Por Jorge Magalhães
Você aí, meu bom operário, pai de
família ou dona de casa zelosa, que acorda às seis da matina para se preparar
para enfrentar o batente, que tem de se deslocar de casa para um ponto de
ônibus cujo horário de passagem é incerto; rezar para que o trânsito
esteja livre, sem engarrafamento, que as sinaleiras estejam todas abertas para
chegar na hora H e não receber o sermão do patrão por chegar mais uma vez
atrasado no trabalho, acha que a sua vida melhoraria com a opção de um
transporte livre destes inconvenientes?
E você, meu jovem ou minha jovem
estudante, depositários do futuro desta cidade, deste estado, deste país, que
também rala com a cara nos livros na esperança de um dia ser alguém, o que me
diz de contar com um transporte público moderno, com horário programado com a
precisão de uma central de computadores; que faça todo o trajeto até o ponto
mais próximo da sua escola numa via expressa, exclusiva para este modal, sem
nenhum obstáculo que venha a embargar a sua chegada à sala de aula, que tem a
nos falar sobre esta ideia?
Se você (a semelhança de usuários de
transportes públicos de várias capitais do Brasil, a exemplo de Curitiba, São
Paulo e Rio de Janeiro, além de algumas grandes metrópoles europeias que
copiaram esta excelente alternativa de transporte de massa) achar
que sim, que este é um projeto que vai melhorar a sua locomoção e facilitar a
sua vida, saiba que, mesmo com os bons resultados alcançados e já comprovados
nesses grandes centros mundo afora, em Feira de Santana, só em acreditar na sua
exequibilidade, você estará sendo tachado pelos profetas do Apocalipse,
simplesmente de “INOCENTE”.
Mas, se você tiver a coragem de
publicamente defendê-lo, como o faço nestas linhas, ganhará a inusitada alcunha
de “BAJULADOR”.
Tudo isto, meus caros, porque os abutres
e as aves de rapina, que se nutrem do ócio intelectual para construir a cizânia
entre as pessoas de boa fé não têm nenhum compromisso com as aspirações reais
da coletividade, com o seu PROGRESSO pessoal nem com o da sua cidade. Pena que
os esforços dessa gente hipócrita acabam encontrando eco, aqui e acolá, nos
ouvidos dos incautos, uma gente bem intencionada, mas que acabam se
transmutando em pobres diabos que se deixam transformar em miquinhos
amestrados por uma corrente boçal do pensamento citadino.
Esses sim, os verdadeiros inocentes
úteis da vigarice, da ignorância a serviço do atraso, do provincianismo
pernicioso e paralisante.
Aliás, propositadamente grifei
PROGRESSO com letras maiúsculas para assinalar que esta palavra,
calculadamente, provoca asco e náusea em certos segmentos dados à contemplação
da natureza e da sua perenidade, como se o mundo concreto das coisas, as
cidades, a complexidade econômica que as move, a necessidade da geração de
emprego e renda, tudo isso fosse possível dentro de um universo utópico de
indústrias sem chaminés, automóveis sem a emissão de gases poluentes,
urbanização e a manutenção incólume, absoluta do meio ambiente...
É claro que a avenida Getúlio Vargas
jamais será a mesma com a implantação do BRT, ninguém precisa consultar nenhum
oráculo saído das catacumbas do diversionismo para se chegar a esta conclusão.
Até porque, consta do projeto de implantação a construção de duas passagens de
nível entre as avenidas Getúlio Vargas e Maria Quitéria, o que deverá proporcionar
mais fluidez no trânsito nestas artérias importantes da cidade, sobretudo nos
horários de pico
Então, alguns parlapatões, com seus
discursos de fancaria, sem atinar para a indefectível lei do CUSTO/BENEFÍCIO,
reguladora do bom senso que a tudo rege, evocam as leis capitais para clamar
pela necessidade de manter a integridade dos mananciais botânicos da bela
avenida, como se o projeto original do BRT pretendesse desertificá-la.
As instâncias de governo envolvidas na
implantação do BRT, a exemplo da Secretaria de Planejamento, já fizeram uma
série de exposições públicas sobre o projeto e nenhuma dúvida ficou sem
resposta a quem questionou.
Pelo exposto, apenas uma pergunta paira
a no ar e insiste em não calar: o que move tanto inconformismo nos opositores
do BRT: DESINFORMAÇÃO OU MÁ FÉ?
Jorge Magalhães é jornalista
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