Por Percival Puggina
Dedicado ao que habitualmente faço, ou seja, a
observar a cena política nacional, percebi que o presidente da República está
no meio de um fogo cerrado desencadeado pelo conjunto de forças que a ele se
opõem. Vem bala de todo lado. Ocorreu-me então que identificar as origens
desses ataques poderia organizar as estratégias de defesa muitas vezes difíceis
de hierarquizar quando são simultâneos. Foi assim que cheguei a esta lista dos
10 principais inimigos do governo Bolsonaro. São eles:
1 - Os eleitores de Haddad, Ciro
Gomes, Marina Silva, Guilherme Boulos e demais candidatos pela esquerda
derrotados em 2018.
2 - Os estatistas. Compõem um conjunto
muito poderoso de pessoas, habituadas a viver à sombra do Estado. São
competentes, normalmente ascenderam às suas posições mediante concurso público,
têm uma vida confortável e segura à qual se habituaram. Há em torno de si um
grupo bem mais numeroso de servidores que participam de benefícios análogos. A
maioria dessas pessoas não quer nem ouvir falar em cortes de verbas,
dificuldades fiscais, contigenciamentos e outros termos igualmente incômodos.
3 - As muitas seitas do movimento comunista
atuantes nas novas formas de luta de classe introduzidas no país durante as
últimas décadas. Buscaram prerrogativas e direitos especiais e os querem
proteger de um presidente que sempre se opôs a isso.
4 - A visão de mundo que domina as posições do
STF. A expressão "visão de mundo" aparece repetidas vezes nas manifestações
de muitos senhores ministros. Eles consideram que el color del cristal con
que miran é o único certo. Nenhum deles é conservador ou liberal. Sua
manifesta visão de mundo torna-se, pelo poder que detêm, um dos maiores
problemas do país.
5 - O aparelhamento político do Estado.
Sucessivos governos de esquerda permitiram um generalizado, profundo e manhoso
aparelhamento da burocracia nacional. Essa máquina, que inclui toda a
Administração, penetrada pela influência política ao longo de décadas, usa
contra o governo, à exaustão, os instrumentos públicos de que dispõe.
6 - Os partidos de esquerda com atuação no
Congresso Nacional, a saber: PT, Psol, PCdoB, PDT, PSB e Rede e o Clube dos
Corruptos. O grupo não tem representação parlamentar suficiente para parar o
governo, mas tem votos e prerrogativas regimentais para atrapalhá-lo. Em muitos
casos, partidos de esquerda agem em parceria com o Centrão e com parte da
direita no Clube dos Corruptos, dedicados a legislar em causa própria,
chantagear o governo e extorquir o Erário. Com raras exceções, são inimigos da
Lava Jato e da Lava Toga.
7 - O jornalismo militante que, de modo
individual ou coletivo, com determinação editorial ou não, faz do combate ao
governo o eixo de sua atividade cotidiana. De momento, está em grupos da mídia
o principal agente opositor, substituindo os partidos, aos quais falta
credibilidade para a tarefa.
8 - A miríade de organismos que orbitam e
parasitam a esquerda e a ela, direta ou indiretamente prestam serviço.
Refiro-me, entre outros, à OAB, à CNBB e suas pastorais, aos sindicatos e suas
centrais.
9 - O movimento comunista internacional. É
ativa e vigorosa a solidariedade que entretêm com seus parceiros daqui, através
de instituições e organizações, periódicos e, em especial, de entidades que,
muito seletivamente, atuam no campo dos direitos humanos. Passam longe de Cuba,
Venezuela e Nicarágua e vêm cá contar o número de bandidos mortos em confronto
com a polícia.
10 - O ambiente cultural e acadêmico. Ambos
perderam poder, receita, e olham o futuro com insegurança. Sempre foram bem
sucedidos e bem remunerados agentes da hegemonia esquerdista.
Diante desse cenário podemos, em contrapartida,
construir a lista dos apoiadores, que incluirá, certamente, setores do
empresariado, igrejas evangélicas, o governo norte-americano e cidadãos de
pensamento liberal e/ou conservador que foram eleitores de Bolsonaro em 2018,
tendo feito, então, uma opção por mudança. É contra tal segmento demográfico,
numeroso e disperso que se voltam, igualmente, os ataques dos inimigos do
governo. Nas últimas semanas não tem faltado articulistas, colunistas e
comentaristas disparando contra esses cidadãos, visando a seu constrangimento.
Deles se diz serem agentes de um apoio cego,
irracional e acrítico. Em outras palavras, se você não preserva sua isenção no
cume de um rochedo inatingível como mosteiro medieval, você é um idiota
robotizado. Noutra leitura dos mesmos fatos, deve-se presumir que quem ataca o presidente
e seu governo faz uma oposição lúcida, iluminada e iluminista, sincera e veraz,
sublime nas intenções e nos métodos.
A ideia desses movimentos táticos é impor a
retração da base popular de apoio ao governo. Usam com esse intuito uma falsa
coerção moral, uma fake reason que desconhece a natureza da política. Se
prosperasse a ideia, o governo e seu presidente, em meio a tanto chumbo grosso,
perderiam sua mais consistente sustentação política. Não é hora de soltar a
ponta da corda. É hora de redobrar energias. O Brasil está sendo atacado e
precisa.
Percival
Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas
de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo", "Cuba, a
Tragédia da Utopia", "Pombas e Gaviões", "A Tomada do Brasil". Integrante do
grupo Pensar+.
Fonte: http://www.puggina.org
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