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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Oh, coitadinha da cultura de Feira de Santana. O governo petista continua mantendo fechado o Museu Regional de Arte

Auto-retrato de Raimundo de Oliveira não é visto há mais de três anos
Foto: Arquivo

O Museu Regional de Arte, órgão da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que tem em seu inventário obras que compõem um acervo que encanta pela qualidade, pelo valor histórico e lucidez dos que se lançaram na aventura de trazer para Feira de Santana no distante ano da de 1967, há 47 anos, tão significativo patrimônio, continua fechado.
O importante patrimônio não vem tendo a devida atenção da gestão petista.
O Museu Regional de Arte está fechado desde que o artista plástico e professor Gil Mário Menezes foi afastado da direção pela administração petista, depois de 16 anos de profícua e significativa atuação.
O espaço está artisticamente morto, sem nenhuma exposição realizada, sem nenhuma possibilidade de visitação ao rico acervo de obras. O Museu Regional de Arte está fechado há mais de dois anos.
Acervo 
No acervo original do Museu, 114 obras documentadas, incluindo a Coleção Inglesa.
Com inventário museológico, dentro de critérios técnicos, realizado na gestão do diretor Gil Mário Menezes, a identificação de 286 peças, incluindo as incorporadas e elencadas mais recentemente. O Museu é reconhecido pelo Conselho Internacional de Museus.
Referência para a cidade
Fundado em 26 de março de 1967, o Museu Regional de Feira de Santana, como era então denominado, influenciou várias gerações de artistas locais, transformando-se em uma referência para a cidade, sobretudo pela possibilidade de diálogo com a produção plástica do século XX.
A presença da vanguarda inglesa entre gibões e malas de couro (parte do acervo representava a cultura popular da região), embora pouco compreendida pela maioria, sempre foi motivo de orgulho para o feirense.
Em 1951, Feira de Santana conhecia a primeira exposição de Arte Moderna, organizada pelo intelectual Dival Pitombo e pelo artista Raimundo de Oliveira. No início de 1960, começava a descobrir trabalhos de artistas como Juraci Dórea, Aderbal Moura e Carlo Barbosa. A criação do Museu Regional o marco fundamental para colocar Feira de Santana no circuito das artes plásticas brasileiras. 
As coleções
Transferido para o Cuca em 1995, o equipamento passou a ser denominado Museu Regional de Arte, desmembrando o acervo - a parte regional foi para a Casa do Sertão, no campus da Uefs -, dedicado apenas às artes visuais.
O atual acervo do Museu - que há mais de três anos não pode ser visto, nem se tem conhecimento de como está sendo tratado - é composto de cinco coleções. A primeira reúne quase três dezenas de quadros dos mais representativos artistas plásticos ingleses do século XX. O conjunto, homogêneo e harmonioso, resultou dos contatos de Assis Chateaubriand na Inglaterra, onde foi embaixador. A segunda coleção é também dedicada à pintura, com trabalhos de artistas brasileiros de variadas tendências. Já a terceira é voltada para o desenho e a gravura. Pouco numerosa, mas não menos importante é a quarta coleção, dedicada à escultura. A quinta coleção, que estava em formação, é composta por artistas feirenses que se destacaram a partir de meados da década de 70, como é o caso de César Romero, Graça Ramos, Gil Mário, Pedro Roberto, dentre outros.
História
O Museu tem 46 anos de fundado. Foi inaugurado em 26 de março de 1967, como Museu Regional, com um acervo de cerca de 100 trabalhos, o Museu Regional de Arte desenvolveu seu papel com a participação de abnegados dirigentes.
Segundo o artista plástico Gil Mário, "existe uma grande polêmica sobre a criação do MRA e seus benfeitores. Acredito que duas versões se completam: a descrição do professor Joselito Falcão de Amorim (prefeito da época de sua inauguração) e remanescentes de intelectuais feirenses que antecederam a inauguração".
Ele conta que segundo o professor Amorim, "os esforços de Odorico Tavares, diretor dos Diários Associados na Bahia, de Alaor Coutinho, secretário da Educação e Cultura do Estado da Bahia e o apoio inconteste de Assis Chateaubriand, diretor proprietário dos Diários Associados, doando ou incentivando a doação de 80% do acervo primário desse Museu, além do governador Lomanto Junior, propiciaram essa realidade".
Diz mais que "Chateaubriand que voltava da Inglaterra onde exerceu a função de embaixador brasileiro veio com idéia de fundar museus no Nordeste, sua região de nascimento: chegou a realizar este sonho na Paraíba, em Campina Grande, criando o Museu Assis Chateaubriand, em Pernambuco criou o Museu de Arte Contemporânea na cidade de Olinda. Só faltava o de Feira de Santana na Bahia".
"Coordenados por Joselito Amorim que já tinha promulgado a Lei 516 de 06/01/1967 criando o setor de documentação (Arquivo Público Municipal), então era o momento do registro visual. Com isso, artistas e intelectuais como Jorge Amado, Wilson Lins, Godofredo Filho, o livreiro Dermeval Chaves, entre outros, envolveram-se nesse projeto", prossegue.
A outra versão, segundo Gil Mário, "tratava da idéia de um Museu que registrasse o 'Ciclo do Couro', período que Feira evoluía em função do comércio do gado e o artista era um mero artesão decorando e criando talhas, moringas, selas e arreios, redes, carros-de-bois, carroças, utensílios da casa de farinha entre muitos outros objetos da sobrevivência. Aí o defensor era Eurico Alves Boaventura um amante da cidade com todo seu envolvimento de entroncamento rodoviário e comercial do país. Daí a inclusão do nome 'Regional', ficando o acervo no prédio da antiga Escola Normal (de 1916), apenas as coleções de Arte Moderna, mais notadamente os movimentos da Semana de 1922 até os pós-modernistas baianos, artistas que representam nosso Estado até 2008".
Dival Pitombo foi o primeiro diretor até seu falecimento em 1989. Os gerentes de museu que sucederam Dival foram: Franklin Machado, Antônio Barreto, José Raymundo Rocha e Gil Mário Menezes, que foi curador até agosto de 2011. Atualmente, o diretor é o historiador Aldo José Morais Silva.
O Museu Regional de Arte tem exemplares dos principais movimentos culturais brasileiros desde 1922 até 2010, além da importante coleção inglesa.


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