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segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Toda a Verdade Sobre a Transposição do Rio São Francisco"

Ex-ministro do Interior (1987-1990), ex-governador de Sergipe por três vezes (1983-1987, 1991-1994 e 2003-2006) e ex-prefeito de Aracaju (1974-1977), o engenheiro João Alves Filho estará em Feira de Santana nesta quarta-feira, 29, no Teatro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), às 20 horas, para palestra e lançamento do livro "Toda a Verdade Sobre a Transposição do Rio São Francisco", organizado por ele. A promoção é do Colégio Santo Antônio, com apoio da Rede Baiana de Ráio (RBR), Rádio Sociedade AM e Rádio Princesa FM.

O livro, como 254 páginas, organizado por João Alves, conta com a participação de vários colaboradores que dissertam acerca de dois eixos fundamentais. O primeiro deles dá conta dos “Aspectos Sobre a Viabilidade Técnica”, o segundo aborda os “Aspectos Jurídicos, Ecológicos e Socioeconômicos”. Os artigos expostos no livro contestam as diretrizes do projeto sustentado pelo Governo Federal.
João Alves é conhecido, nacionalmente, pela sua campanha contra a transposição do Velho Chico. Ele sustenta a luta contra a transposição defendendo a idéia de que a obra é muito dispendiosa, girando em torno de 15 bilhões, e não alcançaria resultados satisfatórios, pois somente 700 mil famílias seriam beneficiadas.
O ex-governador acredita que o livro traz à população o verdadeiro significado da transposição que, segundo ele, muita gente ainda não tem conhecimento sobre as conseqüências desta obra de governo.
O livro “Toda a Verdade Sobre a Transposição do Rio São Francisco” já foi lançado em São Paulo, Brasília, Aracaju, e em outras cidades por todo o país.
Prefácio
O prefácio do livro é da autoria do professor Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade MacKenzie , de São Paulo. Eis o texto:
Este talvez seja o mais importante livro já escrito sobre a transposição do Rio São Francisco. Editado pela Mauad, é trabalho de fôlego, no qual seus autores - notadamente o ex-governador João Alves Filho - mostram por que a transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional será um crime contra a natureza e contra o próprio rio, cognominado de "rio da unidade nacional".
João Alves Filho advoga a tese de que a transposição é uma obra cara – deve ficar em torno de 15 bilhões de reais – e vai levar água potável para apenas 700 mil residências. No grosso, as águas que rolarão em torno de 700 quilômetros por calhas expostas ao sol – e, portanto, á evaporação – vai servir basicamente para os produtores de camarão. Para o autor, o chamado Nordeste Setentrional é rico em águas, que estão no seu subsolo.
- Para que se tenha idéia da grandiosidade do volume de água do subsolo nordestino – escreve João Alves à página 34 – utilizando informações incontestáveis do Projeto Radam, feito pelo próprio governo federal, segundo dados oficiais publicados em 1995, existem 135 bilhões de m3 de água já armazenados, praticamente sem uso, já que é minimamente utilizada. Comparemos essa água com o Rio São Francisco, que, durante todo o ano, despeja, a partir da foz, o volume de água de 100 bilhões de m3. Traduzindo esse dado espantoso: o semi-árido nordestino tem, no seu subsolo, um gigantesco manancial de água potável, com a maioria localizada nos estados do Nordeste Setentrional, um volume de água acumulado praticamente intocado, equivalente a 35% a mais do que todo volume de água que o São Francisco despeja por ano no Oceano Atlântico! Chega a ser cômico, se não fosse trágico, que o presidente da República queira, intempestivamente, retirar de um rio moribundo água para uma região que tem uma fabulosa reserva hídrica, embora escondida do seu povo sofrido. Ademais, esse processo, gastando bilhões de dólares de um país cujo povo pobre tem imensas carências.
Computando-se os dados relacionados, os números dispensam comentários. Do riquíssimo subsolo do semi-árido nordestino se poderia retirar por ano, de forma segura, isto é, com recarga garantida pelas chuvas anuais, um volume de água correspondente a 27 bilhões de m3/ano, ou seja, 20% dos 135 bilhões de m3 acumulados no subsolo, sem prejudicar a perenidade do aqüífero. Simplificando, quase 14 vezes mais do que o volume máximo de água que poderia ser levada pela transposição. Sendo mais explicito, águas suficientes para garantir todo o abastecimento de 100% dos sertanejos que ainda não a têm, sobrando, ainda, uma imensidão de água capaz de permitir a implantação, em curto prazo, de centenas de milhares de hectares irrigados, o que geraria, imediatamente, mais de 1 milhão de empregos numa região onde impera o desemprego. Mesmo viabilizando tudo isso, ainda restaria uma montanha de água sem uso... Em seu texto, João Alves critica o fato de o governo central, dar preferência a projetos megalomaníacos que contrastam com a pobreza do Brasil real. Diz ele: "Ao longo da minha vida pública continuei teimosamente com minha "vocação de tatu", investindo principalmente, em obras embaixo do chão. Como governador de Sergipe, minha maior prioridade foi construir mais de 80% da maior rede de adutoras do Brasil, concentrada no menor Estado da federação. De igual modo, investimos maciçamente em obras de convivências com as secas e equacionamentos hídricos dos recursos locais, as quais promoveram enormes benefícios às populações das regiões semi-áridas, porém com o "defeito" de serem simples e de pouca visibilidade, realizadas através do projeto Chapéu de Couro".

