Por Tarso Teixeira
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) lançou mais uma Campanha da Fraternidade para marcar o tempo da
Quaresma - os 40 dias de contrição e reflexão que antecedem a Paixão de Cristo
e a Páscoa de sua ressurreição.
Uma vez mais, a liderança episcopal do maior
rebanho católico do mundo opta por abrir mão da espiritualidade e usar a
ocasião para propor um discurso com fortes tonalidades ideológicas.
Neste ano,
o tema fala de "Biomas Brasileiros e Defesa da Vida". De saída, a
canção-tema saúda a "Mãe Terra", algo estranho para quem achava que a
mãe dos católicos era Maria Santíssima, e não o mito pagão da "Pachamama",
de uma terra que, para o ensino católico, não é mãe, mas criação que precisa
ser domesticada para o progresso humano.
Não no entendimento do documento desta
Quaresma, que elege o agronegócio (sempre ele) como o principal vilão da
preservação dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Pantanal, Cerrado,
Mata Atlântica e Pampa, além de chancelar o discurso do aquecimento global - já
devidamente censurado até pela Pontifícia Academia de Ciências de Roma.
O
Brasil que emerge das páginas do texto-base da campanha é uma tragédia verde:
os pampas "engolidos" pela monocultura do arroz, soja e floresta
(ora, mas se são três itens, não pode ser "mono", certo?), e a
Amazônia devastada pela pecuária, dentre outros mitos. Apenas 16% da Amazônia
Legal é ocupada por propriedades rurais. Na Caatinga, a área preservada é de
63,3%; 51,5%, no Cerrado; 86,7%, no Pantanal; 27%, na Mata Atlântica; e 41,3%,
no bioma Pampa.
O Brasil utiliza 418 milhões de hectares para a produção rural,
contra 447 milhões da Austrália e mais de 900 milhões de hectares nos Estados
Unidos. Embora afirme compromisso pelos pobres, é justamente contra eles que a
CNBB se levanta a cada ataque ao agronegócio, porque é este setor que ainda
cresce em meio a uma economia cambaleante, que permite a geração de empregos em
escala crescente e transformou o País em um dos campeões mundiais de produção
de alimentos. E isso, fazendo uso de apenas 8% do território nacional.
Tarso Teixeira é presidente do
Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul
Fonte: "Jornal do Comércio"
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