Por Reinaldo Azevedo
Extraio
o trecho abaixo de uma reportagem sobre a parada gay publicada no
Estadão Online, de autoria de Artur Rodrigues, Bárbara Ferreira e Bruno Paes
Manso. Volto em seguida.
(…)
A organização do evento estimou o público em 3 milhões de pessoas - 1,5 milhão a menos que em 2013. Como não há outra medição, esse número é sempre questionado. De capa, guarda-chuva - muitos com as cores do arco-íris - ou sem nenhuma proteção, quem participou do evento deste ano ouviu um discurso contundente de Daniela. "Se a gente não vai para a rua dizer que não quer certas pessoas na Comissão de Direitos Humanos (da Câmara), não vai tirar ele (Feliciano) de lá. A gente já tirou um presidente da República. Não é possível que o governo brasileiro continue mantendo pessoas que não nos representam", discursou no microfone.
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A organização do evento estimou o público em 3 milhões de pessoas - 1,5 milhão a menos que em 2013. Como não há outra medição, esse número é sempre questionado. De capa, guarda-chuva - muitos com as cores do arco-íris - ou sem nenhuma proteção, quem participou do evento deste ano ouviu um discurso contundente de Daniela. "Se a gente não vai para a rua dizer que não quer certas pessoas na Comissão de Direitos Humanos (da Câmara), não vai tirar ele (Feliciano) de lá. A gente já tirou um presidente da República. Não é possível que o governo brasileiro continue mantendo pessoas que não nos representam", discursou no microfone.
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Comento
O trecho em negrito não está na edição impressa. Vai ver o editor do papel lembrou na última hora que existe, sim, outra medição, esta é feita sem o chutômetro da PM ou o exagerômetro dos organizadores: a do Datafolha, que calcula a concentração de público com base em critérios científicos. Nem 3 milhões nem 1,5 milhão: apareceram na avenida 220 mil pessoas. Já é bastante gente. Não é preciso multiplicar o número por sete, 13 ou 27.
O trecho em negrito não está na edição impressa. Vai ver o editor do papel lembrou na última hora que existe, sim, outra medição, esta é feita sem o chutômetro da PM ou o exagerômetro dos organizadores: a do Datafolha, que calcula a concentração de público com base em critérios científicos. Nem 3 milhões nem 1,5 milhão: apareceram na avenida 220 mil pessoas. Já é bastante gente. Não é preciso multiplicar o número por sete, 13 ou 27.
A fala
mais encantadora é mesmo a de Daniela Mercury. Segundo a cantora, que desfilou
em São Paulo em nome da causa e dos R$ 120 mil que lhe foram doados pelo
governo da Bahia, "não é possível que o governo brasileiro continue mantendo
pessoas que não nos representam". Ela se referia ao deputado Marco Feliciano,
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Então
vamos ver. De quem Daniela está falando? Quem é este "nós"? Certamente
Feliciano, como deputado de uma parcela do eleitorado brasileiro, não
representa os que estavam na avenida. Como parlamentar, no entanto, ele é
membro do Poder Legislativo e tem, sim, a faculdade da representação - só que
foi eleito por pessoas com outros valores. Daniela deve achar ilegítimo, tanto
é que cobrou uma providência do… governo! A cantora, cujo lesbianismo foi
estatizado por Jaques Wagner, acha que o Poder Executivo pode - e deve! -
chegar na Câmara e dizer: "Este fica, aquele sai, aquele outro vai embora…".
A
cantora do axé vai fazer 48 anos em julho. Tem idade para saber a diferença
entre ditadura e democracia, entre público e privado, entre estatal e não
estatal, não é mesmo?
Frio?
Chuva? Os organizadores da parada devem estar se perguntando até agora por que
o evento micou no ano em que deveria ter sido um estouro, com a adesão maciça
da imprensa à causa e tendo Marco Feliciano como inimigo público nº 1. Vai ver
é porque virou uma festa do poder, tão contestadora quanto, sei lá, um desfile
de servidores públicos que saíssem às ruas exaltando a burocracia. O
sindicalismo gay nunca foi tão poderoso, certo? Não obstante, há muitos anos
não faz uma celebração tão fraca.
Acho
que é o caso de dar início a uma campanha em favor da desestatização de Daniela
Mercury! A propósito: diz ela que "Feliciano não nos (os) representa".
Certo! E ela própria? Representa, por acaso, o povo baiano para levar R$ 120
mil dos cofres públicos?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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