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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

70 anos sem Aloísio Resende

Aloisio Resende, na "Folha do Norte", 10 de janeiro de 1948, nº. 2009: 04
Foto: Reprodução

O exímio poeta que a terra esqueceu!
Poema de Helena Conserva
Feirense humilde, poeta genial!
Teu nome é alvo de glória à terra amada,
Tens confrades, irmãos do mesmo ideal,
Enaltecem tua poética jornada.
Os teus poemas fizeram-te imortal.
Bendita a tua musa iluminada,
Ante o fulgor do teu estro original,
Que honra a presente e a geração passada.
A poesia é bela e alenta o coração.
O vaidoso por si, não compreende,
Que o poeta ilustra e eleva uma nação.
A homenagem de afeto e de louvores,
Ao vate insigne, Aloisio Resende,
Troféu condigno aos vultos de valores.
Neste 12 de janeiro, dia de lembrar os 70 anos de morte do jornalista, poeta e boêmio Aloísio Resende (26.10.1900-12.01.1941). Sua contribuição para a literatura foi grande e tem sido tema de publicações acadêmicas, dissertações e livros. Por exemplo, seus poemas, dispersos em edições do jornal "Folha do Norte" da década de 40, estão reunidos no livro "Aloísio Resende, Dossiê e Análise Crítica", organizado pela professora Ana Angélica Vergne de Moraes, com a participação da professora Helena Conserva (Blog "Meus Livros e Artigos Publicados"), de onde o Blog Demais extraiu o que se segue:
1. Quando o bloco "Bacalhau na Vara", ainda existente, desfilou pela primeira vez, na Micareta de 1938, a segunda de Feira de Santana, também a atuação de Aloísio Resende na produção de marchinhas para os blocos "As Melindrosas", "Garotas em Folia", "Os Duvidosos" e "Amantes do Sol”. Essa produção está reunida no trabalho de Helder Alencar "31 Anos de Micareta".
2. A vocação para o jornalismo foi despertada muito cedo em Aloísio Resende. Isso fez com que ele viajasse pelo Nordeste trabalhando em jornais de Maceió-AL, São Luiz-MA, Recife-PE, além de Alagoinhas e Salvador, na Bahia, na redação do jornal "A Hora".
3. Em Salvador, reunia-se na praça da República com amigos poetas, a exemplo de Eupídio Bastos, Bráulio de Almeida, Alves Ribeiro, Ângelo da Costa e Nonato Marques que integravam o grupo chamado "Poetas da Baixinha", que difundia a sua poesia. Tratavam da "genialidade de um poeta baiano de Feira de Santana".
4. Quando entravam em contato com a obra ou com o autor, todos justificavam o entusiasmo que correspondia à expectativa. "Eera de fato impressionante a personalidade do poeta, o vigor de sua imaginação, a ousadia de suas criação e o apuro da forma artística dos seus versos", escreviam.
5. Aloísio Resende voltou à Feira de Santana e foi trabalhar na redação da "Folha do Norte", primeiro como revisor, conquistando a amizade de Arnold Silva, o proprietário do jornal, que o admirava por sua "genialidade criadora".
6. "Possuidor de um notório senso crítico primava pela perfeição e não entregava à publicação sem que antes tivesse retocado infinitas vezes, refazendo estrofes ou parágrafos inteiros. Versos alexandrinos, métricas perfeitas, rimas bem elaboradas no estilo parnasiano. Seu talento sobressaltava das páginas daquele jornal e passeava pelas ruas, de boca em boca. Apesar de não ter terminado os estudos, era uma inteligência fora do comum. De contra-partida, gostava de polemicas. Era satírico. Procurava erros de português nas produções para suscitar debates e criticas, atraindo inimizades.
7. Aloísio passou a descuidar da sua aparência, relapso no falar de antes, burilado. Encontrava-se sempre em rodas de conversas e polêmicas. Ganhou o apelido de "Zinho Faula". Era um viciado. Perambulava pelos subúrbios, corrompeu aos ideais, a linguagem, os costumes. Varava as noites nos bares, em terreiro, nos prostíbulos em farras. Madrugadas intermináveis. Escrevia poesia nas mesas dos bares e muitos, aproveitando a ocasião, roubava e publicava negando a autoria".
8. Albérico Benevides esteve em Feira no final de 1940 e lamentou o encontro com Aloísio. "Já não era mais o mesmo", escreveu, "senti que morria o embrião de um gigante. Uma força estranha, maior que ele, levava-o a fazer tudo, justamente ao contraria do que planejava".
9. Com a saúde debilitada pela tuberculose, ele morreu em 12 de janeiro de 1941, às sete horas, num dia de domingo. Seu médico foi Honorato Bonfim. O corpo foi recomendado na Igreja da Matriz (hoje, Catedral Metropolitana de Santana) e sepultado no Cemitério Piedade, às 16h30. À beira do túmulo foram proferidas palavras por Manoel da Costa Ferreira e Antônio Garcia.
Fogueira de São João
Aloísio Resende
Em frente à casa branca e simples da fazenda,
Arde, de manso, em festa, a fogueira bizarra.
Quer foguete ou balão sobre os montes ascenda,
Tiram moças a sorte. A viola zanguizarra
Num recanto da sala e chula a chula, emenda.
Rodam pares febris. Trescala a flor na jarra,
Tentam seios romper dos casacos a renda.
Ferindo o ar, um rojão raivoso ruge e estoira,
Rouco ressoa após, de quebrada em quebrada.
Mal desponta da aurora a luz bondosa e loira,
No terreiro deserto, onde, a cismar, me vejo,
Contemplando a fogueira, aos restos, apagada,
Fito as cinzas, talvez, do meu próprio desejo!
(Publicado na "Folha do Norte", em 8 de julho de 1939, n.º 1.565:1)

4 comentários:

José Carlos Rodrigues disse...

Só o Blog Demais para se lembrar de Aloísio Resende nesta data em que se completa 70 anos de sua morte.

Frei cal disse...

Lembrar da memória do grande poeta feirense Aloisio Resende é manter viva a história da cidade. É uma pena que da parte da Prefeitura não acontece nenhuma ação nesse sentido, parabéns ao Blog Demais.

Luzia Fonseca disse...

De fato, até agora às quase 21 horas e não vi nada nos blogs e sites de Feira de Santana sobre esse personagem da cidade, que até é nome de rua.

Unknown disse...

Pesquisando sobre Aloísio Resende encontrei este blog. Parabéns pela homenagem ao este jornalista feirense. Moro na rua Aloísio Resende, sou jornalista e tenho mais dois irmãos jornalistas. Gratidão por divulgar um pouco da história de Aloísio Resende, uma honra a nossa ancestralidade.