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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Números para análise

Na eleição de 1996, pela primeira vez disputando a Prefeitura, Colbert Martins Filho (então, pelo PPS) obteve 46.330 votos, ficando em quarto lugar, enquanto que José Neto (PT) teve 9.155 votos. Quatro anos depois, em 2000, a obtenção de 69.395 votos - o petista não disputou - e José Ronaldo de Carvalho (PFL) foi eleito prefeito com 126.230 votos. Em 2004, Colbert Filho (ainda no PPS) teve a votação de 47.721 eleitores, e José Neto ficou com 30.576 votos. José Ronaldo foi reeleito com 170.162 votos.
São números para serem analisados.

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.samuelcelestino.com.br/

LULA E A BAHIA

20/11/2007 00:00:00 /


Samuel Celestino

(Muitos anos atrás)



Publicado no Jornal "A Tarde", em 27 de janeiro de 2003

Lula e a Bahia deveriam viver uma relação de amor. E de gratidão. Afinal, o presidente obteve a maior votação em Salvador dentre as capitais – 89,39% dos votos válidos – e, no Estado, 65,69% também dos votos válidos. A “onda vermelha” – fenômeno nacional – aqui também foi mais acentuada e, como conseqüência, políticos tradicionais acabaram prejudicados: ou obtiveram votos aquém do esperado, ou chegaram mesmo a experimentar quebra de votação gerando perdas de mandatos.

Essa votação Lula deve, exclusivamente, à Bahia, ao seu eleitorado e não a grupos políticos, a chefes, a líderes ou a partidos, inclusive o seu. Assim posto, seria de se esperar que os baianos recebessem um melhor tratamento como uma espécie de reciprocidade. Não é isso, porém, o que se verifica, embora devamos continuar dando a ele um voto de confiança.

Antes da eleição, Luiz Inácio Lula da Silva volta e meia estava na Bahia. Participava dos eventos da terra ou vinha prestigiar amigos, por motivos variados.

Desde que assumiu a Presidência da República, não pisou os pés em Salvador. Aqui esteve apenas uma vez, mas não ultrapassou os limites da Base Aérea, onde o avião presidencial aterrissou e, dali, seguiu acompanhado de pequena comitiva para Feira de Santana, onde participou da inauguração de uma fábrica de pneus, de um grupo empresarial italiano. Em termos de Estado, desceu em Juazeiro onde cumpriu uma programação frustrante para quem esperava festejá-lo. A prefeitura do município é petista.

Em troca dos votos recebidos, a Bahia por enquanto nada recebeu. As obras do metrô de Salvador foram prejudicadas, paralisadas até, e, agora, seguem lentamente quando se esperava que, este ano, a primeira etapa do projeto de transporte pudesse ser inaugurada. Não o será e não se sabe quando.

A participação do estado no seu governo também é pequena. Agora, com a reforma, tornou-se menor. A reforma ministerial, frise-se, era necessária, mas é fato que a Bahia perdeu, embora Jaques Wagner não considere exatamente assim. Antes, contava com dois ministérios, o da Cultura, de Gilberto Gil, e o do Trabalho, com Jaques Wagner. Foi criada e está com Waldir Pires a Controladoria da União, com “status” de Ministério, que ganhou dimensão pelo trabalho realizado fiscalizando contas de prefeitos corruptos.

Essa visibilidade se deve ao próprio Waldir e ao excelente secretário que nomeou, o ex-prefeito de Salvador, ex-deputado estadual e federal, hoje juiz de direito em Brasília, Jorge Hage.

Tanto a Cultura quanto o Ministério do Trabalho não estão, ou não são considerados de primeira linha. Não são executivos, têm recursos reduzidos. Com a reforma, Wagner cedeu, por disciplina partidária e pelo seu entrosamento com o presidente, sua pasta a Berzoini, ex da Previdência Social, e foi para o Conselho Econômico e Social, criado por Lula. O Conselho estava com Tarso Genro, transferido para o Ministério da Educação. Genro não conseguiu dar-lhe projeção.

Gilberto Gil é um excelente ministro. Menos pela Cultura, quase sem verbas, mas porque transformou-se numa espécie de embaixador da cultura brasileira, graças ao seu desempenho e talentos musicais. Não fosse isso não teria dimensão, mas aonde chega, principalmente no exterior, é sucesso.

Com a reforma, Lula diminuiu a visibilidade do único candidato a governador que o PT tem, Jaques Wagner, a julgar pela sua performance na eleição passada. Wagner também não entende assim. Acha que estando próximo ao presidente pode encaminhar melhor as questões da Bahia e ser um interlocutor para assuntos diversificados. É preciso conferir, mas a primeira impressão é a de que, a não ser que consiga fazer mágica, não terá, como ministro do Conselho, os mesmos holofotes e a mesma mídia que tinha quando estava no Trabalho. Até porque preparava, de forma negociada, as reformas trabalhista e sindical, e a todo momento era chamado a explicá-las, bem como a política de geração de empregos. Essas reformas fatalmente o colocariam, antes de 2006, na ribalta da República.

Bem, a Bahia tem crédito com Lula. Ele tem débito. Por enquanto, está inadimplente.


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