Por Felipe Atxa, em 6 de setembro de 2007, transcrito do site Midia Sem Mascara (midiasemmascara.org):
Vamos imaginar que um advogado, ou engenheiro, casado, três filhos e 20 quilos acima do peso, perceba quando completa 50 anos de idade que jamais realizou um sonho de criança: ser ginasta olímpico. Apesar da aparente impossibilidade da situação, ele consegue fazer quatro ou cinco contatos importantes na confederação relativa ao esporte e, financiado por um polpudo subsídio público, inicia suas atividades tardias na modalidade, com chances de ser até indicado pelo país para representá-lo nas próximas eliminatórias olímpicas.
Pois bem: a analogia estapafúrdia serve redondamente para o Cinema Brasileiro. Para produzir um filme com dinheiro público, no Brasil, não é necessário trabalhar dentro de qualquer perspectiva lógica com relação à realidade - basta ter acesso a restrita rede de contatos com acesso às verbas públicas destinadas a esse fim. Essa rede é composta em 95% por políticos governistas em qualquer esfera, por burocratas de carreira (autênticos despachantes de luxo da classe) e pelos próprios cineastas, que se alternam entre ser jurados de comissões que distribuem verbas e ser contemplados por essas mesmas comissões em certames alternados – numa autêntica dança das cadeiras onde quem está dentro não sai e quem está fora não entra (a menos que o governo aumente, com o dinheiro dos contribuintes, o número de “cadeiras” disponíveis).
É dessa forma que o milionário Cinema Brasileiro, depositário de infinita credibilidade por parte da classe política e de dezenas de milhões de reais anuais a serem gastos segundo sua autodefinida conveniência, tem conseguido se superar na estranha e misteriosa arte de produzir alguns dos mais caros e ruins filmes feitos em todo o mundo - abacaxis genuinamente nacionais. Os filmes brasileiros, de modo geral, são tolerados apenas aqui dentro, onde a “crítica especializada” cumpre seu papel de doce subserviência. Lá fora, mesmo os maiores sucessos alardeados por aqui são apenas sucessos pequenos ou relativos quando comparados com similares de outras nacionalidades. Um exemplo é o megablockbuster esquerdista “Cidade de Deus” (o mais protegido e superestimado filme terceiro-mundista da História do Cinema, a ponto de conseguir a proeza de concorrer ao Oscar em duas edições seguidas e não ganhar nenhum), cujo faturamento mundial ($27,387,381) permanece muito inferior ao de outras produções estrangeiras similares, como “O Tigre e o Dragão” ($213,525,736) e “A Vida é Bela” ($229,163,264), apesar de todo o esforço e investimento feitos para que o mesmo pudesse se tornar um verdadeiro sucesso de bilheteria.
É especialmente por essas duas razões (a ausência de controle da distribuição de verbas estatais e a superproteção conferida pela mídia aos filmes e seus realizadores) que nosso cinema é pródigo em ultrapassar regularmente seus próprios limites de ruindade, como nas produções recentes “O Dono do Mar” e “Acredite! Um Espírito Baixou em Mim”, exemplos constrangedores de como o Cinema Brasileiro não pode ser levado a sério, quanto mais receber o punhado de dinheiro que se lhe destina sem cobrar nada em troca.
São esperados para breve, na corrida maluca para descobrir quem consegue mais dinheiro público e quem supera a ruindade dos filmes anteriores, em novas produções caras e cada vez mais desprezíveis do ponto de vista estético ou “cultural”, os novos competidores Bruna Surfistinha e Márcio Garcia, a ex-prostituta e o apresentador de gincanas na TV, dois fortes candidatos no show de “qualidade total” em que se transformou o lamentável Cinema Nacional. Bastam alguns telefonemas para as pessoas certas e você também pode entrar nessa. É o bolsa-abacaxi de todos os governos: alguém fica com a parte boa, enquanto todos nós nos contentamos com as cascas.
