Por Aninha Franco em Trilhas
O Brasil surgiu como uma empresa para enriquecer Portugal, mas isso já devia
ter se resolvido. Verdade que nossa ruptura com Portugal foi praticada por um
português e que a nossa República foi um golpe militar. Como sei pouco da
história do período, ignoro se foi um golpe civil e militar, como o de 1964,
com o argumento de enfrentar a corrupção, mas que apenas substituiu os senhores
dalém mar pelos senhores da terra. O Povo sustentou, sem tréguas, os três
poderes republicanos, a Corte Imperial e a Colonial. E sustenta esta República,
agora, um circo trágico cômico, em borbulhas com o vazamento da primeira – de
77 – delação da Odebrecht, comprometendo quase todos os poderes, e a delação
dos Odebrecht, Pai e Filho, confirmando aquilo que os lúcidos já sabiam: que
Lula é o cara desse último balaio de gatunos que no Brasil se sucedem como as
ondas no mar.
Agora está difícil sustentar o discurso de não sei, não vi, não tô sabendo e não meti a mão na cumbuca porque a mão está presa na cumbuca dos empreiteiros que parecem, pelas delações, os patrões dos políticos que recebem dinheiro para se eleger e entregam a condução real do país aos doadores. A impressão é que os empreiteiros governaram o Brasil nos últimos anos (?), pagaram a Lula em dinheiro vivo, e presentearam Jaques Wagner com relógios que ele confessa que ganhou, mas não usou, assim como Bezerra da Silva apertou, mas não acendeu e Clinton fumou, mas não tragou.
Nas 24 horas da delação relojoeira da Odebrecht e da resposta espetacular de Wagner, o jornalista Lauro Jardim (O Globo) lembrou que o ex-governador é tão atraído por relógios caros que perde a compostura de estadista. E cita que no livro "Entre a glória e a vergonha - memórias de um consultor de crise", Mario Rosa escreveu que viu Wagner, governador eleito da Bahia, ao lado de Geddel Vieira Lima e de Sandro Rosell, num restaurante em Barcelona, receber o relógio que Sandro usava. Que Wagner elogiou o relógio, Sandro tirou o relógio do braço e entregou a Wagner. Wagner aceitou o presente e abraçou Sandro. Será que esse relógio ele ainda usa? Lendo e comentando no Facebook o amor de Wagner pelos relógios, o escritor Antonio Risério observou que o ex-governador roubou o tempo da Bahia. E eu acrescento que além de parar os ponteiros do relógio do Estado em 2007, o ex-governador voltou os ponteiros por uns 30 anos.
Se rimos de alguma coisa nesta semana, rimos dos codinomes da corrupção que sangra o País, codinomes que demonstram o grau de amizade e respeito entre empresários e políticos: Caranguejo, Todo Feio, Polo, Leitão, Boca Mole e o cruel Feia de Lídice da Mata.
O Supremo que há dez anos era um Poder Oculto, agora é um justice.pop, em pé de guerra entre si e com o Congresso, ambos se acusando de movidos por interesses pessoais. A delinqüência do Congresso é notória, mas o mesmo Ministro Luiz Fux que aplicou uma liminar para proteger as 10 Medidas Contra a Corrupção do Congresso devasso, há mais de dois anos garante auxílio-moradia de R$ 4.377,73 para todos os magistrados federais, mamata que o Senado acabou de embarreirar. Para divinizar a canalhice, lembremos que ontem, antes de sair para conversar coercitivamente com a PF sobre desvios nos royalties do petróleo (Operação Timóteo), o Pastor Silas Malafaia deu um bom dia piedoso ao seu rebanho.
Agora está difícil sustentar o discurso de não sei, não vi, não tô sabendo e não meti a mão na cumbuca porque a mão está presa na cumbuca dos empreiteiros que parecem, pelas delações, os patrões dos políticos que recebem dinheiro para se eleger e entregam a condução real do país aos doadores. A impressão é que os empreiteiros governaram o Brasil nos últimos anos (?), pagaram a Lula em dinheiro vivo, e presentearam Jaques Wagner com relógios que ele confessa que ganhou, mas não usou, assim como Bezerra da Silva apertou, mas não acendeu e Clinton fumou, mas não tragou.
Nas 24 horas da delação relojoeira da Odebrecht e da resposta espetacular de Wagner, o jornalista Lauro Jardim (O Globo) lembrou que o ex-governador é tão atraído por relógios caros que perde a compostura de estadista. E cita que no livro "Entre a glória e a vergonha - memórias de um consultor de crise", Mario Rosa escreveu que viu Wagner, governador eleito da Bahia, ao lado de Geddel Vieira Lima e de Sandro Rosell, num restaurante em Barcelona, receber o relógio que Sandro usava. Que Wagner elogiou o relógio, Sandro tirou o relógio do braço e entregou a Wagner. Wagner aceitou o presente e abraçou Sandro. Será que esse relógio ele ainda usa? Lendo e comentando no Facebook o amor de Wagner pelos relógios, o escritor Antonio Risério observou que o ex-governador roubou o tempo da Bahia. E eu acrescento que além de parar os ponteiros do relógio do Estado em 2007, o ex-governador voltou os ponteiros por uns 30 anos.
Se rimos de alguma coisa nesta semana, rimos dos codinomes da corrupção que sangra o País, codinomes que demonstram o grau de amizade e respeito entre empresários e políticos: Caranguejo, Todo Feio, Polo, Leitão, Boca Mole e o cruel Feia de Lídice da Mata.
O Supremo que há dez anos era um Poder Oculto, agora é um justice.pop, em pé de guerra entre si e com o Congresso, ambos se acusando de movidos por interesses pessoais. A delinqüência do Congresso é notória, mas o mesmo Ministro Luiz Fux que aplicou uma liminar para proteger as 10 Medidas Contra a Corrupção do Congresso devasso, há mais de dois anos garante auxílio-moradia de R$ 4.377,73 para todos os magistrados federais, mamata que o Senado acabou de embarreirar. Para divinizar a canalhice, lembremos que ontem, antes de sair para conversar coercitivamente com a PF sobre desvios nos royalties do petróleo (Operação Timóteo), o Pastor Silas Malafaia deu um bom dia piedoso ao seu rebanho.
Fonte: "Correio da Bahia", edição
deste sábado, 17
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