Por Percival Puggina, transcrito do site Mídia Sem Máscara (midiasemmascara.org), em 21 de setembro:
Em todas as modernas democracias existe uma esquerda democrática e uma direita democrática que se revezam no exercício do poder. Essas sociedades estabeleceram um largo consenso sobre o valor das suas instituições e não se expõem ao risco de confiá-las aos extremistas totalitários. Nesses países, periodicamente, ao sabor das conjunturas, as políticas de curto prazo são confiadas a um dos lados do leque ideológico sem perda da continuidade e da normalidade. Sem saltos nem sobressaltos. Sem demasias nem arroubos populistas. Ou seja, sem nada daquilo que alimenta o claudicante carburador da política brasileira.
Abrindo um parêntesis. Os Estados Unidos são a única dessas democracias que adota um sistema político no qual o chefe de Estado acumula a chefia do governo e é eleito diretamente. Assim, à medida que a sociedade norte-americana foi se urbanizando e massificando, sumiram os estadistas e os Estados Unidos passaram a conviver com as péssimas conseqüências desse sistema, transformando o país num sorvedouro dos recursos mundiais, mediante um padrão de consumo social e de gasto público muito superior à riqueza lá gerada. A crise que, nestes dias, acendeu luzes vermelhas nos painéis da economia do planeta, tem causas no presidencialismo e não no capitalismo. Fechando o parêntesis.
Voltemos ao ponto. Como distinguir a esquerda democrática da esquerda não democrática, numa conjuntura como a brasileira, em que boa parte delas anda de mãos dadas? Qual o teste de laboratório, qual o reagente que podemos utilizar para classificar adequadamente uma e outra? O kit é bem simples e tem custo zero: basta saber o que dizem, em público, sobre Fidel Castro e Hugo Chávez. O teste é definitivo e exato. Mas tem que ser aplicado em público.
Na hora da aplicação do teste, seja no rádio, na tevê, ou no texto escrito, a esquerda não democrática sairá em explícita defesa de ambos, ou se disfarçará. Alegará realizações. Apontará avanços sociais. Denunciará os adversários. Desdobrar-se-á em explicações para o inexplicável. Noutras palavras: para ela, os fins, ainda que presentes apenas nos discursos, justificam os meios. Estará concluído o teste. Identificado o totalitarismo explícito. Já o totalitarismo disfarçado ficará meio constrangido. Ele sabe que não é fácil defender uma tirania como a instalada em Cuba ou o comportamento de Chávez para implantar o comunismo e seu domínio na Venezuela. Mas sabe, também, que a patrulha interna está atenta e que toda crítica aos dois líderes vai provocar conseqüências a quem as formular. Como sairá dessa sinuca? Prensada por ambos os lados, ela balbuciará alguma discreta restrição ao comportamento dos dois e, de imediato, pagará o indispensável pedágio, atacando com toda a energia Bush, o capitalismo, os nossos governos militares e por aí afora.
Acabou o teste. Portanto, se alguém quiser saber qual a importância política de Fidel e Chávez para o Brasil, saiba que ela está no fato de fornecerem este kit reagente capaz de distinguir os democratas dos totalitários explícitos ou enrustidos. Fidel e Chávez são o kit para diagnóstico dos falsos democratas.
Para eles, o que importa é o fim, mesmo que esse fim jamais tenha, na história, emergido uma polegada acima do nível dos discursos. O totalitário determinou os fins da política e os caminhos para chegar lá, custe o que custar. “Socialismo o muerte!” -, leve o tempo que levar, morram quantos precisarem morrer. Já para o democrata, a política é um processo desenvolvido sob regras que visam a preservar valores significativos e irrenunciáveis. O fim é o processo em si mesmo, e a sociedade, através dele, livremente, pela ação dos indivíduos, vai traçando seus caminhos.
Em todas as modernas democracias existe uma esquerda democrática e uma direita democrática que se revezam no exercício do poder. Essas sociedades estabeleceram um largo consenso sobre o valor das suas instituições e não se expõem ao risco de confiá-las aos extremistas totalitários. Nesses países, periodicamente, ao sabor das conjunturas, as políticas de curto prazo são confiadas a um dos lados do leque ideológico sem perda da continuidade e da normalidade. Sem saltos nem sobressaltos. Sem demasias nem arroubos populistas. Ou seja, sem nada daquilo que alimenta o claudicante carburador da política brasileira.
Abrindo um parêntesis. Os Estados Unidos são a única dessas democracias que adota um sistema político no qual o chefe de Estado acumula a chefia do governo e é eleito diretamente. Assim, à medida que a sociedade norte-americana foi se urbanizando e massificando, sumiram os estadistas e os Estados Unidos passaram a conviver com as péssimas conseqüências desse sistema, transformando o país num sorvedouro dos recursos mundiais, mediante um padrão de consumo social e de gasto público muito superior à riqueza lá gerada. A crise que, nestes dias, acendeu luzes vermelhas nos painéis da economia do planeta, tem causas no presidencialismo e não no capitalismo. Fechando o parêntesis.
Voltemos ao ponto. Como distinguir a esquerda democrática da esquerda não democrática, numa conjuntura como a brasileira, em que boa parte delas anda de mãos dadas? Qual o teste de laboratório, qual o reagente que podemos utilizar para classificar adequadamente uma e outra? O kit é bem simples e tem custo zero: basta saber o que dizem, em público, sobre Fidel Castro e Hugo Chávez. O teste é definitivo e exato. Mas tem que ser aplicado em público.
Na hora da aplicação do teste, seja no rádio, na tevê, ou no texto escrito, a esquerda não democrática sairá em explícita defesa de ambos, ou se disfarçará. Alegará realizações. Apontará avanços sociais. Denunciará os adversários. Desdobrar-se-á em explicações para o inexplicável. Noutras palavras: para ela, os fins, ainda que presentes apenas nos discursos, justificam os meios. Estará concluído o teste. Identificado o totalitarismo explícito. Já o totalitarismo disfarçado ficará meio constrangido. Ele sabe que não é fácil defender uma tirania como a instalada em Cuba ou o comportamento de Chávez para implantar o comunismo e seu domínio na Venezuela. Mas sabe, também, que a patrulha interna está atenta e que toda crítica aos dois líderes vai provocar conseqüências a quem as formular. Como sairá dessa sinuca? Prensada por ambos os lados, ela balbuciará alguma discreta restrição ao comportamento dos dois e, de imediato, pagará o indispensável pedágio, atacando com toda a energia Bush, o capitalismo, os nossos governos militares e por aí afora.
Acabou o teste. Portanto, se alguém quiser saber qual a importância política de Fidel e Chávez para o Brasil, saiba que ela está no fato de fornecerem este kit reagente capaz de distinguir os democratas dos totalitários explícitos ou enrustidos. Fidel e Chávez são o kit para diagnóstico dos falsos democratas.
Para eles, o que importa é o fim, mesmo que esse fim jamais tenha, na história, emergido uma polegada acima do nível dos discursos. O totalitário determinou os fins da política e os caminhos para chegar lá, custe o que custar. “Socialismo o muerte!” -, leve o tempo que levar, morram quantos precisarem morrer. Já para o democrata, a política é um processo desenvolvido sob regras que visam a preservar valores significativos e irrenunciáveis. O fim é o processo em si mesmo, e a sociedade, através dele, livremente, pela ação dos indivíduos, vai traçando seus caminhos.
Publicado antes pela revista Voto, edição de agosto.
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