Vamos imaginar que um advogado, ou engenheiro, casado, três filhos e 20 quilos acima do peso, perceba quando completa 50 anos de idade que jamais realizou um sonho de criança: ser ginasta olímpico. Apesar da aparente impossibilidade da situação, ele consegue fazer quatro ou cinco contatos importantes na confederação relativa ao esporte e, financiado por um polpudo subsídio público, inicia suas atividades tardias na modalidade, com chances de ser até indicado pelo país para representá-lo nas próximas eliminatórias olímpicas.
Pois bem: a analogia estapafúrdia serve redondamente para o Cinema Brasileiro. Para produzir um filme com dinheiro público, no Brasil, não é necessário trabalhar dentro de qualquer perspectiva lógica com relação à realidade - basta ter acesso a restrita rede de contatos com acesso às verbas públicas destinadas a esse fim. Essa rede é composta em 95% por políticos governistas em qualquer esfera, por burocratas de carreira (autênticos despachantes de luxo da classe) e pelos próprios cineastas, que se alternam entre ser jurados de comissões que distribuem verbas e ser contemplados por essas mesmas comissões em certames alternados – numa autêntica dança das cadeiras onde quem está dentro não sai e quem está fora não entra (a menos que o governo aumente, com o dinheiro dos contribuintes, o número de “cadeiras” disponíveis).
É dessa forma que o milionário Cinema Brasileiro, depositário de infinita credibilidade por parte da classe política e de dezenas de milhões de reais anuais a serem gastos segundo sua autodefinida conveniência, tem conseguido se superar na estranha e misteriosa arte de produzir alguns dos mais caros e ruins filmes feitos em todo o mundo - abacaxis genuinamente nacionais. Os filmes brasileiros, de modo geral, são tolerados apenas aqui dentro, onde a “crítica especializada” cumpre seu papel de doce subserviência. Lá fora, mesmo os maiores sucessos alardeados por aqui são apenas sucessos pequenos ou relativos quando comparados com similares de outras nacionalidades. Um exemplo é o megablockbuster esquerdista “Cidade de Deus” (o mais protegido e superestimado filme terceiro-mundista da História do Cinema, a ponto de conseguir a proeza de concorrer ao Oscar em duas edições seguidas e não ganhar nenhum), cujo faturamento mundial ($27,387,381) permanece muito inferior ao de outras produções estrangeiras similares, como “O Tigre e o Dragão” ($213,525,736) e “A Vida é Bela” ($229,163,264), apesar de todo o esforço e investimento feitos para que o mesmo pudesse se tornar um verdadeiro sucesso de bilheteria.
É especialmente por essas duas razões (a ausência de controle da distribuição de verbas estatais e a superproteção conferida pela mídia aos filmes e seus realizadores) que nosso cinema é pródigo em ultrapassar regularmente seus próprios limites de ruindade, como nas produções recentes “O Dono do Mar” e “Acredite! Um Espírito Baixou em Mim”, exemplos constrangedores de como o Cinema Brasileiro não pode ser levado a sério, quanto mais receber o punhado de dinheiro que se lhe destina sem cobrar nada em troca.
São esperados para breve, na corrida maluca para descobrir quem consegue mais dinheiro público e quem supera a ruindade dos filmes anteriores, em novas produções caras e cada vez mais desprezíveis do ponto de vista estético ou “cultural”, os novos competidores Bruna Surfistinha e Márcio Garcia, a ex-prostituta e o apresentador de gincanas na TV, dois fortes candidatos no show de “qualidade total” em que se transformou o lamentável Cinema Nacional. Bastam alguns telefonemas para as pessoas certas e você também pode entrar nessa. É o bolsa-abacaxi de todos os governos: alguém fica com a parte boa, enquanto todos nós nos contentamos com as cascas.
Um comentário:
Este ano em Feira já foram exibidos dois exemplares deprimentes do cinema brasileiro: "O Cheiro do Ralo" e "Saneamento Básico - O Filme", que se inserem no bolsa-abacaxi, mesmo incensados pela crítica amiga.
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