Por Reinaldo Azevedo
Ah, Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014
está inconformado com o que considera passividade de seu partido. Ele até
redigiu uma carta aberta expressando esse seu inconformismo. Sim, claro, quer
que os responsáveis pela roubalheira sejam punidos. Afinal, vocês sabem, ele é
um homem honrado. Só não se conforma com o que considera a paralisia da legenda.
Erros? Ele até admite alguns. Mas não os que vocês possam
eventualmente estar pensado. O principal, segundo diz, é este: "Nunca na nossa
história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita
golpista e nunca estivemos tão paralisados". Onde estaria a direita golpista
brasileira? Certamente não são os empreiteiros, por exemplo. Boa parte está na
cadeia, incapaz de dar um golpe, não é mesmo?
Edinho cobra uma reação do
binômio PT/governo. Faz sentido. Ao longo de sua história, essa gente nunca
distinguiu o aparelho partidário da máquina do Estado. Para eles, tudo é uma
coisa só. Devem-se somar à equação também as entidades sindicais e os ditos
movimentos sociais - aqueles que aformam, em suma, a nova elite patrimonialista
brasileira. Como um aprendiz de Zé Dirceu, ele conclama: "É hora de pegarmos
nossa história nas mãos e irmos para a luta política". É o mesmo vocabulário.
Que coisa! A carta de Edinho
vem a público dois dias depois de Pedro Barusco ter dito na CPI que a
roubalheira institucionalizada na Petrobras começou mesmo em 2003, com a
chegada do PT ao poder, e que, em 2010, a campanha de Dilma recebeu R$ 300 mil
do esquema.
Edinho é um homem que enxerga
conspirações continentais. Ele indaga: "Achávamos que a elite brasileira,
insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria
ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República? (…) Achávamos
que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras
contra reformas estruturais, seriam benevolentes conosco?"
Como? Direita no continente?
Edinho deve achar que, sem o concurso de reacionários, o povo venezuelano não
estaria cobrando nem comida nem papel higiênico. A propósito: gostaria que este
senhor enviasse uma carta ao blog - também quero divulgar no meu programa de
rádio - revelando qual reforma estrutural o PT tentou fazer, malogrando em seu
intento por obra de reacionários…
Edinho Silva, Edinho Silva… Ah,
lembrei. Em seus manuscritos, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC,
ex-amigão de Lula e que está preso na PF de Curitiba desde novembro, registra: "Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema
criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma. Será que
falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?".
Pois é… Pessoa tentou fazer um
acordo de delação premiada, que não foi adiante. Estava disposto a contar que
doou R$ 30 milhões, pelo caixa dois, a campanhas eleitorais do PT, R$ 10
milhões dos quais teriam ido para a reeleição de Dilma. O tesoureiro era Edinho
Silva, o homem que quer fazer a guerra do "nós" contra "eles".
Definitivamente, Edinho é um
deles, não um de nós.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário