Por Reinaldo Azevedo
O deputado petista André Vargas (PT-PR) renunciou, como vocês
podem ler abaixo, à Vice-Presidência da Câmara e do Congresso, mas ainda não ao
mandato. Posto de lado pelo próprio PT, que já sentiu o cheiro de carne
queimada, não tem mais por onde escapar. O próprio Lula o jogou na fogueira.
Ele que se explique. Como explicação não há…
Na carta de renúncia, afirma que está deixando o cargo na Mesa
Diretora da Câmara para se concentrar na sua defesa, já que, conforme o
esperado, o Conselho de Ética decidiu mesmo abrir um processo por quebra de
decoro parlamentar. O relator é o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas, que
relatou o caso José Dirceu, pedindo, então, a sua cassação. Também agora,
Delgado não deixa muita dúvida sobre o que vai fazer: "A gente tem muita prova
pública e notória. Vamos trabalhar no prazo de 90 dias, garantindo o amplo
direito de defesa ao deputado André Vargas, mas, a cada dia, surgem novos fatos
da relação com o doleiro. O fato de ele, na tribuna da Câmara, ter dito que a
relação era superficial compromete porque a gente agora sabe que é mais
profunda do que isso!" E como é!
O PT estava doido para Vargas renunciar - e já! Mas ele não quer
de jeito nenhum! Lá entre eles, apurou este blog, alega que tem muitos serviços
prestados ao partido - vai saber quais - e que não aceita o linchamento. Sim,
senhores! Vargas já afirmou que não aceita ser hostilizado pelos seus próprios
companheiros. Sabem-se lá quais são as histórias que só os frequentadores dos
subterrâneos do petismo conhecem.
Em sua carta, diz Vargas:
"Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando minha versão - a verdade - a respeito de tudo que vem sendo divulgado."
"Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando minha versão - a verdade - a respeito de tudo que vem sendo divulgado."
Não sei por que o petista precisa esperar tanto tempo. Quando o
doleiro Youssef lhe diz que um contrato do laboratório Labogen com o Ministério
da Saúde vai lhe render a "independência financeira", Vargas poderia nos
explicar que outro sentido tem essa expressão além de… independência
financeira. Quando o doleiro Yousseff diz que precisa "captar", e ele, Vargas,
promete entrar em ação, poderia nos revelar, desde já, captar o quê. Um doleiro
faz captação de quê? De borboletas? De advérbios? De prosopopeias?
Mais: foram-lhe dadas chances de explicar o aluguel do jatinho
feito pelo doleiro, que o levou e à família de férias para a Paraíba. O mimo
custou R$ 100 mil. Vargas preferiu contar o oposto da verdade para os
deputados. Isso costuma ser fatal mesmo para os elásticos padrões brasileiros.
Então por que esperar? Vejam só: se Vargas renuncia agora, dada a
Lei da Ficha Limpa, ele já está inelegível por oito anos a partir de 2015. A
punição só acaba em 2022 - ano em que ele ainda não poderá ser candidato a nada.
Pode tentar voltar à vida púbica, mantido o calendário atual, só em 2024, nas
eleições municipais. Caso seja cassado pela Câmara, que é o mais provável, a
punição é a mesma. Assim, parece que, entre chance nenhuma e uma chance remota,
ele escolheu a segunda hipótese - apesar da humilhação que representaria a
cassação.
Uma das estrelas em ascensão do petismo; o ilustre representante
da tropa-de-choque lulista no PT; o homem com fama de derrubar até ministra de Estado; o comandante-em-chefe espiritual dos blogs sujos a serviço do petismo
caiu em desgraça. E não foi em razão de nenhuma tramoia da oposição.
Quem está pisando em ovos é a senadora Gleisi Hoffmann,
pré-candidata do PT ao governo do Paraná. Vargas iria coordenar a sua campanha
e tinha o PT paranaense na palma da mão. Será que, na vida partidária
propriamente, eram outros os seus métodos? Em se tratando de PT, cabe uma outra
pergunta: Vargas atuava apenas em seu próprio nome? Não se esqueçam de que,
mesmo na cadeia, Yousseff recebeu um recado: tomar cuidado para não falar
demais e arrastar gente graúda.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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