(Transcrito do Blog Reinaldo Azevedo)
A crise aérea brasileira tem o seu Baile da Ilha Fiscal. Vocês sabem, né? É aquele em que monarquia brasileira dançava minueto, enquanto a República era proclamada. Virou sinônimo de alienação da elite brasileira. Leiam trecho da reportagem de Expedito Filho, no Estadão deste domingo:
O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, pediu desculpas, mas não foi. Ficou preso em Brasília por causa do apagão aéreo e não pôde comparecer à importante reunião marcada para a noite de sexta-feira em Salvador, que colocou na mesma mesa - ou, ao menos, em mesas muito próximas em um salão da capital baiana - dirigentes da Anac e da Infraero e executivos da Varig, da BRA e da Gol. Mas Zuanazzi se fez representar: enquanto as pistas dos aeroportos permaneciam vazias por causa da greve dos controladores de vôo, obrigando 18 mil passageiros a se amontoar nos saguões de embarque e aguardar deitados uma solução para a maior crise da história da aviação no Brasil, a diretora Denise Abreu e o secretário-geral da entidade, Henrique Gabriel, participavam do encontro no restaurante Trapiche Adelaide, onde 600 convidados ocupavam a pista com passos animados de axé, se acotovelando apenas para pegar mais um copo de uísque e celebrar o casamento da filha de Leur Lomanto, também diretor da Anac, e do sobrinho de Luiz Henrique, governador de Santa Catarina. Visivelmente tensa, Denise tentava reorganizar o caos aéreo a partir da porta da igreja. “Os vôos internacionais são prioritários. Os nossos aviões não podem ficar parados no exterior”, dizia por celular a um interlocutor. “Somente depois disso cuidaremos dos vôos domésticos.” Ela relaxou apenas, durante a festa, quando a greve havia sido debelada e a diretora pôde circular pelo salão em seu vestido dourado, mandando sinais de paz aos aeroportos do País com a fumaça de um charuto Dona Flor.
Um comentário:
E logo na nossa Bahia, em sua capital, que acontece uma coisa dessa.
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