Por
Reinaldo Azevedo
Não
encontrei a explicação, mas deve ser boa, para Pedro Barusco chamar Renato
Duque, o petista que comandava a diretoria de Serviços da Petrobras, de
"My way". Para refrescar a memória, como se preciso fosse: em
depoimento prestado à Justiça Federal em novembro, Barusco afirmou que João
Vaccari Neto, tesoureiro do PT, deve ter amealhado em propina algo entre US$
150 milhões e US$ 200 milhões só na diretoria de Duque. O acusador, como
sabemos, fez acordo de delação premiada e aceitou devolver US$ 97 milhões.
Pois é.
Esse é o jeito deles: "their way". A música "My Way",
uma versão de Paul Anka, ganhou o mundo na voz daquele que era conhecido,
metonimicamente, como "A Voz": Frank Sinatra. A letra é eloquente e
poderia servir como uma crônica do, como direi?, "jeito" petista de
fazer as coisas.
Agora o
fim está próximo,
e eu
encaro a etapa final.
Meu
amigo, eu vou falar com clareza,
vou expor
meu caso. Tenho certeza
de que
vivi plenamente.
Percorri
cada uma e todas as estradas
e mais,
muito mais:
eu fiz
isso do meu jeito.
A música
original é do francês (nascido no Egito) Claude François. Não tem aquele tom,
digamos, existencialista da versão americana. Os franceses são mais dramáticos
e desesperados tanto no amor como na revolução. Vejam aí.
Eu desperto e a procuro,
Mas você
não acorda. Como de costume.
Eu
estendo o lençol sobre o seu corpo.
Temo que
você esteja com frio. Como de costume.
Minhas
mãos acariciam seu cabelo
sem que
eu perceba. Como de costume.
Mas você
me dá as costas.
Como de
costume.
Pois é,
meus caros. O fim do PT está próximo, como na versão celebrizada por Sinatra. O
partido começa a se defrontar com a sua própria história. É claro que não estou
aqui a anunciar a desaparição do Partido dos Trabalhadores. Eu anuncio aqui,
isto sim, a morte daquele "ente de razão" que tentou se organizar
como o imperativo categórico.
Eu
anuncio aqui a morte daquela legenda que ambicionou dominar todo o espectro
político, da extrema direita à extrema esquerda.
Eu
anuncio aqui a morte daquele partido que sonhou substituir a sociedade por um
aparelho burocrático.
Eu
anuncio aqui a morte daquele partido que ousou imaginar uma reforma política
que o eternizasse no poder.
Eu
anuncio aqui a morte daquele partido que planejava o "controle da
imprensa".
Eu
anuncio aqui a morte daquele partido que, enquanto acenava com a escatologia
socialista, conspirou para manter o empresariado debaixo do seu cabresto.
Eu
anuncio aqui a morte daquele partido que fez da trapaça, da mentira e do
estelionato eleitoral categorias de pensamento.
Eu
anuncio aqui a morte da sociedade sonhada pelos petralhas.
No fim de
"Comme d'habitude", o eu-lírico diz que, como de costume, ele se
deitará na cama com a parceira e até farão amor. Mas será tudo fingimento -
"como de costume".
A era do
fingimento acabou. O PT se organizou para golpear a democracia. Como de
costume. E estamos cansados disso.
O nosso
jeito é a democracia. E isso quer dizer que o PT não tem jeito. E chegou ao
fim.
Fonte:
"Blog Reinaldo Azevedo"
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