Por Cesar Maia
Os especialistas em comunicação, os cursos de telegenia que se
multiplicaram com jornalistas e atores, os sociólogos de comunicação política,
textos e livros…, explicam que um mesmo conteúdo muda seu impacto conforme o
veículo e o público. Num palanque ou na tribuna de um parlamento, o discurso
deve ser enfático, incisivo, "soltando a voz nas estradas", forçando a
gesticulação, colocando alma no que diz e lastreando com feições, caras e bocas
relativas. É assim desde sempre.
Em grande medida, a comunicação política pelo Rádio segue essa lógica. Embora sem as feições, caras e bocas, e sem gesticulação, o político que comunica, fala e discursa pelo Rádio deve soltar a voz, deve adjetivar com ênfase e colocar alma no que diz. É assim desde os anos 30, quando o Rádio passou a ser o principal veículo de comunicação política.
Com a TV, o estilo de comunicação política muda. A voz deve ser escandida, as feições tranquilas, voz baixa para atrair a atenção, um leve sorriso indefinido como Blair, ou uma feição um pouco mais séria como Clinton, quando necessário, mas nunca de forma raivosa. A comunicação política pela TV com a mesma lógica do Rádio é um desastre, anula o conteúdo e gera reação negativa das pessoas que veem.
Como deve fazer um político na frente de um batalhão de gravadores e câmeras? Falar para o Rádio ou para a TV? Alegrar seus papagaios de pirata em volta? Depende de seu objetivo. Em geral, o aconselhável seria a preferência de falar para a TV pelo alcance que se consegue nos telejornais. Quando o político se esquece disso e fala pela lógica do Rádio, consegue, para o público maior, efeito contrário ao conteúdo que defende.
Nos últimos anos surgiu um problema adicional. Em casos de grande repercussão, os depoimentos, os discursos de tribuna, julgamentos no judiciário..., passam a ser transmitidos ao vivo, ou amplamente repetidos pelos noticiários de TV. O público que assiste ao vivo é muito reduzido. Por mais que o orador ou depoente impacte esse público, sua repercussão pública é mínima. A tendência geral - nesses casos - é priorizar a lógica do Rádio e do palanque nesses depoimentos e discursos. Pode até convencer o entorno, mas sem alcance ou - pior - com alcance negativo.
Dilma, desde a instalação da omissão de Impeachment, tem feito comícios para a TV no Palácio do Planalto. É o objetivo de seu publicitário. Os telejornais, preocupados com o equilíbrio na cobertura, repercutem. Mas, bisonhamente, Dilma tem usado a voz, as feições, a gesticulação, nessas reuniões-comício, como se o objetivo fosse aquele público e, assim, usado a lógica de palanque e do Rádio.
Nos 5 depoimentos na Comissão de Impeachment, os defensores e críticos do processo de impeachment de Dilma têm se preocupado com o público presente, os 65 deputados: "soltam a voz nas estradas". Isso é natural e esperado. Mas deveriam pensar que o conteúdo dos depoimentos não convence nenhum desses 65 deputados, todos com a cabeça feita. Dessa forma, a ênfase para a comissão não serve de nada. O mais importante são as reproduções nos telejornais.
Vendo e revendo cada um desses 5 depoimentos nos telejornais, especialmente o JN, de maior audiência, fica claro que o discurso do ministro José Eduardo Cardozo foi um desastre. De longe o pior de todos. Falou como se estivesse num palanque. Caras raivosas, ênfases nervosas, tom de voz agressivo. Conseguiu nos telejornais o contrário do que pretendia. Imagine-se as reproduções de uns trechos curtos e raivosas de seu depoimento nas Redes Sociais. Um desastre para Dilma. Se se tivesse um medidor simultâneo com o expectador marcando de 1 a 10 suas reações se teria quantificado o desastre.
Bem, para "não dizer que não falei de flores", há que se destacar quem se saiu melhor dentro da lógica da TV. Claro e de longe a jurista Janaina Paschoal. Independente do conteúdo, sua calma e tranquilidade e feições relativas foram convincentes e agradaram quem viu. Independente do conteúdo.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
Em grande medida, a comunicação política pelo Rádio segue essa lógica. Embora sem as feições, caras e bocas, e sem gesticulação, o político que comunica, fala e discursa pelo Rádio deve soltar a voz, deve adjetivar com ênfase e colocar alma no que diz. É assim desde os anos 30, quando o Rádio passou a ser o principal veículo de comunicação política.
Com a TV, o estilo de comunicação política muda. A voz deve ser escandida, as feições tranquilas, voz baixa para atrair a atenção, um leve sorriso indefinido como Blair, ou uma feição um pouco mais séria como Clinton, quando necessário, mas nunca de forma raivosa. A comunicação política pela TV com a mesma lógica do Rádio é um desastre, anula o conteúdo e gera reação negativa das pessoas que veem.
Como deve fazer um político na frente de um batalhão de gravadores e câmeras? Falar para o Rádio ou para a TV? Alegrar seus papagaios de pirata em volta? Depende de seu objetivo. Em geral, o aconselhável seria a preferência de falar para a TV pelo alcance que se consegue nos telejornais. Quando o político se esquece disso e fala pela lógica do Rádio, consegue, para o público maior, efeito contrário ao conteúdo que defende.
Nos últimos anos surgiu um problema adicional. Em casos de grande repercussão, os depoimentos, os discursos de tribuna, julgamentos no judiciário..., passam a ser transmitidos ao vivo, ou amplamente repetidos pelos noticiários de TV. O público que assiste ao vivo é muito reduzido. Por mais que o orador ou depoente impacte esse público, sua repercussão pública é mínima. A tendência geral - nesses casos - é priorizar a lógica do Rádio e do palanque nesses depoimentos e discursos. Pode até convencer o entorno, mas sem alcance ou - pior - com alcance negativo.
Dilma, desde a instalação da omissão de Impeachment, tem feito comícios para a TV no Palácio do Planalto. É o objetivo de seu publicitário. Os telejornais, preocupados com o equilíbrio na cobertura, repercutem. Mas, bisonhamente, Dilma tem usado a voz, as feições, a gesticulação, nessas reuniões-comício, como se o objetivo fosse aquele público e, assim, usado a lógica de palanque e do Rádio.
Nos 5 depoimentos na Comissão de Impeachment, os defensores e críticos do processo de impeachment de Dilma têm se preocupado com o público presente, os 65 deputados: "soltam a voz nas estradas". Isso é natural e esperado. Mas deveriam pensar que o conteúdo dos depoimentos não convence nenhum desses 65 deputados, todos com a cabeça feita. Dessa forma, a ênfase para a comissão não serve de nada. O mais importante são as reproduções nos telejornais.
Vendo e revendo cada um desses 5 depoimentos nos telejornais, especialmente o JN, de maior audiência, fica claro que o discurso do ministro José Eduardo Cardozo foi um desastre. De longe o pior de todos. Falou como se estivesse num palanque. Caras raivosas, ênfases nervosas, tom de voz agressivo. Conseguiu nos telejornais o contrário do que pretendia. Imagine-se as reproduções de uns trechos curtos e raivosas de seu depoimento nas Redes Sociais. Um desastre para Dilma. Se se tivesse um medidor simultâneo com o expectador marcando de 1 a 10 suas reações se teria quantificado o desastre.
Bem, para "não dizer que não falei de flores", há que se destacar quem se saiu melhor dentro da lógica da TV. Claro e de longe a jurista Janaina Paschoal. Independente do conteúdo, sua calma e tranquilidade e feições relativas foram convincentes e agradaram quem viu. Independente do conteúdo.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
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