Por Carlos Brickman
O roubo faz parte
do poder; um inglês famoso, lorde Acton, dizia já em 1887 que todo poder
corrompe. Rouba-se no Brasil desde quando o Brasil era colônia (D. João VI, ao
voltar para Portugal, esvaziou os cofres do país); roubou-se no mundo comunista
(Erich Honecker, o último líder da Alemanha Oriental, acumulou alguns bilhões
de dólares), rouba-se no mundo capitalista (Helmut Kohl, que liderou a
reunificação alemã, caiu por receber dólares, digamos, não contabilizados).
Rouba-se em
ditaduras e democracias. Faz parte.
O que não faz
parte, e que responde pelas grandes manifestações, é o deboche.
Nunca por aqui
alguém brigou pela corrupção dos outros. Mas quando um senador que teve de
renunciar para não ser cassado vira presidente do Senado, quando ministros
afastados por "malfeitos" voltam a circular no Governo, quando deputados
condenados à prisão por corrupção não apenas continuam exercendo o mandato como
vão para a Comissão de Constituição e Justiça, quando o Poder torna sigilosos
os gastos do cartão corporativo de uma servidora que se dizia grande amiga do
então presidente, aí é demais.
É juntar o roubo
ao escárnio.
É dizer "vou tomar
seu dinheiro e contar pra todo mundo que você é otário".
Mentir faz parte
do deboche.
Quando o ministro
da Fazenda diz que as contas batem graças a uma tal "contabilidade criativa",
está debochando. Na ditadura, acochambravam-se os índices (era a expressão da
época), mas negava-se a bandalheira.
Hoje a bandalheira
é afirmada, enfiada na cara do cidadão.
É abuso.
Fonte: Coluna de Carlos Brickman em vários jornais
Nenhum comentário:
Postar um comentário