor frontalmente.
Somente a política revolucionária entende o que é o poder na sua acepção substantiva. O velho tipo do político "profissional" entende apenas a disputa de cargos, confunde o mandato legal com a posse efetiva do poder. Sem militância, sem ocupação de espaços, sem guerra cultural, não há domínio do poder. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul e entenderão o que estou dizendo: quando a oposição se vangloriou de ter "varrido o PT do Estado gaúcho" não percebeu que o expulsara somente de um cargo público.
Não vejo no horizonte o menor sinal de que os adeptos do Sr. José Serra tenham aprendido a lição: hipnotizados pela esperança da vitória eleitoral, não vêem que tudo o que estão querendo é colocar na presidência um homem isolado, sem apoio militante, escorado tão somente na força difusa e simbólica da "opinião pública" um homem que, à menor sombra de deslize, terá contra si o ódio da militância revolucionária explodindo nas ruas e será varrido do cenário político...
Há pelo menos vinte anos venho advertindo aos próceres antipetistas que o voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não garante ninguém no poder: o que garante é militância, é massa organizada, disposta a apoiar o eleito não só no breve instante do voto mas todos os dias e por todos os meios. Não desprezo as vitórias eleitorais, mas sei que, por si, elas nada decidem a longo prazo. E não vejo que, até agora, as forças de oposição tenham tomado consciência disso.
Um comentário:
Patrocinados pelo governo, é mole ter a UNE, o MST , inúmeras ONG's e muito mais, todos pagos com a grana pública. Se a candidata do homem vencesse, só faltaria terem a idéia imbecil de tirar as palavras "Ordem e Progresso" de nossa bandeira, acrescentando qualquer coissa vermelha, como a estrêla do PT(éca!!). Bom, Progresso...já não temos tido e a Ordem, vai depender de nós, em outubro e de nosso voto. Temos a escolha e não basta nos dizermos de oposição, temos que trabalhar com todos ao nosso redor, mostrar o que muitos não conseguem ver ou não tem esta oportunidade. Êles, estão fazendo isto, descaradamente, enganando os ingênuos, tornando-os seus reféns.
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