O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pediu 40 milhões de dólares à Odebrecht em troca da aprovação de um
financiamento bilionário para obras de interesse da companhia em Angola. Quem
faz a afirmação é Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da empreiteira. Em
depoimento ao juiz Sérgio Moro, ele contou que, entre 2009 e 2010, foi
procurado por Paulo Bernardo, então ministro do Planejamento, que em nome de
Lula, que àquela altura era presidente da República, disse que o governo
poderia aprovar o financiamento de 1 bilhão de dólares desde que a empresa
pagasse os 40 milhões.
"Nós tínhamos interesse, era
exportação de bens e serviços, nos tínhamos fechado vários contratos em Angola
e que só demandavam essa linha de crédito para fazer exportação de bens e
serviços. Quando veio essa negociação, de 1 bilhão, como sempre a gente fazia,
a gente tentou mostrar com embasamento técnico que ali era importante […] Nunca
tinha tido uma solicitação até porque era uma coisa legítima. Já no caso
específico dessa negociação, 2009 e 2010, até acho [que era] porque estava se
aproximando a eleição, veio o pedido solicitado para mim por Paulo Bernardo na
época, que veio por indicação do presidente Lula, para que a gente desse uma
contribuição de 40 milhões de dólares e eles estariam fazendo a aprovação de
uma linha [de crédito] de 1 bilhão de dólares", disse o ex-presidente da
Odebrecht.
Como o dinheiro teria origem em
negócios em Angola, Odebrecht conseguiu com a cúpula petista descontar 10% do
valor, referentes ao custo da operação para transferir a cifra para o Brasil.
Convertido ao câmbio da época, ao fim e ao cabo o repasse foi de 64 milhões de reais. O valor foi
creditado diretamente na conta paralela que o PT mantinha junto à Odebrecht - e
que era gerenciada pessoalmente por Marcelo Odebrecht. Uma parte desses
recursos, como revelou o próprio empreiteiro, foi usada para pagar despesas de
Lula.
É a primeira vez que vem a público um testemunho em que Marcelo Odebrecht afirma,
com clareza, que o ex-presidente pediu dinheiro para abastecer a chamada conta
da propina do PT - da qual ele próprio foi beneficiário, segundo o empreiteiro.
A conta registrou créditos de mais
de 200 milhões de reais. Dela eram debitados repasses que a Odebrecht fazia ao
partido e a seus dirigentes, de acordo com a necessidade. A Moro, Marcelo
Odebrecht deixou claro que os créditos, invariavelmente, vinham de propinas
negociadas com a cúpula petista.
Além do valor pago em troca da
liberação do financiamento de 1 bilhão que bancaria contratos da empresa em
Angola, Odebrecht conta
que um outro aporte, de 50 milhões, veio de um pedido feito pessoalmente a ele
pelo então ministro Guido Mantega. O valor foi liberado em troca de uma medida
provisória editada pelo governo petista que beneficiou a Braskem, braço
petroquímico do Grupo Odebrecht.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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