Por Ruth de Aquino
Quem não conheceu Chacrinha, o Velho
Guerreiro, talvez nunca tenha ouvido seu mote mais popular: "Quem não se
comunica se trumbica". Era um visionário. Ele só não previa que pessoas como a
nossa presidente, Dilma Rousseff, usassem a comunicação contra si mesmas.
Quanto mais a "guerreira" Dilma se comunica, mais se trumbica. Porque a
mentira, repetida ad eternum, é uma péssima arma de comunicação, um suicídio político. Não compensa a longo prazo.
"Você pode enganar
todo mundo por algum tempo; pode enganar alguns por todo o tempo; mas não pode
enganar todo mundo o tempo todo." A citação é atribuída a Abraham Lincoln,
ex-presidente dos EUA. Dilma descobriu isso a duras penas. Na Base do Planalto,
a guerreira foi treinada por Lula a enganar, a gritar bravatas, a prometer
fantasias. Mas a longa permanência do PT no Poder, aliada à determinação de
alguns juízes, no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público, fez ruir o
castelo de cartas marcadas.
"Reajam aos boatos,
travem a batalha da comunicação", disse Dilma a seus 39 ministros. "Não
permitam que a falsa versão se crie e se alastre", exigiu Dilma. "Sejam claros.
Sejam precisos e se façam entender" - tudo o que Dilma nunca faz. A presidente
se enfureceu com a comunicação dos R$ 88,6 bilhões em "ativos inflados" da
Petrobras. Uma expressão em economês que nada significa para a maioria da
população. Os discursos do governo têm estado coalhados de "tolicês
compliquês", dialeto criado para despistar a verdade.
Pesquisa rápida
revela tantas mentiras de Dilma sobre a Petrobras e sobre as contas públicas
que lhe falta credibilidade até junto a seus aliados. Eles vivem levando
bronca. Não sei quanto tempo Graça Foster suportará servir de para-raios para Dilma.
Eis algumas falas
da presidente "estarrecida" com a "difamação" contra a Petrobras.
"Estão querendo
entregar aos estrangeiros e privatizar o filé-mignon do país, o que havia antes
era carne de pescoço", sobre a história da Petrobras, em debate eleitoral em
2010.
"Está errado quando
alguns dizem que a Petrobras está perdendo valor e importância no Brasil.
Manipulam os dados, distorcem análises", em abril de 2014, em Pernambuco.
"A refinaria Abreu
e Lima é um investimento extraordinário", em abril de 2014. (A construção da
Abreu e Lima acaba de ser suspensa, assim como as obras das duas refinarias
Premium idealizadas por Lula no Ceará e no Maranhão.)
"Mais que uma
empresa, a Petrobras é um símbolo da afirmação do nosso país, e um dos maiores
patrimônios de cada um dos 200 milhões de brasileiros. Por isso, a Petrobras
jamais se confundirá com qualquer malfeito, corrupção ou qualquer ação indevida
de quaisquer pessoas, das mais às menos graduadas. Acreditamos na Petrobras,
acreditamos na Petrobras mil vezes", em abril de 2014.
"A Petrobras é a
pátria com as mãos sujas de óleo. (...) As vozes dos que querem diminuir a
importância da Petrobras se perderão mais uma vez no deserto. Serão enterradas
na imensidão dos mares", em julho de 2014.
"Utilizar qualquer
factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito
perigoso", em agosto de 2014.
"Eu farei todo o
meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós
queremos ele de volta. Se houve, não: houve, viu?", em outubro de 2014.
"Não dá para
demonizar todas as empreiteiras deste país. São grandes empresas e se a, b, c
ou d praticaram malfeitos, atos de corrupção, ou de corromper, eles pagarão por
isso", em Brisbane, Austrália, novembro de 2014.
"A Petrobras já
vinha passando por um vigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade
atual só faz reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobras, a mais
eficiente e rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve
no Brasil", na posse em janeiro de 2015.
"Temos muitos
motivos para preservar e defender a Petrobras de predadores internos e de seus
inimigos externos", na posse.
"Temos de
reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica para o Brasil e a que
mais contrata e investe no país", na semana passada, em reunião com o
megaministério.
Dilma acreditava
que "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade", frase atribuída a Joseph
Goebbels, o ministro de Propaganda de Adolf Hitler.
Hoje, o
desmoronamento da economia, os bilhões desviados da Petrobras, as mãos sujas de
corrupção de gente de seu partido, servidores, executivos e empreiteiros, tudo
isso sugere que a Propaganda de Dilma foi para o brejo, junto com o lento
operador do teleprompter e com a vaca que se engasgou de tanto tossir.
Quem viu a vaca
engasgada foi a ex-companheira Marta Suplicy. Ela e Dilma só compartilham hoje
dermatologista e cabeleireiro.
Fonte: Revista "Época", que está nas bancas
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