Pela
primeira vez, o Governo Federal divulgou a lista dos 20 sites que mais
receberam verbas publicitárias na Internet brasileira em 2012. Os dados,
publicados pelo blog "Vi o Mundo", revelam que a audiência é o principal, mas
está longe de ser o único critério para a distribuição de recursos.
A
ministra Helena Chagas, responsável pela Secretaria de Comunicação
Social da Presidência, afirmou que seguiu o critério da audiência para a
alocação do dinheiro para publicidade das ações governamentais. A reportagem do
UOL cruzou o total de recursos distribuído pelo Governo com a audiência
medida pelo Ibope durante o ano passado. O resultado está na tabela abaixo, que
desmente esse argumento.
COMPARAÇÃO ENTRE VERBA DO GOVERNO E AUDIÊNCIA NA INTERNET
COMPARAÇÃO ENTRE VERBA DO GOVERNO E AUDIÊNCIA NA INTERNET
PORTAL/SITE
|
VERBA
PUBLICITÁRIA (2012)
|
MÉDIA
MENSAL DE AUDIÊNCIA (em page views)
|
Terra
|
R$
9.819.564,55
|
1.979.352.000
|
UOL
|
R$
9.734.216,46
|
4.612.599.000
|
MSN
|
R$
9.078.014,97
|
5.796.725.000
|
Globo.com
|
R$
7.752.803,12
|
3.027.912.000
|
IG
|
R$
5.738.331,76
|
1.872.384.000
|
Yahoo
|
R$
4.933.706,33
|
3.256.665.000
|
R7
|
R$
4.042.953,59
|
819.949.000
|
Facebook
|
R$
3.394.960,95
|
39.601.056.000
|
Viajeaqui
Online
|
R$
1.770.665,58
|
3.778.000
|
Estadão.com
|
R$
1.498.298,19
|
85.835.000
|
Casa.com
|
R$
1.375.235,67
|
15.586.000
|
EBand
|
R$
1.316.163,91
|
43.486.000
|
Google
|
R$
968.150,81
|
12.844.913.000
|
Carta
Maior
|
R$
830.132,92
|
808.000
|
Hotwords
|
R$
829.275,55
|
1.292.000
|
Folha
Online
|
R$
780.359,55
|
127.211.000
|
Conversa
Afiada
|
R$
628.806,14
|
4.038.000
|
Abril.com
|
R$
586.041,77
|
251.798.000
|
Bolsa
de Mulher
|
R$
580.377,38
|
11.405.000
|
Ópera
Mundi
|
R$
573.875,62
|
514.000
|
- Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e Ibope
Um
exemplo extremo é o Facebook, líder disparado de audiência no Brasil, mas que
está no oitavo lugar neste ranking da verba do governo, atrás do R7, mesmo
tendo 48 vezes mais páginas visitadas que o portal ligado à TV Record.
Por outro
lado, o portal Terra lidera a lista da verba estatal, mesmo estando em sétimo
no ranking feito com dados de audiência divulgada pelo Ibope.
"Nosso
interesse na audiência é levar a nossa mensagem a um número máximo de pessoas.
Até hoje não surgiu um critério mais eficiente em relação a esse objetivo
principal, que é dar acesso a todos os brasileiros a esta mensagem, do que o
critério da mídia técnica", afirmou Chagas em entrevista ao "Vi o
Mundo".
Em sua
argumentação, a ministra só abriu uma exceção, quando diz que o critério
regionalização é mais importante que a audiência. Um caso claro é o gasto com
carros de som ou em rádios pequenas para divulgar campanhas de saúde em cidades
distantes do Norte e Nordeste.
Mas um
critério político parece também desequilibrar a balança com o dinheiro estatal.
Páginas com viés ideológico de esquerda, como Carta Maior, Conversa Afiada e
Ópera Mundi (este, parceiro de conteúdo do UOL), foram agraciadas com um
dinheiro público que não corresponde a quantidade de pessoas que passam por seu
conteúdo.
A Carta
Maior, por exemplo, recebeu mais verba publicitária que a Folha, que tem 157
vezes mais páginas visitadas por mês. Já blog Conversa Afiada, que faz parte da
autodenominada "blogosfera progressista", ganhou mais em propaganda
estatal que o portal da Abril, que tem 62 vezes mais audiência que a página
comandada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim.
A
reportagem do UOL questionou a Secom sobre o assunto e recebeu a
seguinte resposta:
"A
audiência é, sim, o principal critério norteador da programação publicitária
para qualquer veículo de comunicação, incluindo sites e blogs, por parte
do governo federal, administração direta, indireta e estatais. A relação dos
veículos do meio Internet com os maiores valores planejados para as ações
publicitárias em 2012 segue este critério. Porém, esta lista pode também ser
influenciada pelas especificidades e necessidades de comunicação de cada órgão
do Governo Federal e do volume de recurso de cada órgão destinado às ações de
publicidade do meio internet, o que interfere no ranking final. Não se espera
de uma campanha destinada a estimular o aleitamento materno, por exemplo, o
mesmo perfil de veiculação de uma campanha de estatal destinada a promover um
tipo de óleo lubrificante.
Cabe
esclarecer que a Secom, desde 2008, torna disponíveis em seu site todos os
dados globais do planejamento dos investimentos de mídia publicitária (Fonte
IAP) do Governo Federal, por meio e por órgão da administração direta. A
partir da implantação da Lei do Acesso à Informação esse processo de divulgação
vem sendo aprofundado e detalhado. Devido à grande quantidade de veículos
e à necessidade de checagem e consolidação de dados, esse trabalho de
divulgação vem sendo feito gradativamente."
Fonte: noticiasuol.com.br
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