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma pena que seja assim e, quem mais precisa das aguas do velho Chico, nao tenha capacidade p entender o que se passou e principalmente o que esta por vir. Muita grana gasta pra atender a poucos,enqto que com muito menos,mais familias seriam beneficiadas, sem a necessidade de arriscar a "saude" do S.Francisco.E J Alves, disse-o bem: O que ele fez, p um povo maciçamente ignorante(no sentido real da palavra) nao gera votos, infelizmente. Ainda devemos escutar muito desses "gastos",com certeza, qdo das campanhas eleit de 2010, vc vai ver!Mariana

PauloAfonso disse...

Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas vou encomendá-lo à editora o mais breve possível, pois desejo saber por que “a transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional será um crime contra a natureza e contra o próprio rio”.
Antes, porém, de ler o livro, vejo que os números estão causando alguma confusão. O Projeto Radam constatou que existem 135 bilhões de m3 de água armazenados no Nordeste. À primeira vista, trata-se de um número espantoso. Os autores do livro o comparam com a vazão do Rio São Francisco, que é de 1.850 m3/s, o que corresponde a 58 bilhões de m3/ano.
Teoricamente, seriam necessários mais de dois anos para que o Velho Chico conseguisse despejar no Atlântico um volume de água equivalente ao que existe no subsolo nordestino.
Ao invés de trabalharmos com números grandes, que causam confusão, vamos trabalhar com números pequenos, mais fáceis de entender. Seguiremos o exemplo dos hidrólogos que nunca dizem que choveram 100.000 m3 de água, mas que precipitaram, por exemplo, 40 mm. É muito mais fácil sabermos se choveu muito a partir de uma altura de precipitação que tentarmos imaginar a magnitude da chuva a partir do volume precipitado em dada região.
O Nordeste tem cerca de 1 milhão de km2, ou seja, 1 trilhão de m2. Se dividirmos o volume de água contido no subsolo nordestino pela área do Nordeste, teremos uma idéia da altura de água correspondente a esse volume. Fazendo a divisão, encontramos 0,135 m, ou seja, 135 mm de altura de água, valor irrisório se comparado às precipitações que podem ocorrer em um único dia na maior parte do país.
Portanto, repito, pretendo ler o livro, pois tenho a certeza de que, pelo gabarito dos autores, este deva ter sido apenas um lapso de quem talvez não esteja acostumado a lidar com números.