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Quarta-feira, 17, às 18h30 e 19 horas

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Colisão atômica

 







Fotos: Impulsos de mise-en-scène na composição do filme "Revoada"

Por José Umberto

O cinema é mais esconderijo do que revelação. O invisível quase preenche a abertura do quadrilátero da tela. Já o filme, por figurar sombras, protagoniza o ilusionismo do real. Enquanto isso o espectador está defronte de uma mágica sedutora, do jogo infantil do esconde-esconde.
Dei total liberdade aos atores, às atrizes bem como à equipe técnica para a construção do filme
"R e v o a d a".
Porém, não confundir liberdade com autonomia criativa, absoluta.
A criação é explosão e implosão coetâneas de fantasia, pensamento e praxis. Decorrem assim a metamorfose em curso permanente, a sua ambiguidade e as suas incertezas. Essa inconstância promove a tensão do estado inesgotável de crise.
O ator ou a atriz, em particular, estão ali criando a partir da concepção de mise-en-scène elaborada pela direção. As incursões desses intérpretes, oriundos da raiz do teatro, dependem por excelência da metteur-en-scène em sua atuação cênica poética.
O intérprete porta a camada visível, na tela, porém encobre o elo da cadeia de um processo de nuances invisíveis que compõem as cenas, num filme de ficção.
O diretor sendo o maestro dessa orquestração fílmica.
Estamos diante de um conjunto de elementos da criação artística: portanto, avante de uma linguagem específica.
Uma língua audiovisual que se sustenta no tempo e no espaço simultâneos, através do estilo narrativo do diretor ou autor. Ele rege a quadratura (in)visível da tela decomposta em camadas ou pulsões criadoras que, no conjunto, dispõe o ritmo da obra. O cinema vislumbra uma colcha de retalhos: sua respiração jorra de pedaços.
E esses fragmentos ordenam o mundo.
Um mundo decomposto, desconjuntado, caótico, partido. E essas antíteses ganham sentido na arte da montagem por atração ou por elipse. É ela que opera o prodígio da síntese. Uma vez que os pedações tomam forma de unidade. Nasce assim a composição cinematográfica pelo reajuste do emaranhado, conglomerado ou constelações que se afirmam como totem. Que se alinha do caos ao ordenamento. Que aplica o silêncio, a música e redimensiona os ruídos, que aplaca o vazio com o desordenamento do excesso, que faz o elo do visível ao encantado, que se dispõe a paralisar ou congelar o movimento, que se abre à invenção, que disponibiliza o onírico na vigília, decide a ocupação dos corpos e investiga os deslocamentos do espírito. A arte de prestidigitação da matéria em sintonia com a tradução possível do imemorial.
As escolhas vão compondo as constelações que configuram o conglomerado pictórico no seu desejo de totalização. A reunião desse composto eclético se projeta na quimera do equilíbrio. E na formalização de uma unidade. Sendo, na sua origem cosmogônica [quase esquecida ou sonambúlica), um todo multifacetado.
A leitura de um filme ocorre pela encarnação explícita e pela compressão do oculto implícito. Essa ocupação compacta do quadrilátero da tela se desdobra na conexão de códigos linguísticos articulados na decupagem. Trata-se da encenação de um olhar e das escolhas de um ouvir cujo fluxo sugere o sintoma de um estilo. Pressupõe um estilo plástico delicado e complexo. Constitui-se uma babel em construção.
José Umberto é cineasta

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